DINHEIRO - Como o sr. avalia os resultados do leilão de estradas que está acontecendo neste momento?
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA - É fantástico. Isso mostra que o Brasil mudou. Os investidores olham para o Brasil e enxergam um horizonte positivo no longo prazo, com crescimento da economia, risco baixo e estabilidade de preços. O sucesso desse leilão é uma prova inequívoca da confiança que o mundo deposita no futuro do Brasil.
Quando a ministra Dilma Rousseff adiou o leilão e reduziu a margem de lucro das futuras concessionárias, muita gente dizia que não haveria interessados. O que mudou?
No Brasil, existe muito o que eu chamo de plantonistas da derrota. É aquela gente que vive dizendo que nada nunca pode dar certo. Quando nós decidimos reduzir o preço dos pedágios, disseram que não haveria interessados e agora apareceram 30 empresas. O fato é que nós fizemos um processo de concessão muito bem planejado e criterioso. Melhor do que o governo anterior.
O sr. imaginava que as empresas ofereceriam deságios?
Agora, eu vou ter que ligar até para o Requião. Ele criou uma empresa ligada à Copel para entrar no nosso leilão de estradas e não conseguiu dar um preço menor que os espanhóis.
"O papel do empresário é investir. Ficar esperando a reunião do Copom para depois criticar a taxa Selic é ultrapassado"
O sr. pretende privatizar mais?
O que houve foi uma concessão. E, se outras estradas vierem a ser leilodas, isso será feito sempre com critério. nenhum lugar está escrito que o Brasil tem de mandar o minério de ferro bruto para a China em vez de exportar o produto acabado.
"O PAC está deslanchando. Hoje mesmo inaugurei uma obra em Goiás"
O sr. tem sentido dos empresários a disposição de investir mais?
Finalmente, isso está acontecendo. Algum tempo atrás, eu disse que oempresário brasileiro tinha de ter coragem e ousadia para investir. Sabe o que colocaram na primeira página dos jornais? A manchete: "Lula critica empresários." Mas isso mudou. Amanhã, o José Ermírio, da Votorantim, vem aqui. Acho que vai anunciar quatro ou cinco fábricas novas. Até porque está faltando cimento no País. É de investimentos queo Brasil precisa agora. Os empresários não podem esperar bater em 100% de capacidade para fazer uma nova fábrica. Eles têm que fazer isso quando a capacidade está em 80% ou 90%. E o papel do governo é agir com seriedade, com responsabilidade, mas também vender otimismo.
A tendência de ampliação de investimentos ocorre em todos setores?
Ainda não. No Brasil, ainda tem empresário, à frente de grandes entidades, que fica esperando os resultados da reunião do Comitê de Política Monetária para depois criticar a Selic. Essa postura está ultrapassada.
"O Brasil pode crescer mais e eu quero ouvir os empresários. Vou chamar todos no Planalto para saber quais são as sugestões"
O sr. está se referindo ao Paulo Skaf, presidente da Fiesp?
Isso. Mas também é preciso ver quem essas entidades de fato representam. Porque muitos dos grandes empresários brasileiros não estão lá. Estão tratando de ganhar dinheiro nas suas empresas. As entidades empresariais deveriam estar rodando o mundo e fazendo missões comerciais para vender produtos brasileiros.
O sr. mencionou a taxa Selic. Ela continuará caindo com esse pequeno recrudescimento da inflação?
Ela caiu muito no nosso governo, pode cair um pouco menos agora, mas o que importa é que o Brasil tem hoje um novo ambiente de estabilidade. E nós já deixamos claro que jamais vamos ceder no combate à inflação.
Juros menores poderiam ampliar ainda mais a oferta de crédito. Mas isso já está acontecendo. É só olhar para os resultados da indústria automobilística. O que está ocorrendo hoje é uma coisa que eu já imaginava desde os tempos de São Bernardo do Campo. Eu, como sindicalista, dizia aos representantes das montadoras: "No dia em que vocês colocarem uma prestação que caiba no bolso do trabalhador, vão vender como nunca." E agora isso está acontecendo, com prestações que vão até 80 meses.
Pode melhorar mais?
Pode, por exemplo, na indústria de caminhões. Nesse caso, é importante aumentar o prazo de financiamento para os caminhoneiros. Estou fazendo gestões nessa direção. Mas há um problema: o caminhão não pode ser dado em garantia porque é o bem de sustento do trabalhador. Temos de pensar numa alternativa. Com prazo maior, a venda de caminhões também vai bater recordes.
Mas muita gente ainda defende que o Brasil pode crescer mais. Talvez 7% ao ano, aproximando- se de países como Índia e China. O sr. concorda?
O Brasil não tem que ficar se comparando com a China e com a Índia, porque cada país tem suas peculiaridades e seu estágio de desenvolvimento. O importante é não querer dar um passo maior do que a perna. O que está acontecendo hoje no Brasil é um processo seguro de crescimento, que é fruto de muito esforço. Superamos décadas de estagnação.
Não é possível crescer mais?
É o que todos nós queremos. Eu estou convencido de que o Brasil vive hoje um momento muito singular, o que nos oferece uma oportunidade histórica. Por isso, eu quero ouvir os maiores empresários deste país. Já convoquei uma reunião com os 100 maiores marcada para o dia 24 de outubro. Depois, quero me reunir com os 50 maiores médios empresários. Em seguida, com os 50 maiores microempresários. E depois vou fazer reuniões por setores: os maiores da indústria, do agronegócio e assim por diante. Todos podem contribuir com as suas idéias.
No ABC eu já dizia que a prestação do carro tinha de caber no nosso bolso
Algum setor específico está na sua lista de prioridades?
Eu quero conversar com os empresários da área de papel e celulose. O Brasil tem que ser líder mundial nesse mercado por uma razão simples. Nós temos todas vantagens comparativas. Enquanto o nosso pínus e o nosso eucalipto podem ser cortados em 13 anos, na Europa isso acontece em 50 anos.
Dedicado a informar sobre politica, educação, historia, filosofia e religião
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Freirianismo ou Plagio?
O Método Laubach de alfabetização de adultos foi criado pelo missionário protestante norte-americano Frank Charles Laubach (1884-1970). Desenvolvido por Laubach nas Filipinas, em 1915, subseqüentemente foi utilizado com grande sucesso em toda a Ásia e em várias partes da América Latina, durante quase todo o século XX.
Em 1915, Frank Laubach (foto) fora enviado por uma missão religiosa à ilha de Mindanao, nas Filipinas, então sob o domínio norte-americano, desde o final da guerra EUA/Espanha. A dominação espanhola deixara à população filipina uma herança de analfabetismo total, bem como de ódio aos estrangeiros.
A população moura filipina era analfabeta, exceto os sacerdotes islamitas, que sabiam ler árabe e podiam ler o Alcorão. A língua maranao (falada pelos mouros) nunca fora escrita. Laubach enfrentava, nessa sua missão, um problema duplo: como criar uma língua escrita, e como ensinar essa escrita aos filipinos, para que esses pudessem ler a Bíblia. A existência de 17 dialetos distintos, naquele arquipélago, dificultava ainda mais a tarefa em meta.
Com o auxílio de um educador filipino, Donato Gália, Laubach adaptou o alfabeto inglês ao dialeto mouro. Em seguida adaptou um antigo método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras.
Utilizando essa metodologia, Laubach trabalhou por 30 anos nas Filipinas e em todo o sul da Ásia. Conseguiu alfabetizar 60% da população filipina, utilizando essa mesma metodologia. Nas Filipinas, e em toda a Ásia, um grupo de educadores, comandado pelo próprio Laubach, criou grafias para 225 línguas, até então não escritas. A leitura dessas línguas era lecionada pelo método de aprendizagem acima descrito. Nesse período de tempo, esse mesmo trabalho foi levado do sul da Ásia para a China, Egito, Síria, Turquia, África e até mesmo União Soviética. Maiores detalhes da vida e trabalho de Laubach podem ser lidos na Internet, no site Frank Laubach.
Na América Latina, o método Laubach foi primeiro introduzido no período da 2ª Guerra Mundial, quando o criador do mesmo se viu proibido de retornar à Ásia, por causa da guerra no Pacífico. No Brasil, este foi introduzido pelo próprio Laubach, em 1943, a pedido do governo brasileiro. Naquele ano, esse educador veio ao Brasil a fim de explicar sua metodologia, como já fizera em vários outros países latino-americanos.
Lembro-me bem dessa visita, pois, ainda que fosse muito jovem, cursando o terceiro ano Ginasial, todos nós estudantes sabíamos que o analfabetismo no Brasil ainda beirava a casa dos 76% - o que muito nos envergonhava - e que este era o maior empecilho ao desenvolvimento do país.
A visita de Laubach a Pernambuco causou grande repercussão nos meios estudantis. Ele ministrou inúmeras palestras nas escolas e faculdades – não havia ainda uma universidade em Pernambuco - e conduziu debates no Teatro Santa Isabel. Refiro-me apenas a Pernambuco e ao Recife, pois meus conhecimentos dos eventos naquela época não iam muito além do local onde residia.
Houve também farta distribuição de cartilhas do Método Laubach, em espanhol, pois a versão portuguesa ainda não estava pronta. Nessa época, a revista Seleções do Readers' Digest publicou um artigo sobre Laubach e seu método - muito lido e comentado por todos os brasileiros de então, que, em virtude da guerra, tinham aquela revista como único contato literário com o mundo exterior.
Naquele ano, de 1943, o Sr. Paulo Freire já era diretor do Sesi, de Pernambuco - assim ele afirma em sua autobiografia - encarregado dos programas de educação daquela entidade. No entanto, nessa mesma autobiografia, ele jamais confessa ter tomado conhecimento da visita do educador Laubach a Pernambuco. Ora, ignorar tal visita seria uma impossibilidade, considerando-se o tratamento VIP que fora dado àquele educador norte-americano, pelas autoridades brasileiras, bem como pela imprensa e pelo rádio, não havendo ainda televisão. Concomitante e subitamente, começaram a aparecer em Pernambuco cartilhas semelhantes às de Laubach, porém com teor filosófico totalmente diferente. As de Laubach, de cunho cristão, davam ênfase à cidadania, à paz social, à ética pessoal, ao cristianismo e à existência de Deus. As novas cartilhas, utilizando idêntica metodologia, davam ênfase à luta de classes, à propaganda da teoria marxista, ao ateísmo e a conscientização das massas à sua “condição de oprimidas”. O autor dessas outras cartilhas era o genial Sr. Paulo Freire, diretor do Sesi, que emprestou seu nome à essa “nova metodologia" - da utilização de retratos e palavras na alfabetização de adultos - como se a mesma fosse da sua autoria.
Tais cartilhas foram de imediato adotadas pelo movimento estudantil marxista, para a promulgação da revolução entre as massas analfabetas. A artimanha do Sr. Paulo Freire "pegou", e esse método é hoje chamado Método Paulo Freire, tendo o mesmo sido apadrinhado por toda a esquerda, nacional e internacional, inclusive pela ONU.
No entanto, o método Laubach – o autêntico - fora de início utilizado com grande sucesso em Pernambuco, na alfabetização de 30.000 pessoas da favela chamada "Brasília Teimosa", bem como em outras favelas do Recife, em um programa educacional conduzido pelo Colégio Presbiteriano Agnes Erskine, daquela cidade. Os professores eram todos voluntários. Essa foi a famosa Cruzada ABC, que empolgou muita gente, não apenas nas favelas, mas também na cidade do Recife, e em todo o Estado. Esse esforço educacional é descrito em seus menores detalhes por Jules Spach, no seu recente livro, intitulado, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar (2000).
O Método Laubach foi também introduzido em Cuba, em 1960, em uma escola normal em Bágamos. Essa escola pretendia preparar professores para a alfabetização de adultos. No entanto, logo que Fidel Castro assumiu o controle total do poder em Cuba, naquele mesmo ano, todas as escolas foram nacionalizadas, inclusive a escola normal de Bágamos. Seus professores foram acusados de “subversão”, e tiveram de fugir, indo refugiar-se em Costa Rica, onde continuaram seu trabalho, na propagação do Método Laubach, criando então um programa de alfabetização de adultos, chamado Alfalit.
A organização Alfalit foi introduzida no Brasil, e reconhecida pelo governo brasileiro como programa válido de alfabetização de adultos. Encontra-se hoje na maioria dos Estados: Santa Catarina (1994), Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, São Paulo, Paraná, Paraíba e Rondônia (1997); Maranhão, Pará, Piauí e Roraima (1998); Pernambuco e Bahia (1999).
A oposição ao Método Laubach ocorreu desde a introdução do mesmo, em Pernambuco, no final da década de 1950. Houve tremenda oposição da esquerda ao mencionado programa da Cruzada ABC, em Pernambuco, especialmente porque o mesmo não conduzia à luta de classes, como ocorria nas cartilhas plagiadas do Sr. Paulo Freire. Mais ainda, dizia-se que o programa ABC estava "cooptando" o povo, comprando seu apoio com comida, e que era apenas mais um programa “ïmperialista”, que tinha em meta unicamente "dominar o povo brasileiro".
Como a fome era muito grande na Brasília Teimosa, os dirigentes da Cruzada ABC, como maneira de atrair um maior número de alunos para o mesmo, se propuseram criar uma espécie de "bolsa-escola" de mantimentos. Era uma cesta básica, doada a todos aqueles que se mantivessem na escola, sem nenhuma falta durante todo o mês. Essa bolsa-escola tornou-se famosa no Recife, e muitos tentavam se candidatar a ela, sem serem analfabetos ou mesmo pertencentes à comunidade da Brasília Teimosa. Bolsa-escola fora algo proposto desde os dias do Império, conforme pode-se conferir no livro de um educador do século XIX, Antônio Almeida, intitulado O Ensino Público, reeditado em 2003 pelo Senado Federal, com uma introdução escrita por este Autor.
No entanto, a idéia da bolsa-escola foi ressuscitada pelo senhor Cristovam Buarque, quando governador de Brasília. Este senhor, que é pernambucano, fora estudante no Recife nos dias da Cruzada ABC, tão atacada pelos seus correligionários de esquerda. Para a esquerda recifense, doar bolsa-escola de mantimentos era equivalente a "cooptar" o povo. Em Brasília, como “idéia genial do Sr. Cristovam Buarque”, esta é hoje abençoada pela UNESCO, espalhada por todo o mundo e não deixa de ser o conceito por trás do programa Fome Zero, do ilustre Presidente Lula.
O sucesso da campanha ABC – que incluía o Método Laubach e a bolsa-escola - foi extraordinário, sendo mais tarde encampado pelo governo militar, sob o nome de MOBRAL. Sua filosofia, no entanto, foi modificada pelos militares: os professores eram pagos e não mais voluntários, e a bolsa-escola de alimentos não mais adotada. Este novo programa, por razões óbvias, não foi tão bem sucedido quanto a antiga Cruzada ABC, que utilizava o Método Laubach.
A maior acusação à Cruzada ABC, que se ouvia da parte da esquerda pernambucana, era que o Método Laubach era "amigo da ignorância" - ou seja, não estava ligado à teoria marxista, falhavam em esclarecer seus detratores - e que conduzia a “um analfabetismo maior”, ou seja, ignorava a promoção da luta de classes, e defendia a harmonia social. Recentemente, foi-me relatado que o auxílio doado pelo MEC a pelo menos um programa de alfabetização no Rio de Janeiro – que utiliza o Método Laubach, em vez do chamado “Método Paulo Freire” - foi cortado, sob a mesma alegação: que o Método Laubach estaria "produzindo o analfabetismo” no Rio de Janeiro. Em face da recusa dos diretores do programa carioca, de modificarem o método utilizado, o auxílio financeiro do MEC foi simplesmente cortado.
Não há dúvida que a luta contra o analfabetismo, em todo o mundo, encontrou seu instrumento mais efetivo no Método Laubach. Ainda que esse método hoje tenha sido encampado sob o nome do Sr. Paulo Freire. Os que assim procederam não apenas mudaram o seu nome, mas também o desvirtuaram, modificando inclusive sua orientação filosófica. Concluindo: o método de alfabetização de adultos, criado por Frank Laubach, em 1915, passou a ser chamado de “Método Paulo Freire”, em terras tupiniquins. De tal maneira foi bem sucedido esse embuste, que hoje será quase que impossível desfazê-lo.
O autor é historiador - David Vieira
Em 1915, Frank Laubach (foto) fora enviado por uma missão religiosa à ilha de Mindanao, nas Filipinas, então sob o domínio norte-americano, desde o final da guerra EUA/Espanha. A dominação espanhola deixara à população filipina uma herança de analfabetismo total, bem como de ódio aos estrangeiros.
A população moura filipina era analfabeta, exceto os sacerdotes islamitas, que sabiam ler árabe e podiam ler o Alcorão. A língua maranao (falada pelos mouros) nunca fora escrita. Laubach enfrentava, nessa sua missão, um problema duplo: como criar uma língua escrita, e como ensinar essa escrita aos filipinos, para que esses pudessem ler a Bíblia. A existência de 17 dialetos distintos, naquele arquipélago, dificultava ainda mais a tarefa em meta.
Com o auxílio de um educador filipino, Donato Gália, Laubach adaptou o alfabeto inglês ao dialeto mouro. Em seguida adaptou um antigo método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras.
Utilizando essa metodologia, Laubach trabalhou por 30 anos nas Filipinas e em todo o sul da Ásia. Conseguiu alfabetizar 60% da população filipina, utilizando essa mesma metodologia. Nas Filipinas, e em toda a Ásia, um grupo de educadores, comandado pelo próprio Laubach, criou grafias para 225 línguas, até então não escritas. A leitura dessas línguas era lecionada pelo método de aprendizagem acima descrito. Nesse período de tempo, esse mesmo trabalho foi levado do sul da Ásia para a China, Egito, Síria, Turquia, África e até mesmo União Soviética. Maiores detalhes da vida e trabalho de Laubach podem ser lidos na Internet, no site Frank Laubach.
Na América Latina, o método Laubach foi primeiro introduzido no período da 2ª Guerra Mundial, quando o criador do mesmo se viu proibido de retornar à Ásia, por causa da guerra no Pacífico. No Brasil, este foi introduzido pelo próprio Laubach, em 1943, a pedido do governo brasileiro. Naquele ano, esse educador veio ao Brasil a fim de explicar sua metodologia, como já fizera em vários outros países latino-americanos.
Lembro-me bem dessa visita, pois, ainda que fosse muito jovem, cursando o terceiro ano Ginasial, todos nós estudantes sabíamos que o analfabetismo no Brasil ainda beirava a casa dos 76% - o que muito nos envergonhava - e que este era o maior empecilho ao desenvolvimento do país.
A visita de Laubach a Pernambuco causou grande repercussão nos meios estudantis. Ele ministrou inúmeras palestras nas escolas e faculdades – não havia ainda uma universidade em Pernambuco - e conduziu debates no Teatro Santa Isabel. Refiro-me apenas a Pernambuco e ao Recife, pois meus conhecimentos dos eventos naquela época não iam muito além do local onde residia.
Houve também farta distribuição de cartilhas do Método Laubach, em espanhol, pois a versão portuguesa ainda não estava pronta. Nessa época, a revista Seleções do Readers' Digest publicou um artigo sobre Laubach e seu método - muito lido e comentado por todos os brasileiros de então, que, em virtude da guerra, tinham aquela revista como único contato literário com o mundo exterior.
Naquele ano, de 1943, o Sr. Paulo Freire já era diretor do Sesi, de Pernambuco - assim ele afirma em sua autobiografia - encarregado dos programas de educação daquela entidade. No entanto, nessa mesma autobiografia, ele jamais confessa ter tomado conhecimento da visita do educador Laubach a Pernambuco. Ora, ignorar tal visita seria uma impossibilidade, considerando-se o tratamento VIP que fora dado àquele educador norte-americano, pelas autoridades brasileiras, bem como pela imprensa e pelo rádio, não havendo ainda televisão. Concomitante e subitamente, começaram a aparecer em Pernambuco cartilhas semelhantes às de Laubach, porém com teor filosófico totalmente diferente. As de Laubach, de cunho cristão, davam ênfase à cidadania, à paz social, à ética pessoal, ao cristianismo e à existência de Deus. As novas cartilhas, utilizando idêntica metodologia, davam ênfase à luta de classes, à propaganda da teoria marxista, ao ateísmo e a conscientização das massas à sua “condição de oprimidas”. O autor dessas outras cartilhas era o genial Sr. Paulo Freire, diretor do Sesi, que emprestou seu nome à essa “nova metodologia" - da utilização de retratos e palavras na alfabetização de adultos - como se a mesma fosse da sua autoria.
Tais cartilhas foram de imediato adotadas pelo movimento estudantil marxista, para a promulgação da revolução entre as massas analfabetas. A artimanha do Sr. Paulo Freire "pegou", e esse método é hoje chamado Método Paulo Freire, tendo o mesmo sido apadrinhado por toda a esquerda, nacional e internacional, inclusive pela ONU.
No entanto, o método Laubach – o autêntico - fora de início utilizado com grande sucesso em Pernambuco, na alfabetização de 30.000 pessoas da favela chamada "Brasília Teimosa", bem como em outras favelas do Recife, em um programa educacional conduzido pelo Colégio Presbiteriano Agnes Erskine, daquela cidade. Os professores eram todos voluntários. Essa foi a famosa Cruzada ABC, que empolgou muita gente, não apenas nas favelas, mas também na cidade do Recife, e em todo o Estado. Esse esforço educacional é descrito em seus menores detalhes por Jules Spach, no seu recente livro, intitulado, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar (2000).
O Método Laubach foi também introduzido em Cuba, em 1960, em uma escola normal em Bágamos. Essa escola pretendia preparar professores para a alfabetização de adultos. No entanto, logo que Fidel Castro assumiu o controle total do poder em Cuba, naquele mesmo ano, todas as escolas foram nacionalizadas, inclusive a escola normal de Bágamos. Seus professores foram acusados de “subversão”, e tiveram de fugir, indo refugiar-se em Costa Rica, onde continuaram seu trabalho, na propagação do Método Laubach, criando então um programa de alfabetização de adultos, chamado Alfalit.
A organização Alfalit foi introduzida no Brasil, e reconhecida pelo governo brasileiro como programa válido de alfabetização de adultos. Encontra-se hoje na maioria dos Estados: Santa Catarina (1994), Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, São Paulo, Paraná, Paraíba e Rondônia (1997); Maranhão, Pará, Piauí e Roraima (1998); Pernambuco e Bahia (1999).
A oposição ao Método Laubach ocorreu desde a introdução do mesmo, em Pernambuco, no final da década de 1950. Houve tremenda oposição da esquerda ao mencionado programa da Cruzada ABC, em Pernambuco, especialmente porque o mesmo não conduzia à luta de classes, como ocorria nas cartilhas plagiadas do Sr. Paulo Freire. Mais ainda, dizia-se que o programa ABC estava "cooptando" o povo, comprando seu apoio com comida, e que era apenas mais um programa “ïmperialista”, que tinha em meta unicamente "dominar o povo brasileiro".
Como a fome era muito grande na Brasília Teimosa, os dirigentes da Cruzada ABC, como maneira de atrair um maior número de alunos para o mesmo, se propuseram criar uma espécie de "bolsa-escola" de mantimentos. Era uma cesta básica, doada a todos aqueles que se mantivessem na escola, sem nenhuma falta durante todo o mês. Essa bolsa-escola tornou-se famosa no Recife, e muitos tentavam se candidatar a ela, sem serem analfabetos ou mesmo pertencentes à comunidade da Brasília Teimosa. Bolsa-escola fora algo proposto desde os dias do Império, conforme pode-se conferir no livro de um educador do século XIX, Antônio Almeida, intitulado O Ensino Público, reeditado em 2003 pelo Senado Federal, com uma introdução escrita por este Autor.
No entanto, a idéia da bolsa-escola foi ressuscitada pelo senhor Cristovam Buarque, quando governador de Brasília. Este senhor, que é pernambucano, fora estudante no Recife nos dias da Cruzada ABC, tão atacada pelos seus correligionários de esquerda. Para a esquerda recifense, doar bolsa-escola de mantimentos era equivalente a "cooptar" o povo. Em Brasília, como “idéia genial do Sr. Cristovam Buarque”, esta é hoje abençoada pela UNESCO, espalhada por todo o mundo e não deixa de ser o conceito por trás do programa Fome Zero, do ilustre Presidente Lula.
O sucesso da campanha ABC – que incluía o Método Laubach e a bolsa-escola - foi extraordinário, sendo mais tarde encampado pelo governo militar, sob o nome de MOBRAL. Sua filosofia, no entanto, foi modificada pelos militares: os professores eram pagos e não mais voluntários, e a bolsa-escola de alimentos não mais adotada. Este novo programa, por razões óbvias, não foi tão bem sucedido quanto a antiga Cruzada ABC, que utilizava o Método Laubach.
A maior acusação à Cruzada ABC, que se ouvia da parte da esquerda pernambucana, era que o Método Laubach era "amigo da ignorância" - ou seja, não estava ligado à teoria marxista, falhavam em esclarecer seus detratores - e que conduzia a “um analfabetismo maior”, ou seja, ignorava a promoção da luta de classes, e defendia a harmonia social. Recentemente, foi-me relatado que o auxílio doado pelo MEC a pelo menos um programa de alfabetização no Rio de Janeiro – que utiliza o Método Laubach, em vez do chamado “Método Paulo Freire” - foi cortado, sob a mesma alegação: que o Método Laubach estaria "produzindo o analfabetismo” no Rio de Janeiro. Em face da recusa dos diretores do programa carioca, de modificarem o método utilizado, o auxílio financeiro do MEC foi simplesmente cortado.
Não há dúvida que a luta contra o analfabetismo, em todo o mundo, encontrou seu instrumento mais efetivo no Método Laubach. Ainda que esse método hoje tenha sido encampado sob o nome do Sr. Paulo Freire. Os que assim procederam não apenas mudaram o seu nome, mas também o desvirtuaram, modificando inclusive sua orientação filosófica. Concluindo: o método de alfabetização de adultos, criado por Frank Laubach, em 1915, passou a ser chamado de “Método Paulo Freire”, em terras tupiniquins. De tal maneira foi bem sucedido esse embuste, que hoje será quase que impossível desfazê-lo.
O autor é historiador - David Vieira
BIBLIOGRAFIA
AYRES, Antônio Tadeu. Como tornar o ensino eficaz. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 1994. BRINER, Bob. Os métodos de administração de Jesus. Ed. Mundo Cristão, S.P., 1997. CAMPOLO, Anthony. Você pode fazer a diferença. Ed. Mundo Cristão, SP, 1985. GONZALES, Justo e COOK, Eulália. Hombres y Ángeles. Ed. Alfalit, Miami, 1999. GONZALES, Justo. História de un milagro. Ed. Caribe, Miami (s.d.). GONZALES, Luiza Garcia de. Manual para preparação de alfabetizadores voluntários. 3ª ed., Alfalit Brasil, Rio de Janeiro, 1994. GREGORY, John Milton. As sete leis do ensino. 7ª ed., Rio de Janeiro, JUERP, 1994. HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas. Ed. Betânia, Belo Horizonte, 1999. LAUBACH, Frank C.. Os milhões silenciosos falam. s. l., s.e., s.d. MALDONADO, Maria Cereza. História da vida inteira. Ed. Vozes, 4ª ed., S.P., 1998. SMITH, Josie de. Luiza. Ed. la Estrella, Alajuela, Costa Rica, s.d. SPACH, Jules, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar, Recife, PE, 2000.
AYRES, Antônio Tadeu. Como tornar o ensino eficaz. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 1994. BRINER, Bob. Os métodos de administração de Jesus. Ed. Mundo Cristão, S.P., 1997. CAMPOLO, Anthony. Você pode fazer a diferença. Ed. Mundo Cristão, SP, 1985. GONZALES, Justo e COOK, Eulália. Hombres y Ángeles. Ed. Alfalit, Miami, 1999. GONZALES, Justo. História de un milagro. Ed. Caribe, Miami (s.d.). GONZALES, Luiza Garcia de. Manual para preparação de alfabetizadores voluntários. 3ª ed., Alfalit Brasil, Rio de Janeiro, 1994. GREGORY, John Milton. As sete leis do ensino. 7ª ed., Rio de Janeiro, JUERP, 1994. HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas. Ed. Betânia, Belo Horizonte, 1999. LAUBACH, Frank C.. Os milhões silenciosos falam. s. l., s.e., s.d. MALDONADO, Maria Cereza. História da vida inteira. Ed. Vozes, 4ª ed., S.P., 1998. SMITH, Josie de. Luiza. Ed. la Estrella, Alajuela, Costa Rica, s.d. SPACH, Jules, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar, Recife, PE, 2000.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
O INFERNO VERMELHO
O recente congresso do PT, ocorrido em São Paulo, aprovou documento que reafirma o caráter socialista do partido e da luta partidária. Mais ainda: convoca os seus integrantes para a próxima reunião do Foro de São Paulo - do qual é o principal mentor, juntamente com o PC de Fidel Castro -, a ocorrer na cidade de Montevidéu, em 2008. Nela, serão debatidas as propostas para o avanço socialista no continente, prevendo-se transformações radicais nas áreas de saúde, educação, economia, comunicação e as reformas agrária e urbana. (Para quem não sabe, o Foro de São Paulo é uma entidade “socialista”, criada depois da derrocada da URSS, que visa a transformar a América Latina numa vasta e miserável Cuba).
Para se avaliar, no terreno da Educação, o que será ensinado nos colégios e universidades do Brasil (e nos países da América Latina dominados pelos socialistas), basta lançar um olhar sobre “A Nova História Crítica” (Mario Schmidt, Ed. Nova Geração), livro didático comunistizante que o Ministério da Educação do petista Fernando Haddad vem distribuindo aos milhares para o ensino público e privado no País. Nele, objetivando formar nova e massiva geração de esquerdistas fanatizados, genocidas como Mao Tse-tung e assassinos como Guevara e Fidel Castro são vistos como exemplos admiráveis. Já a Princesa Isabel, que proclamou o fim da escravidão, é tida, na coleção, como uma mulher “feia como a peste e estúpida como leguminosa”.
No capítulo das reformas agrária e urbana, cujo mentor principal é o terrorista João Pedro Stedile (fanático cultor da memória de Lampião nas escolas do MST), as “transformações revolucionárias” preconizadas pelo Foro de São Paulo ganharão prazo de urgência para sua efetivação, quem sabe dentro dos próximos cinco anos, ou menos. Nele, segundo se debate, são previstas mais ocupações de terras produtivas pelos integrantes do MST, a serem transformados, pela força, em “fazendeiros do Estado”.
Nos espaços urbanos, por sua vez, como prometia Jango e o fez Castro, que transformou Havana num imenso pardieiro, serão desapropriadas - certamente com pagamento em bônus resgatáveis no dia de São Nunca, se tanto - moradias e apartamentos pertencentes à “burguesia”, incluindo-se as habitações em condomínios e casas de veraneio.
Exagero? Pois basta dar uma olhada nas “Leyes Socialistas para Venezuela”, que fundamentam a reforma constitucional inspirada nas recomendações do Foro de São Paulo, a ser aprovada pela Assembléia Nacional Venezuelana, inteiramente dominada pelo coronel Chávez. Delas, destaco algumas preciosidades sobre as questões da propriedade rural e urbana:
1º) – “Será nacionalizada toda classe de propriedade privada”;
2º) – “Será autorizado à família sem moradia que ocupe as “segundas moradias” dos proprietários (burgueses), começando pelos apartamentos e casas de praia, incluindo aí as situadas nos clubes (condomínios) e nas zonas urbanas”;
3º) – “Será obrigado aos proprietários das moradias principais conviver com famílias adicionais de até 3 membros, reservando-se à família proprietária de até 3 membros um só quarto, sendo de uso comum todos os serviços da habitação”;
4º) – “As propriedades rurais ou fazendas serão exclusivas do Estado, que se arroga o direito de repassá-las aos camponeses, que, por sua vez, não poderão vendê-las ou hipotecá-las”.
A fúria comunistizante não fica por aí. Segundo a projetada Constituição Bolivariana, documento a ser aprovado que regerá o “Socialismo do Século XXI”, o círculo fechado da ditadura vermelha ficará ainda mais estreito. No terreno das comunicações, “o uso do cabo e de outros tipos de comunicação por satélite serão restritas às dependências oficiais e aos estabelecimentos hoteleiros e turísticos”. Já o uso da telefonia celular será “exclusivo dos membros do governo”. E ainda: “Será negado ao nativo qualquer acesso à internet”.
Temendo a reação das Forças Armadas comprometidas com a democracia, a Constituição Bolivariana propõe: “Será criada oficialmente uma Milícia Popular, a qual progressivamente passará a fazer uso de todas as instalações e equipamentos das Forças Armadas da Nação”. Por sua vez, dissolvidas as Forças Armadas nacionais, “será incorporada à Milícia Popular exclusivamente a oficialidade solidária com os ideais da Revolução”. E pontua: “A oficialidade não solidária com a Revolução será dispensada de suas funções sem nenhum tipo de indenização”.
O projeto da reforma constitucional da Venezuela reporta-se ainda a regulamentação de inúmeras atividades, a saber: medicina privada, empresas de seguro, bancos privados, controle do cambio, práticas sociais e religiosas, etc., cerceando, como princípio constitucional, as liberdades do indivíduo e da sociedade. O mais contundente é o que restringe o direito de ir e vir: “A entrega do passaporte para viajar ao exterior estará sujeita a consideração das autoridades competentes”.
Pode-se imaginar que toda essa monstruosidade constitucional acima levantada não passe de peça de ficção divulgada açodadamente para aterrorizar a burguesia continental; e/ou que, se verdadeira, não faça a cabeça dos próprios asseclas de Chávez no Congresso venezuelano. Em todo caso, ficção ou realidade, é bom ficar alerta: na Rússia, no Leste europeu, na China, no Vietnã e no Camboja, na Coréia do Norte, Cuba, em suma, onde o avanço vermelho se consolidou tais aberrações se cumpriram integralmente.
Sem que a população pudesse tugir ou mugir.
Para se avaliar, no terreno da Educação, o que será ensinado nos colégios e universidades do Brasil (e nos países da América Latina dominados pelos socialistas), basta lançar um olhar sobre “A Nova História Crítica” (Mario Schmidt, Ed. Nova Geração), livro didático comunistizante que o Ministério da Educação do petista Fernando Haddad vem distribuindo aos milhares para o ensino público e privado no País. Nele, objetivando formar nova e massiva geração de esquerdistas fanatizados, genocidas como Mao Tse-tung e assassinos como Guevara e Fidel Castro são vistos como exemplos admiráveis. Já a Princesa Isabel, que proclamou o fim da escravidão, é tida, na coleção, como uma mulher “feia como a peste e estúpida como leguminosa”.
No capítulo das reformas agrária e urbana, cujo mentor principal é o terrorista João Pedro Stedile (fanático cultor da memória de Lampião nas escolas do MST), as “transformações revolucionárias” preconizadas pelo Foro de São Paulo ganharão prazo de urgência para sua efetivação, quem sabe dentro dos próximos cinco anos, ou menos. Nele, segundo se debate, são previstas mais ocupações de terras produtivas pelos integrantes do MST, a serem transformados, pela força, em “fazendeiros do Estado”.
Nos espaços urbanos, por sua vez, como prometia Jango e o fez Castro, que transformou Havana num imenso pardieiro, serão desapropriadas - certamente com pagamento em bônus resgatáveis no dia de São Nunca, se tanto - moradias e apartamentos pertencentes à “burguesia”, incluindo-se as habitações em condomínios e casas de veraneio.
Exagero? Pois basta dar uma olhada nas “Leyes Socialistas para Venezuela”, que fundamentam a reforma constitucional inspirada nas recomendações do Foro de São Paulo, a ser aprovada pela Assembléia Nacional Venezuelana, inteiramente dominada pelo coronel Chávez. Delas, destaco algumas preciosidades sobre as questões da propriedade rural e urbana:
1º) – “Será nacionalizada toda classe de propriedade privada”;
2º) – “Será autorizado à família sem moradia que ocupe as “segundas moradias” dos proprietários (burgueses), começando pelos apartamentos e casas de praia, incluindo aí as situadas nos clubes (condomínios) e nas zonas urbanas”;
3º) – “Será obrigado aos proprietários das moradias principais conviver com famílias adicionais de até 3 membros, reservando-se à família proprietária de até 3 membros um só quarto, sendo de uso comum todos os serviços da habitação”;
4º) – “As propriedades rurais ou fazendas serão exclusivas do Estado, que se arroga o direito de repassá-las aos camponeses, que, por sua vez, não poderão vendê-las ou hipotecá-las”.
A fúria comunistizante não fica por aí. Segundo a projetada Constituição Bolivariana, documento a ser aprovado que regerá o “Socialismo do Século XXI”, o círculo fechado da ditadura vermelha ficará ainda mais estreito. No terreno das comunicações, “o uso do cabo e de outros tipos de comunicação por satélite serão restritas às dependências oficiais e aos estabelecimentos hoteleiros e turísticos”. Já o uso da telefonia celular será “exclusivo dos membros do governo”. E ainda: “Será negado ao nativo qualquer acesso à internet”.
Temendo a reação das Forças Armadas comprometidas com a democracia, a Constituição Bolivariana propõe: “Será criada oficialmente uma Milícia Popular, a qual progressivamente passará a fazer uso de todas as instalações e equipamentos das Forças Armadas da Nação”. Por sua vez, dissolvidas as Forças Armadas nacionais, “será incorporada à Milícia Popular exclusivamente a oficialidade solidária com os ideais da Revolução”. E pontua: “A oficialidade não solidária com a Revolução será dispensada de suas funções sem nenhum tipo de indenização”.
O projeto da reforma constitucional da Venezuela reporta-se ainda a regulamentação de inúmeras atividades, a saber: medicina privada, empresas de seguro, bancos privados, controle do cambio, práticas sociais e religiosas, etc., cerceando, como princípio constitucional, as liberdades do indivíduo e da sociedade. O mais contundente é o que restringe o direito de ir e vir: “A entrega do passaporte para viajar ao exterior estará sujeita a consideração das autoridades competentes”.
Pode-se imaginar que toda essa monstruosidade constitucional acima levantada não passe de peça de ficção divulgada açodadamente para aterrorizar a burguesia continental; e/ou que, se verdadeira, não faça a cabeça dos próprios asseclas de Chávez no Congresso venezuelano. Em todo caso, ficção ou realidade, é bom ficar alerta: na Rússia, no Leste europeu, na China, no Vietnã e no Camboja, na Coréia do Norte, Cuba, em suma, onde o avanço vermelho se consolidou tais aberrações se cumpriram integralmente.
Sem que a população pudesse tugir ou mugir.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
SARKOZY PODERIA CONCORRER EM 2010 CONTRA O PT
Discurso de Nicolas Sarkozy, conservador francês, às vésperas de sua eleição para Presidente da República
A vontade política e a nação podem estar tanto para o melhor quanto para o pior. As pessoas que se mobilizam, as quais se tornam uma força coletiva, são também uma energia capaz de agir para o melhor ou o pior. Admitamos aqui que aja para o melhor. Nós afastaremos o pior ao respeitar nossos compatriotas, ao perseverar em nossas convicções, ao manter a palavra dada. Nós enfrentaremos o pior enquanto aplicarmos a moral na política.
Sim, a moral.
A palavra moral não me assusta.
A moral, desde 1968, não podia mais ser evocada. Era um conceito apagado do vocabulário político. Haviam-nos imposto o relativismo intelectual e ético, a idéia de que tudo é igual, sem qualquer distinção entre bem e mal, verdadeiro e falso, belo e feio. Tentaram fazer-nos crer que o aluno era igual ao mestre; que não era preciso atribuir notas, para não traumatizar os maus estudantes; que não era necessária a classificação. Procuraram nos fazer acreditar que a vítima valia menos que o delinqüente, e que não podia existir nenhuma hierarquia de valores.Haviam proclamado que tudo estava permitido, que se acabava a autoridade, a polidez e o respeito; que já não havia mais nada de grande, de sagrado, de admirável; que não havia mais regra, norma ou qualquer proibição.
Lembrai-vos do slogan de Maio de 68 sobre os muros da Sorbonne: “Viver sem constrangimento e gozar sem limites”.
Assim a herança de 1968 introduziu o cinismo na política, a cultura do lucro a curto prazo, da contestação de todas as represas éticas. A pregação daquele movimento preparou terreno para a primazia do predador sobre o empreendedor, do especulador sobre o trabalhador. Olhai para todos esses políticos que se afirmam herdeiros de Maio de 68, dando-nos lições que jamais aplicam a si próprios. Eles louvam comportamentos e sacrifícios como quem canta “faça o que digo, não o que faço”. Vede como os herdeiros de Maio de 68 abaixaram o nível moral e da política.
Atentai para a esquerda hipócrita, herdeira do Maio de 68, que está na política, nas mídias, na administração, na economia, essa esquerda que saboreia privilégios, essa esquerda que não aprecia a nação, pois não vê mais nada a partilhar, tampouco a República, pois não suporta a igualdade. Essa esquerda que reivindica defender os serviços públicos, mas jamais usa os transportes coletivos; que ama ferozmente a escola pública, mas nela não coloca os próprios filhos; que diz adorar a periferia, mas nela não quer viver. Esquerda que faz grandes discursos sobre interesse geral, mas é prisioneira de clientelismos e corporativismos. Assinam petições quando se expulsa um invasor de propriedade, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa. Essa certa esquerda é culpada pelo imobilismo do país, e não o são os trabalhadores, os mais pobres, os mais modestos. Estes são suas maiores vítimas!
Escutai a esquerda que, desde Maio de 68, renunciou ao mérito e ao esforço. Cessaram de falar aos trabalhadores, de se preocupar com seu destino, de respeitá-los, posto que rejeitam o valor trabalho, um valor que não mais faz parte de seu universo. Sua ideologia agora é a da repartição, da semana de 35 horas, do assistencialismo.
A crise do trabalho está incluída em uma crise moral pela qual aqueles herdeiros do Maio de 68 portam uma enorme responsabilidade. Eu vou reabilitar o trabalho. Eu vou devolver ao trabalhador a primazia da sociedade.
Olhai como a herança de Maio de 68 debilitou a autoridade do Estado! Vede como os herdeiros daqueles que em gritavam "CRS = SS" [comparação entre as tropas de elite francesas e a milícia política nazista] adotam sistematicamente o partido dos bandidos, dos vândalos e dos contraventores contra a polícia.
Vede como eles reagiram após os incidentes da Gare du Nord. Em lugar de condenar os vândalos e de dar seu apoio às forças da ordem, eles não acharam nada melhor para dizer do que esta frase, que merece ficar nos anais da República: “É inquietante constatar que se aprofunda o fosso entre a polícia e a juventude”.
Como se os vândalos da Gare du Nord representassem toda a juventude francesa. Como se fosse a polícia a que estivesse errada, e não os baderneiros. Como se os vagabundos tivessem quebrado tudo e saqueado as lojas simplesmente para exprimir uma certa revolta contra alguma injustiça. Como se a juventude escusasse tudo. Como se a sociedade fosse sempre culpada, e o delinqüente, sempre inocente.
Ouvi os herdeiros de Maio de 68 que cultivam o remorso, que fazem a apologia do isolacionismo, que denigrem a identidade nacional, ateiam o ódio contra a família, a sociedade, o Estado, a nação e a República. Nesta eleição, trata-se de saber se a herança de Maio de 68 deve ser perpetuada ou se deve ser liquidada de uma vez por todas.
Eu quero virar a página de Maio de 68. Mas não basta dar a impressão de fazer isso. Nós não podemos nos contentar com ostentar grandes princípios, se evitarmos inscrevê-los na realidade. Eu proponho aos franceses romper realmente com o espírito, com o comportamento, com as idéias de Maio de 68. Proponho aos franceses romper em definitivo com o cinismo. Proponho reatar a política e a moral, a autoridade, o trabalho, a nação.
Eu vos proponho reformar, para construir um Estado acima dos corporativismos, dos grupos de interesse e dos velhos domínios feudais. Proponho-vos uma República una e indivisível, contra todos os comunitarismos e segregações. Ao invés de enfatizar sistematicamente os direitos em detrimento dos deveres, os herdeiros de Maio de 68 serão apresentados ao conceito de cidadania. Eu apresentar-vos-ei a liberdade individual, mas um individualismo acompanhado pelo civismo. Uma cidadania feita por direitos e também por deveres. [...]
A ideologia de Maio de 68 estará morta no dia em que a sociedade ousar chamar cada um para o cumprimento do seu dever. Nesse dia ter-se-á completado a grande reforma intelectual e moral de que a França tem mais uma vez necessidade. [...] Porque a França é mais que raças, etnias, território. A França é um ideal indistinguível de suas grandes pessoas, que desde o primeiro instante acreditam na força das idéias, na capacidade de transformar o mundo fazendo o bem à humanidade.
A França deve reafirmar os valores universais, sobre os quais jamais se deve transigir. Devem ser o fundamento de todas as políticas.
Serei o Presidente da liberdade de consciência, contra todos os fascismos.
Serei o Presidente da liberdade de expressão, contra todas as intolerâncias.
Penso que na pátria dos direitos do homem deve-se poder criticar livremente, caricaturar livremente, sem ameaças de morte, sem exposição a violências. A todos os que desejam viver na França tenho a coragem de afirmar que nossa idéia de liberdade não é negociável, mas desejo deixar claro que para nossa República, laicidade é o respeito por todas as religiões, não o desprezo para com elas. Desejo presidir uma França a qual defenda sua liberdade, e também a liberdade ao redor do mundo. Essa é a vocação da França.
Jamais vos direi “Sou eu ou o caos!”. Que democrata seria se exprimisse tamanho desrespeito pelas convicções de todos aqueles que não pensem como eu? Mas àqueles dentre vós que crêem nos valores de tolerância, de liberdade, de humanismo, digo que são os valores sobre os quais foquei meu projeto. São eles que fundamentam meu engajamento político e minha candidatura.
Viva a República!
Viva a França!
A vontade política e a nação podem estar tanto para o melhor quanto para o pior. As pessoas que se mobilizam, as quais se tornam uma força coletiva, são também uma energia capaz de agir para o melhor ou o pior. Admitamos aqui que aja para o melhor. Nós afastaremos o pior ao respeitar nossos compatriotas, ao perseverar em nossas convicções, ao manter a palavra dada. Nós enfrentaremos o pior enquanto aplicarmos a moral na política.
Sim, a moral.
A palavra moral não me assusta.
A moral, desde 1968, não podia mais ser evocada. Era um conceito apagado do vocabulário político. Haviam-nos imposto o relativismo intelectual e ético, a idéia de que tudo é igual, sem qualquer distinção entre bem e mal, verdadeiro e falso, belo e feio. Tentaram fazer-nos crer que o aluno era igual ao mestre; que não era preciso atribuir notas, para não traumatizar os maus estudantes; que não era necessária a classificação. Procuraram nos fazer acreditar que a vítima valia menos que o delinqüente, e que não podia existir nenhuma hierarquia de valores.Haviam proclamado que tudo estava permitido, que se acabava a autoridade, a polidez e o respeito; que já não havia mais nada de grande, de sagrado, de admirável; que não havia mais regra, norma ou qualquer proibição.
Lembrai-vos do slogan de Maio de 68 sobre os muros da Sorbonne: “Viver sem constrangimento e gozar sem limites”.
Assim a herança de 1968 introduziu o cinismo na política, a cultura do lucro a curto prazo, da contestação de todas as represas éticas. A pregação daquele movimento preparou terreno para a primazia do predador sobre o empreendedor, do especulador sobre o trabalhador. Olhai para todos esses políticos que se afirmam herdeiros de Maio de 68, dando-nos lições que jamais aplicam a si próprios. Eles louvam comportamentos e sacrifícios como quem canta “faça o que digo, não o que faço”. Vede como os herdeiros de Maio de 68 abaixaram o nível moral e da política.
Atentai para a esquerda hipócrita, herdeira do Maio de 68, que está na política, nas mídias, na administração, na economia, essa esquerda que saboreia privilégios, essa esquerda que não aprecia a nação, pois não vê mais nada a partilhar, tampouco a República, pois não suporta a igualdade. Essa esquerda que reivindica defender os serviços públicos, mas jamais usa os transportes coletivos; que ama ferozmente a escola pública, mas nela não coloca os próprios filhos; que diz adorar a periferia, mas nela não quer viver. Esquerda que faz grandes discursos sobre interesse geral, mas é prisioneira de clientelismos e corporativismos. Assinam petições quando se expulsa um invasor de propriedade, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa. Essa certa esquerda é culpada pelo imobilismo do país, e não o são os trabalhadores, os mais pobres, os mais modestos. Estes são suas maiores vítimas!
Escutai a esquerda que, desde Maio de 68, renunciou ao mérito e ao esforço. Cessaram de falar aos trabalhadores, de se preocupar com seu destino, de respeitá-los, posto que rejeitam o valor trabalho, um valor que não mais faz parte de seu universo. Sua ideologia agora é a da repartição, da semana de 35 horas, do assistencialismo.
A crise do trabalho está incluída em uma crise moral pela qual aqueles herdeiros do Maio de 68 portam uma enorme responsabilidade. Eu vou reabilitar o trabalho. Eu vou devolver ao trabalhador a primazia da sociedade.
Olhai como a herança de Maio de 68 debilitou a autoridade do Estado! Vede como os herdeiros daqueles que em gritavam "CRS = SS" [comparação entre as tropas de elite francesas e a milícia política nazista] adotam sistematicamente o partido dos bandidos, dos vândalos e dos contraventores contra a polícia.
Vede como eles reagiram após os incidentes da Gare du Nord. Em lugar de condenar os vândalos e de dar seu apoio às forças da ordem, eles não acharam nada melhor para dizer do que esta frase, que merece ficar nos anais da República: “É inquietante constatar que se aprofunda o fosso entre a polícia e a juventude”.
Como se os vândalos da Gare du Nord representassem toda a juventude francesa. Como se fosse a polícia a que estivesse errada, e não os baderneiros. Como se os vagabundos tivessem quebrado tudo e saqueado as lojas simplesmente para exprimir uma certa revolta contra alguma injustiça. Como se a juventude escusasse tudo. Como se a sociedade fosse sempre culpada, e o delinqüente, sempre inocente.
Ouvi os herdeiros de Maio de 68 que cultivam o remorso, que fazem a apologia do isolacionismo, que denigrem a identidade nacional, ateiam o ódio contra a família, a sociedade, o Estado, a nação e a República. Nesta eleição, trata-se de saber se a herança de Maio de 68 deve ser perpetuada ou se deve ser liquidada de uma vez por todas.
Eu quero virar a página de Maio de 68. Mas não basta dar a impressão de fazer isso. Nós não podemos nos contentar com ostentar grandes princípios, se evitarmos inscrevê-los na realidade. Eu proponho aos franceses romper realmente com o espírito, com o comportamento, com as idéias de Maio de 68. Proponho aos franceses romper em definitivo com o cinismo. Proponho reatar a política e a moral, a autoridade, o trabalho, a nação.
Eu vos proponho reformar, para construir um Estado acima dos corporativismos, dos grupos de interesse e dos velhos domínios feudais. Proponho-vos uma República una e indivisível, contra todos os comunitarismos e segregações. Ao invés de enfatizar sistematicamente os direitos em detrimento dos deveres, os herdeiros de Maio de 68 serão apresentados ao conceito de cidadania. Eu apresentar-vos-ei a liberdade individual, mas um individualismo acompanhado pelo civismo. Uma cidadania feita por direitos e também por deveres. [...]
A ideologia de Maio de 68 estará morta no dia em que a sociedade ousar chamar cada um para o cumprimento do seu dever. Nesse dia ter-se-á completado a grande reforma intelectual e moral de que a França tem mais uma vez necessidade. [...] Porque a França é mais que raças, etnias, território. A França é um ideal indistinguível de suas grandes pessoas, que desde o primeiro instante acreditam na força das idéias, na capacidade de transformar o mundo fazendo o bem à humanidade.
A França deve reafirmar os valores universais, sobre os quais jamais se deve transigir. Devem ser o fundamento de todas as políticas.
Serei o Presidente da liberdade de consciência, contra todos os fascismos.
Serei o Presidente da liberdade de expressão, contra todas as intolerâncias.
Penso que na pátria dos direitos do homem deve-se poder criticar livremente, caricaturar livremente, sem ameaças de morte, sem exposição a violências. A todos os que desejam viver na França tenho a coragem de afirmar que nossa idéia de liberdade não é negociável, mas desejo deixar claro que para nossa República, laicidade é o respeito por todas as religiões, não o desprezo para com elas. Desejo presidir uma França a qual defenda sua liberdade, e também a liberdade ao redor do mundo. Essa é a vocação da França.
Jamais vos direi “Sou eu ou o caos!”. Que democrata seria se exprimisse tamanho desrespeito pelas convicções de todos aqueles que não pensem como eu? Mas àqueles dentre vós que crêem nos valores de tolerância, de liberdade, de humanismo, digo que são os valores sobre os quais foquei meu projeto. São eles que fundamentam meu engajamento político e minha candidatura.
Viva a República!
Viva a França!
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
“Não sou e nem nunca fui socialista. Como posso ser a favor de um regime no qual quem produzir oito garrafas de cerveja ganhará o mesmo que quem produz dez?”
(Luiz Inácio Lula da Silva, revista Veja, 13 de agosto de 1997)
O Partido dos Trabalhadores surgiu em 1 de maio de 1979, quando foi lançada a sua Carta de Princípios, numa época em que já se delineava a crise do modelo econômico de então, a emergência de um sindicalismo de novo tipo e de uma série de movimentos sociais autônomos, em decorrência da incapacidade da velha esquerda de dar resposta aos novos desafios políticos do final dos anos 70.
Era uma época em que, parodiando o jornalista e ex-guerrilheiro urbano, atual ministro Franklin Martins, no prefácio que escreveu para o livro “Viagem à Luta Armada”, de Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, o último dos comandantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), o mercado já passava a ser a todo-poderosa entidade globalizada que hoje comanda a humanidade com a sua mão invisível, e não o lugar onde as donas de casa faziam compras; e a massa voltava a ser uma tentação para os que estão em dieta, e não a denominação dada ao povo a caminho de encontrar seu caminho revolucionário.
Uma época em que a insana luta armada, a guerrilha, os assaltos e os seqüestros de autoridades e aviões já haviam sido erradicados. Não sem sangue, suor e lágrimas, de ambos os lados, e sem que reputações fossem manchadas e carreiras abreviadas.
Foi nesse contexto que surgiu o PT, cujo desenvolvimento foi e continua sendo contemporâneo de um período de aceleradas e radicais transformações políticas e econômicas em nível internacional, que conduziram o final do século a um desfecho tão inesperado quanto incerto.
O indivíduo petista, pertencente à cúpula e à vanguarda intelectual do partido, os formadores das metas partidárias, pertence à classe média urbana basicamente vinculada a empregos públicos ou ao jornalismo, publicidade e meio acadêmico. Essas pessoas sempre constituíram a clássica vanguarda dos movimentos esquerdistas de todos os tempos, de Marx a Mao-Tsetung e de Fidel a Hugo Chávez.
O agrupamento auxiliar oportunista é constituído por elementos aproveitadores que se aproximam de qualquer poder ascendente para obter vantagens, aparecer na mídia, ficar na moda, ou compor situações políticas específicas. Podem ser incluídos nesse grupo os príncipes da burocracia enquistada no Executivo, Legislativo, Judiciário e também nas estatais.
A existência de empresários petistas e o engajamento de setores majoritários da Igreja pode ser considerada uma anomalia.
Existem vários PTs, tantos quanto as seitas que pululam em seu interior, com centralismo democrático e jornais próprios, difundindo cada uma a sua doutrina e não a aprovada e definida nos Encontros Nacionais e congressos do partido.
Na rede de ensino e no sistema de saúde pública, um clássico campo para o esquerdismo, são poucos os não esquerdistas.
Na imprensa, a influência petista tem início nas faculdades de Comunicação com professores, em sua maioria, da esquerda de todos os matizes. Como decorrência, o petismo estende-se às redações e, principalmente, ao núcleo mais jovem das tarefas de reportagem. O jornalismo investigativo - grande arma de poder político dos meios de comunicação - está hoje firmemente em mãos da esquerda, e o manejo eficiente e oportuno desse poder vem sendo uma das principais alavancas de que se vale a máquina do partido. Embora não eleito, pode ser dito que é um poder de Estado, o chamado quarto Poder.
Também o meio publicitário, por uma estranha alquimia, inexplicável à luz da razão, tornou-se esmagadoramente petista, esquecendo-se que nos regimes de democracia popular inexiste a profissão de publicitário.
Já na classe artística, o esquerdismo é derivado do tradicional espírito contestatório antiburguês no seio das artes. Desligando-se da atmosfera elitista com o advento da Idade Contemporânea, a classe adotou a visão burguesa do século XIX e em seguida migrou para o vanguardismo revolucionário do século XX. Compositores, cantores e teatrólogos, em todo o mundo, sempre foram alvos do fascínio exercido pela esquerda, embora nos regimes ditos socialistas a liberdade de criação seja limitada pelo partido único ou exercida dentro dos gulags.
Finalmente, da alta burocracia estatizante brota o “PT on the rocks” - o PT Romanée-Conti, safra de 1997 - ou seja, o petista de roupa de grife, sempre pronto a viajar para o exterior por conta do Estado, do próprio PT ou de partidos-irmãos. O “PT light” é uma tipologia que inclui uma afetada pseudo-erudição cultural, um ostensivo ar de sempre estar “por dentro” dos acontecimentos e um certo gosto por coisas boas e viagens exóticas, às custas do partido ou do Estado-Burguês - como a viagem de Benedita da Silva, quando ministra, para assistir a um culto em Buenos Aires - ... enquanto ele não é derrubado.
As seitas que compõem o PT estão filosoficamente estruturadas no credo marxista-leninista, no maoísmo, no castrismo, no trotskismo e até no anarquismo. Toda a raiz do partido - fundadores, quadros, militância e cúpula dirigente - é marxista dogmática, bastando, para confirmar essa afirmação, ler os documentos, revistas e jornais editados pelos diversas grupos, denominados tendências.
Os ditos social-democratas do PT, se é que os há, não têm a mínima possibilidade de influir no comando do partido, mas são úteis nas campanhas eleitorais, pois apresentam uma face civilizada aos ingênuos e indecisos. São grupos onde se encontram alguns empresários que se dizem modernos e julgam ser possível dialogar com os xiitas. Isso sempre foi útil e proveitoso para a esquerda, como o empresário paulista Celestino Paraventi foi útil ao PCB e a Prestes nos anos 30.
O III Congresso do Partido dos Trabalhadores foi convocado pelo Diretório Nacional do Partido (http://www.ptdf.org.br/documentotodo.asp?iddocumento=25) em reunião realizada dias 15 e 16 de novembro de 2006, muito embora o Estatuto partidário, aprovado em 11 de março de 2001 defina, no artigo 112 que “cabe à Comissão Executiva Nacional convocar o Congresso Nacional”. Mais adiante, contudo, no artigo 120, está escrito que “os Congressos serão convocados pelo Diretório Nacional”. Observe-se que esse Estatuto, um samba-do-crioulo-doido, foi aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O Congresso foi realizado dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro de 2007, na sede do partido em São Paulo.
Desde sua fundação, além dos três congressos o PT realizou treze encontros nacionais.
Apenas para recordar, o I Congresso foi realizado em São Bernardo do Campo (SP) entre 27 de novembro e 1º de dezembro de 1991 (10 anos após a constituição do partido), e abordou os seguintes temas: a) Socialismo, concepção e caminhos de sua construção; e b) Concepção e prática de construção e atuação partidária. Ao final, o I Congresso aprovou resoluções sobre Socialismo, Partido e Conjuntura.
O II Congresso foi realizado em Belo Horizonte (MG) entre os dias 24 e 28 de novembro de 1999, e teve como pauta: a) Vinte anos do Partido dos Trabalhadores; b) O Programa do PT; c) O momento atual e nossas propostas; e d) O PT: Concepção de partido e funcionamento. Ao final, o II Congresso aprovou o Programa da Revolução Democrática e reafirmou a resolução intitulada “O socialismo petista”, que fora aprovada pelo 7º Encontro Nacional, realizado em São Paulo entre os dias 31 de maio e 3 de junho de 1990.
O III Congresso, que agora se realizou, tratou da Construção do PT como instrumento político da classe trabalhadora e da atualização do Projeto Democrático, Popular e Socialista para o Brasil, e sua pauta foi a seguinte: a) O Brasil que queremos; b) O Socialismo Petista; c) PT: Concepção de partido e funcionamento.
As teses para o III Congresso estão consubstanciadas no vídeo intitulado “3º Congresso – parte 3 – Socialismo petista” (http://www.youtube.com/watch?v=VNPjm0qfByc), um vídeo de dez minutos de duração, onde uma militante faz uma dissertação sobre as primeiras associações operárias e a história do movimento operário no Brasil e no mundo, repetindo chavões já conhecidos, como “não há socialismo sem democracia e democracia sem socialismo”, “a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”. O vídeo é uma ode ao sindicalista Lula, quando descreve os diversos encontros nacionais e os dois congressos anteriores do partido. Finaliza abordando o “novo internacionalismo” proporcionado pelo Foro de São Paulo e Fóruns Sociais Mundiais, “modelos e resistência”.
O presidente Lula, em 1 de setembro, segundo dia do Congresso, pronunciou um discurso em plenário, no qual fez uma afirmação altamente controvertida e que suscitou comentários: “Ninguém neste País tem mais autoridade moral, ética e política do que o PT”, afirmação delirantemente aplaudida pelos presentes. Isso, depois do STF ter acolhido por unanimidade a denúncia feita contra os 40 quadrilheiros do mensalão, dos quais a maioria é militante ou vinculada de alguma forma ao partido da ética, inclusive três ex-ministros de Estado, um dos quais – José Dirceu - apontado pelo próprio Lula meses atrás, como o “capitão do time”, que costumava dizer que “nada fazia sem que o presidente soubesse”, agora promovido, pela denúncia, de “capitão do time” a “chefe de quadrilha”.
A oposição no Congresso Nacional - para quem esse tipo de comentário, na semana em que o STF abriu processo contra os 40 nomes do mensalão, soa como estímulo à impunidade - reagiu à afirmação de que ninguém tem mais autoridade moral e ética que os petistas. “Foi um discurso cínico, que remete a algum tipo de preocupação do presidente de que alguém possa falar mais do que já se sabe e comprometê-lo de forma definitiva” - disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). “O presidente Lula assumiu o terrível papel de arauto da impunidade, afirmando que o padrão ético é esse exibido pelo PT”, disse o senador José Agripino Maia (RN), líder do DEM. Já o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), disse que “na História do Brasil contemporâneo, nenhum outro partido, tendo chegado ao poder, se viu mergulhado em falcatruas, escândalos e foi processado como está agora o PT. Onde o presidente estava com a cabeça ao dizer que ninguém tem mais ética que o PT? Esse discurso não tem nenhum amparo factual”. Já o deputado Chico Alencar, ex-integrante do Diretório Nacional do PT, atual líder do P-Sol, foi também um dos críticos de Lula: “Com essas declarações ele transforma os traidores em companheiros e autoriza, no ambiente do PT, que nada se altere. Ele, que já não enxergava nada acontecendo ao seu redor, agora cria a ‘ilusão de ética’”.
Segundo a contundente análise do professor Aldo Fornazieri, diretor Acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em O Estado de São Paulo de 2 de setembro de 2007 (http://txt.estado.com.br/editorias/2007/09/02/opi-1.93.29.20070902.2.1.xml) da qual transcrevemos alguns fragmentos: “O 3º Congresso do PT está sendo marcado por uma forte retomada da bandeira do socialismo. Nas 11 teses inscritas, o tema do socialismo aparece como central em todas elas. Que as correntes mais esquerdistas do partido se mantenham fiéis ao ideário socialista é compreensível. O que surpreende é que a tese dos moderados, ‘Construindo um Novo Brasil’, também tenha centralizado sua narrativa em torno do tema do socialismo.
Existem três hipóteses para tentar entender esta guinada mais à esquerda do PT, particularmente dos moderados. Primeira hipótese: os moderados fizeram um discurso socialista visando a reaglutinar militância e força após o abalo suscitado pela crise do mensalão. Segunda hipótese: os moderados e o PT como um todo fizeram uma inflexão à esquerda como reação ao governo Lula, que não sinalizou avanços significativos em termos políticos e programáticos que pudessem caracterizá-lo como um governo claramente de esquerda. Terceira hipótese: a guinada esquerdista do PT está relacionada à disputa pela hegemonia na esquerda da América Latina. Qual o significado prático da esquerdização do PT? Aparentemente, nenhum. E a recaída socialista dos moderados é meramente retórica e não passa de um ardil político”.
Prossegue o professor Aldo Fornazieri: “Em relação à segunda hipótese, por exemplo, por mais socialista que seja o discurso do PT, ele não tem força para reorientar o governo. O governo Lula aglutina um espectro de forças que vai da centro-esquerda (PT, PCdoB, PSB) à centro-direita (PP, PTB, PRB). O seu centro de gravidade, no entanto, é dado pelo PMDB e pela influência de setores do mercado financeiro e da indústria. O discurso socialista também não mudará o novo contexto político da América Latina. O problema é que a face real do PT é dada pelo governo Lula. O PT deveria agradecer por este fato, já que o governo se tem mostrado bem mais sensato e realista do que o partido.
O PT assume um discurso socialista adotando, inclusive, a expressão “socialismo do século 21” (tese dos moderados), tal como a usa o presidente da Venezuela. Com isto parece que o PT quer dessemelhar-se do governo Lula e assemelhar-se ao ideário de Chávez”.
A análise dos moderados do PT, que assinam a tese Mensagem ao Partido, acredita ser possível combinar socialismo e democracia. “Para isso” – diz o professor Fornazieri – “destroem o conceito de socialismo, que, no seu significado estrito, expressa a noção de socialização dos meios de produção. A tese do socialismo democrático é um paradoxo em si: socialismo e democracia não são compatíveis, já que a socialização dos meios de produção não pode ser alcançada e mantida sem o uso de meios autoritários e até mesmo de violência”.
E conclui o professor Fornazieri: “Não há no conjunto das teses petistas uma preocupação central com um projeto de desenvolvimento, com a reforma do Estado, com a complexa questão da Amazônia, com o lugar do Brasil no mundo globalizado e na América Latina mais instável e com questões de segurança pública e de segurança e defesa nacional. Em resumo, as teses do Congresso do PT promovem uma fuga da política real para a política abstrata”.
Durante a sessão solene de abertura do Congresso, representando os cerca de 100 delegados, partidos e organizações de esquerda de 32 países - Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Chile, China, Colômbia, Coréia do Norte, Cuba, El Salvador, Espanha, EUA, França, Galícia - Espanha, Haiti, Honduras, Itália, Japão, México, Nicarágua, Palestina, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, República Saharaui, Síria, Suécia, Uruguai, Venezuela, Vietnã, falaram os representantes do Partido Comunista Cubano - Fernando Ramírez de Estenoz, chefe do Departamento de Relações Exteriores do PCC – e da Frente Ampla do Uruguai, saudando o Congresso:
Entre aplausos dos presentes, Ramirez de Estenoz obsequiou ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, um quadro da celebração do 1º de maio último na Praça da Revolução, em Havana.
Também faziam parte da delegação cubana Sergio Julio Cervantes Padilla, conhecido membro do Departamento América que por repetidas vezes, desde 1985, exerceu funções e cumpriu missões no Brasil sob cobertura diplomática, e Maria Antonia Ramos, funcionária do Departamento América.
Matérias aprovadas:
O texto-base da Resolução Política votado pelo plenário reafirma o caráter socialista, democrático e popular do partido. Uma contradição, pois se é socialista não é democrático e nem popular, uma vez que o socialismo, como é conhecido, oprime o homem. Um dos redatores desse texto foi Marco Aurélio Garcia, o MAG, eminência parda em matéria de política exterior, com gabinete no palácio do Planalto.
No último dia do Congresso, as eleições internas, previstas para 2008, foram antecipadas para 2 de dezembro (primeiro turno) e 16 de dezembro (segundo turno) de 2007. Os prováveis candidatos à direção do PT são Marta Suplicy,ministra do Turismo, Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social, Jacques Wagner, governador da Bahia e Fernando da Mata Pimentel, prefeito de Belo Horizonte.
Uma das discussões mais acirradas no Congresso foi a da emenda Por um Brasil de Mulheres e Homens Livres e Iguais, apresentada pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT, que em seu texto traz a defesa da “descriminalização do aborto e da regulamentação do atendimento de todos os casos no serviço público”. A emenda foi aprovada. O texto original trazia a expressão “legalização do aborto”, mas ela acabou substituída pela expressão “descriminalização do aborto”, após consenso entre os delegados do partido.
O PT terá um Código de Ética, a ser elaborado a partir de propostas apresentadas pela diversas tendências, que se comprometeram a buscar consenso sobre o texto após o Congresso. Um fato inusitado: o partido tem um Conselho de Ética, mas não tem um Código. As resoluções pontuais sobre Corregedoria, Sistema de Controle, Conselho Fiscal, Comissão de Ética e Conselho Nacional de Eleitos ficaram para o 14° Encontro Nacional do partido, que será realizado em 2009. Ou seja, o Congresso empurrou com a barriga...
Os delegados presentes aprovaram também o apoio ao plebiscito pela anulação do leilão da companhia Vale do Rio Doce, que está sendo realizado em todos as regiões do país até o próximo dia 7 de setembro.
Na tarde de sábado, dia 1 de setembro, foi aprovada a defesa de uma Constituinte exclusiva para elaborar uma ampla reforma política. Através dessa decisão, o PT quer comandar o movimento e as mobilizações pela criação da Constituinte. Em um acréscimo feito pouco antes do momento da votação, os autores estabeleceram que a instalação da Constituinte será precedida por um amplo debate com os movimentos sociais, sindicais e com partidos democráticos para definir a melhor forma e o prazo limite para concretizar o projeto.
"Nossa intenção é colocar o PT na liderança do processo e pôr os debates em marcha já neste ano”, disse o deputado federal Henrique Fontana, um dos defensores da emenda aprovada.
Ao final do Congresso foi aprovada por unanimidade u’a moção pedindo a “democratização das Forças Armadas” e criticando declarações de generais em defesa do regime militar (1964-1985): “O PT entende ser uma tarefa urgente de o governo brasileiro iniciar um processo de democratização das Forças Armadas, que precisam ser transformadas em instituições a serviço da população e da democracia”, diz a moção.
De acordo com o documento, “é inaceitável que alguns generais em postos de comando continuem a fazer manifestações públicas em defesa da ditadura, ou que as instituições militares possam constranger o regime democrático, colocando-se acima da lei ao desacatar decisões judiciais e administrativas legítimas”.
A moção pede também a abertura dos arquivos do regime militar. “Já há decisões judiciais ordenando a abertura dos arquivos militares, decisões essas desrespeitadas tanto pelo governo quanto pelas Forças Armadas. O governo Lula comprometeu-se a abrir tais arquivos, mas até agora não o fez”, diz o texto.
Temas inofensivos ou pitorescos não deixaram de ser abordados e considerados documentos oficiais do partido, como, por exemplo, moções em apoio aos índios tupiniquins do Espírito Santo, em defesa do adicional de periculosidade para carteiros e pelo banimento do amianto. Todas foram votadas em bloco, sem debate, num plenário já bastante esvaziado.
Em suma, o Congresso do PT aprovou a luta pela convocação de uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política; um plebiscito sobre a reestatização da Vale do Rio Doce; a manutenção à política de coalizão para 2010; a elaboraração de um Código de Ética para o partido; decidiu abraçar a campanha pela descriminalização do aborto; e uma última, à qual não foi dada nenhuma publicidade: a realização do XIV e XV encontros do Foro de São Paulo, em Montevidéu, no ano que vem e na Cidade do México em 2009.
E, além disso, atacou as Forças Armadas e os generais.
Vejam, senhores! Quem define em quais países e em que datas devem ser realizados os encontros do Foro de São Paulo – uma entidade que, para muitos, não existe e que não passa de uma divagação do filósofo Olavo de Carvalho e deste site Mídia sem Máscara -, é o Partido dos Trabalhadores!
Referências Bibliográficas:
- imprensa petista e imprensa em geral
- Araújo, André, livro Os Marxistas no Poder, 1995, editora do Centro de Estudos da Livre Empresa
- Azevedo, Clovis Bueno, livro A Estrela Partida ao Meio, 1995, editora Entrelinhas
- livreto O que é o PT, Secretaria Nacional de Formação Política do PT, junho de 1991
Nota Editoria MÍDIA SEM MÁSCARA: Sobre o assunto recomenda-se a leitura da Editoria FORO DE SÃO PAULO
Era uma época em que, parodiando o jornalista e ex-guerrilheiro urbano, atual ministro Franklin Martins, no prefácio que escreveu para o livro “Viagem à Luta Armada”, de Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, o último dos comandantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), o mercado já passava a ser a todo-poderosa entidade globalizada que hoje comanda a humanidade com a sua mão invisível, e não o lugar onde as donas de casa faziam compras; e a massa voltava a ser uma tentação para os que estão em dieta, e não a denominação dada ao povo a caminho de encontrar seu caminho revolucionário.
Uma época em que a insana luta armada, a guerrilha, os assaltos e os seqüestros de autoridades e aviões já haviam sido erradicados. Não sem sangue, suor e lágrimas, de ambos os lados, e sem que reputações fossem manchadas e carreiras abreviadas.
Foi nesse contexto que surgiu o PT, cujo desenvolvimento foi e continua sendo contemporâneo de um período de aceleradas e radicais transformações políticas e econômicas em nível internacional, que conduziram o final do século a um desfecho tão inesperado quanto incerto.
O indivíduo petista, pertencente à cúpula e à vanguarda intelectual do partido, os formadores das metas partidárias, pertence à classe média urbana basicamente vinculada a empregos públicos ou ao jornalismo, publicidade e meio acadêmico. Essas pessoas sempre constituíram a clássica vanguarda dos movimentos esquerdistas de todos os tempos, de Marx a Mao-Tsetung e de Fidel a Hugo Chávez.
O agrupamento auxiliar oportunista é constituído por elementos aproveitadores que se aproximam de qualquer poder ascendente para obter vantagens, aparecer na mídia, ficar na moda, ou compor situações políticas específicas. Podem ser incluídos nesse grupo os príncipes da burocracia enquistada no Executivo, Legislativo, Judiciário e também nas estatais.
A existência de empresários petistas e o engajamento de setores majoritários da Igreja pode ser considerada uma anomalia.
Existem vários PTs, tantos quanto as seitas que pululam em seu interior, com centralismo democrático e jornais próprios, difundindo cada uma a sua doutrina e não a aprovada e definida nos Encontros Nacionais e congressos do partido.
Na rede de ensino e no sistema de saúde pública, um clássico campo para o esquerdismo, são poucos os não esquerdistas.
Na imprensa, a influência petista tem início nas faculdades de Comunicação com professores, em sua maioria, da esquerda de todos os matizes. Como decorrência, o petismo estende-se às redações e, principalmente, ao núcleo mais jovem das tarefas de reportagem. O jornalismo investigativo - grande arma de poder político dos meios de comunicação - está hoje firmemente em mãos da esquerda, e o manejo eficiente e oportuno desse poder vem sendo uma das principais alavancas de que se vale a máquina do partido. Embora não eleito, pode ser dito que é um poder de Estado, o chamado quarto Poder.
Também o meio publicitário, por uma estranha alquimia, inexplicável à luz da razão, tornou-se esmagadoramente petista, esquecendo-se que nos regimes de democracia popular inexiste a profissão de publicitário.
Já na classe artística, o esquerdismo é derivado do tradicional espírito contestatório antiburguês no seio das artes. Desligando-se da atmosfera elitista com o advento da Idade Contemporânea, a classe adotou a visão burguesa do século XIX e em seguida migrou para o vanguardismo revolucionário do século XX. Compositores, cantores e teatrólogos, em todo o mundo, sempre foram alvos do fascínio exercido pela esquerda, embora nos regimes ditos socialistas a liberdade de criação seja limitada pelo partido único ou exercida dentro dos gulags.
Finalmente, da alta burocracia estatizante brota o “PT on the rocks” - o PT Romanée-Conti, safra de 1997 - ou seja, o petista de roupa de grife, sempre pronto a viajar para o exterior por conta do Estado, do próprio PT ou de partidos-irmãos. O “PT light” é uma tipologia que inclui uma afetada pseudo-erudição cultural, um ostensivo ar de sempre estar “por dentro” dos acontecimentos e um certo gosto por coisas boas e viagens exóticas, às custas do partido ou do Estado-Burguês - como a viagem de Benedita da Silva, quando ministra, para assistir a um culto em Buenos Aires - ... enquanto ele não é derrubado.
As seitas que compõem o PT estão filosoficamente estruturadas no credo marxista-leninista, no maoísmo, no castrismo, no trotskismo e até no anarquismo. Toda a raiz do partido - fundadores, quadros, militância e cúpula dirigente - é marxista dogmática, bastando, para confirmar essa afirmação, ler os documentos, revistas e jornais editados pelos diversas grupos, denominados tendências.
Os ditos social-democratas do PT, se é que os há, não têm a mínima possibilidade de influir no comando do partido, mas são úteis nas campanhas eleitorais, pois apresentam uma face civilizada aos ingênuos e indecisos. São grupos onde se encontram alguns empresários que se dizem modernos e julgam ser possível dialogar com os xiitas. Isso sempre foi útil e proveitoso para a esquerda, como o empresário paulista Celestino Paraventi foi útil ao PCB e a Prestes nos anos 30.
O III Congresso do Partido dos Trabalhadores foi convocado pelo Diretório Nacional do Partido (http://www.ptdf.org.br/documentotodo.asp?iddocumento=25) em reunião realizada dias 15 e 16 de novembro de 2006, muito embora o Estatuto partidário, aprovado em 11 de março de 2001 defina, no artigo 112 que “cabe à Comissão Executiva Nacional convocar o Congresso Nacional”. Mais adiante, contudo, no artigo 120, está escrito que “os Congressos serão convocados pelo Diretório Nacional”. Observe-se que esse Estatuto, um samba-do-crioulo-doido, foi aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O Congresso foi realizado dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro de 2007, na sede do partido em São Paulo.
Desde sua fundação, além dos três congressos o PT realizou treze encontros nacionais.
Apenas para recordar, o I Congresso foi realizado em São Bernardo do Campo (SP) entre 27 de novembro e 1º de dezembro de 1991 (10 anos após a constituição do partido), e abordou os seguintes temas: a) Socialismo, concepção e caminhos de sua construção; e b) Concepção e prática de construção e atuação partidária. Ao final, o I Congresso aprovou resoluções sobre Socialismo, Partido e Conjuntura.
O II Congresso foi realizado em Belo Horizonte (MG) entre os dias 24 e 28 de novembro de 1999, e teve como pauta: a) Vinte anos do Partido dos Trabalhadores; b) O Programa do PT; c) O momento atual e nossas propostas; e d) O PT: Concepção de partido e funcionamento. Ao final, o II Congresso aprovou o Programa da Revolução Democrática e reafirmou a resolução intitulada “O socialismo petista”, que fora aprovada pelo 7º Encontro Nacional, realizado em São Paulo entre os dias 31 de maio e 3 de junho de 1990.
O III Congresso, que agora se realizou, tratou da Construção do PT como instrumento político da classe trabalhadora e da atualização do Projeto Democrático, Popular e Socialista para o Brasil, e sua pauta foi a seguinte: a) O Brasil que queremos; b) O Socialismo Petista; c) PT: Concepção de partido e funcionamento.
As teses para o III Congresso estão consubstanciadas no vídeo intitulado “3º Congresso – parte 3 – Socialismo petista” (http://www.youtube.com/watch?v=VNPjm0qfByc), um vídeo de dez minutos de duração, onde uma militante faz uma dissertação sobre as primeiras associações operárias e a história do movimento operário no Brasil e no mundo, repetindo chavões já conhecidos, como “não há socialismo sem democracia e democracia sem socialismo”, “a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”. O vídeo é uma ode ao sindicalista Lula, quando descreve os diversos encontros nacionais e os dois congressos anteriores do partido. Finaliza abordando o “novo internacionalismo” proporcionado pelo Foro de São Paulo e Fóruns Sociais Mundiais, “modelos e resistência”.
O presidente Lula, em 1 de setembro, segundo dia do Congresso, pronunciou um discurso em plenário, no qual fez uma afirmação altamente controvertida e que suscitou comentários: “Ninguém neste País tem mais autoridade moral, ética e política do que o PT”, afirmação delirantemente aplaudida pelos presentes. Isso, depois do STF ter acolhido por unanimidade a denúncia feita contra os 40 quadrilheiros do mensalão, dos quais a maioria é militante ou vinculada de alguma forma ao partido da ética, inclusive três ex-ministros de Estado, um dos quais – José Dirceu - apontado pelo próprio Lula meses atrás, como o “capitão do time”, que costumava dizer que “nada fazia sem que o presidente soubesse”, agora promovido, pela denúncia, de “capitão do time” a “chefe de quadrilha”.
A oposição no Congresso Nacional - para quem esse tipo de comentário, na semana em que o STF abriu processo contra os 40 nomes do mensalão, soa como estímulo à impunidade - reagiu à afirmação de que ninguém tem mais autoridade moral e ética que os petistas. “Foi um discurso cínico, que remete a algum tipo de preocupação do presidente de que alguém possa falar mais do que já se sabe e comprometê-lo de forma definitiva” - disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). “O presidente Lula assumiu o terrível papel de arauto da impunidade, afirmando que o padrão ético é esse exibido pelo PT”, disse o senador José Agripino Maia (RN), líder do DEM. Já o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), disse que “na História do Brasil contemporâneo, nenhum outro partido, tendo chegado ao poder, se viu mergulhado em falcatruas, escândalos e foi processado como está agora o PT. Onde o presidente estava com a cabeça ao dizer que ninguém tem mais ética que o PT? Esse discurso não tem nenhum amparo factual”. Já o deputado Chico Alencar, ex-integrante do Diretório Nacional do PT, atual líder do P-Sol, foi também um dos críticos de Lula: “Com essas declarações ele transforma os traidores em companheiros e autoriza, no ambiente do PT, que nada se altere. Ele, que já não enxergava nada acontecendo ao seu redor, agora cria a ‘ilusão de ética’”.
Segundo a contundente análise do professor Aldo Fornazieri, diretor Acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em O Estado de São Paulo de 2 de setembro de 2007 (http://txt.estado.com.br/editorias/2007/09/02/opi-1.93.29.20070902.2.1.xml) da qual transcrevemos alguns fragmentos: “O 3º Congresso do PT está sendo marcado por uma forte retomada da bandeira do socialismo. Nas 11 teses inscritas, o tema do socialismo aparece como central em todas elas. Que as correntes mais esquerdistas do partido se mantenham fiéis ao ideário socialista é compreensível. O que surpreende é que a tese dos moderados, ‘Construindo um Novo Brasil’, também tenha centralizado sua narrativa em torno do tema do socialismo.
Existem três hipóteses para tentar entender esta guinada mais à esquerda do PT, particularmente dos moderados. Primeira hipótese: os moderados fizeram um discurso socialista visando a reaglutinar militância e força após o abalo suscitado pela crise do mensalão. Segunda hipótese: os moderados e o PT como um todo fizeram uma inflexão à esquerda como reação ao governo Lula, que não sinalizou avanços significativos em termos políticos e programáticos que pudessem caracterizá-lo como um governo claramente de esquerda. Terceira hipótese: a guinada esquerdista do PT está relacionada à disputa pela hegemonia na esquerda da América Latina. Qual o significado prático da esquerdização do PT? Aparentemente, nenhum. E a recaída socialista dos moderados é meramente retórica e não passa de um ardil político”.
Prossegue o professor Aldo Fornazieri: “Em relação à segunda hipótese, por exemplo, por mais socialista que seja o discurso do PT, ele não tem força para reorientar o governo. O governo Lula aglutina um espectro de forças que vai da centro-esquerda (PT, PCdoB, PSB) à centro-direita (PP, PTB, PRB). O seu centro de gravidade, no entanto, é dado pelo PMDB e pela influência de setores do mercado financeiro e da indústria. O discurso socialista também não mudará o novo contexto político da América Latina. O problema é que a face real do PT é dada pelo governo Lula. O PT deveria agradecer por este fato, já que o governo se tem mostrado bem mais sensato e realista do que o partido.
O PT assume um discurso socialista adotando, inclusive, a expressão “socialismo do século 21” (tese dos moderados), tal como a usa o presidente da Venezuela. Com isto parece que o PT quer dessemelhar-se do governo Lula e assemelhar-se ao ideário de Chávez”.
A análise dos moderados do PT, que assinam a tese Mensagem ao Partido, acredita ser possível combinar socialismo e democracia. “Para isso” – diz o professor Fornazieri – “destroem o conceito de socialismo, que, no seu significado estrito, expressa a noção de socialização dos meios de produção. A tese do socialismo democrático é um paradoxo em si: socialismo e democracia não são compatíveis, já que a socialização dos meios de produção não pode ser alcançada e mantida sem o uso de meios autoritários e até mesmo de violência”.
E conclui o professor Fornazieri: “Não há no conjunto das teses petistas uma preocupação central com um projeto de desenvolvimento, com a reforma do Estado, com a complexa questão da Amazônia, com o lugar do Brasil no mundo globalizado e na América Latina mais instável e com questões de segurança pública e de segurança e defesa nacional. Em resumo, as teses do Congresso do PT promovem uma fuga da política real para a política abstrata”.
Durante a sessão solene de abertura do Congresso, representando os cerca de 100 delegados, partidos e organizações de esquerda de 32 países - Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Chile, China, Colômbia, Coréia do Norte, Cuba, El Salvador, Espanha, EUA, França, Galícia - Espanha, Haiti, Honduras, Itália, Japão, México, Nicarágua, Palestina, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, República Saharaui, Síria, Suécia, Uruguai, Venezuela, Vietnã, falaram os representantes do Partido Comunista Cubano - Fernando Ramírez de Estenoz, chefe do Departamento de Relações Exteriores do PCC – e da Frente Ampla do Uruguai, saudando o Congresso:
Entre aplausos dos presentes, Ramirez de Estenoz obsequiou ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, um quadro da celebração do 1º de maio último na Praça da Revolução, em Havana.
Também faziam parte da delegação cubana Sergio Julio Cervantes Padilla, conhecido membro do Departamento América que por repetidas vezes, desde 1985, exerceu funções e cumpriu missões no Brasil sob cobertura diplomática, e Maria Antonia Ramos, funcionária do Departamento América.
Matérias aprovadas:
O texto-base da Resolução Política votado pelo plenário reafirma o caráter socialista, democrático e popular do partido. Uma contradição, pois se é socialista não é democrático e nem popular, uma vez que o socialismo, como é conhecido, oprime o homem. Um dos redatores desse texto foi Marco Aurélio Garcia, o MAG, eminência parda em matéria de política exterior, com gabinete no palácio do Planalto.
No último dia do Congresso, as eleições internas, previstas para 2008, foram antecipadas para 2 de dezembro (primeiro turno) e 16 de dezembro (segundo turno) de 2007. Os prováveis candidatos à direção do PT são Marta Suplicy,ministra do Turismo, Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social, Jacques Wagner, governador da Bahia e Fernando da Mata Pimentel, prefeito de Belo Horizonte.
Uma das discussões mais acirradas no Congresso foi a da emenda Por um Brasil de Mulheres e Homens Livres e Iguais, apresentada pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT, que em seu texto traz a defesa da “descriminalização do aborto e da regulamentação do atendimento de todos os casos no serviço público”. A emenda foi aprovada. O texto original trazia a expressão “legalização do aborto”, mas ela acabou substituída pela expressão “descriminalização do aborto”, após consenso entre os delegados do partido.
O PT terá um Código de Ética, a ser elaborado a partir de propostas apresentadas pela diversas tendências, que se comprometeram a buscar consenso sobre o texto após o Congresso. Um fato inusitado: o partido tem um Conselho de Ética, mas não tem um Código. As resoluções pontuais sobre Corregedoria, Sistema de Controle, Conselho Fiscal, Comissão de Ética e Conselho Nacional de Eleitos ficaram para o 14° Encontro Nacional do partido, que será realizado em 2009. Ou seja, o Congresso empurrou com a barriga...
Os delegados presentes aprovaram também o apoio ao plebiscito pela anulação do leilão da companhia Vale do Rio Doce, que está sendo realizado em todos as regiões do país até o próximo dia 7 de setembro.
Na tarde de sábado, dia 1 de setembro, foi aprovada a defesa de uma Constituinte exclusiva para elaborar uma ampla reforma política. Através dessa decisão, o PT quer comandar o movimento e as mobilizações pela criação da Constituinte. Em um acréscimo feito pouco antes do momento da votação, os autores estabeleceram que a instalação da Constituinte será precedida por um amplo debate com os movimentos sociais, sindicais e com partidos democráticos para definir a melhor forma e o prazo limite para concretizar o projeto.
"Nossa intenção é colocar o PT na liderança do processo e pôr os debates em marcha já neste ano”, disse o deputado federal Henrique Fontana, um dos defensores da emenda aprovada.
Ao final do Congresso foi aprovada por unanimidade u’a moção pedindo a “democratização das Forças Armadas” e criticando declarações de generais em defesa do regime militar (1964-1985): “O PT entende ser uma tarefa urgente de o governo brasileiro iniciar um processo de democratização das Forças Armadas, que precisam ser transformadas em instituições a serviço da população e da democracia”, diz a moção.
De acordo com o documento, “é inaceitável que alguns generais em postos de comando continuem a fazer manifestações públicas em defesa da ditadura, ou que as instituições militares possam constranger o regime democrático, colocando-se acima da lei ao desacatar decisões judiciais e administrativas legítimas”.
A moção pede também a abertura dos arquivos do regime militar. “Já há decisões judiciais ordenando a abertura dos arquivos militares, decisões essas desrespeitadas tanto pelo governo quanto pelas Forças Armadas. O governo Lula comprometeu-se a abrir tais arquivos, mas até agora não o fez”, diz o texto.
Temas inofensivos ou pitorescos não deixaram de ser abordados e considerados documentos oficiais do partido, como, por exemplo, moções em apoio aos índios tupiniquins do Espírito Santo, em defesa do adicional de periculosidade para carteiros e pelo banimento do amianto. Todas foram votadas em bloco, sem debate, num plenário já bastante esvaziado.
Em suma, o Congresso do PT aprovou a luta pela convocação de uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política; um plebiscito sobre a reestatização da Vale do Rio Doce; a manutenção à política de coalizão para 2010; a elaboraração de um Código de Ética para o partido; decidiu abraçar a campanha pela descriminalização do aborto; e uma última, à qual não foi dada nenhuma publicidade: a realização do XIV e XV encontros do Foro de São Paulo, em Montevidéu, no ano que vem e na Cidade do México em 2009.
E, além disso, atacou as Forças Armadas e os generais.
Vejam, senhores! Quem define em quais países e em que datas devem ser realizados os encontros do Foro de São Paulo – uma entidade que, para muitos, não existe e que não passa de uma divagação do filósofo Olavo de Carvalho e deste site Mídia sem Máscara -, é o Partido dos Trabalhadores!
Referências Bibliográficas:
- imprensa petista e imprensa em geral
- Araújo, André, livro Os Marxistas no Poder, 1995, editora do Centro de Estudos da Livre Empresa
- Azevedo, Clovis Bueno, livro A Estrela Partida ao Meio, 1995, editora Entrelinhas
- livreto O que é o PT, Secretaria Nacional de Formação Política do PT, junho de 1991
Nota Editoria MÍDIA SEM MÁSCARA: Sobre o assunto recomenda-se a leitura da Editoria FORO DE SÃO PAULO
Carlos I. S. Azambuja é historiador.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
JABOR
-Brasileiro é um povo solidário. Mentira. -Brasileiro é babaca. Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida;Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza;Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade. Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária.. É coisa de gente otária.
-Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão.
Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.
-Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.Brasileiro é vagabundo por excelência.
O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
- Brasileiro é um povo honesto. Mentira. - Já foi.
Hoje é uma qualidade em baixa. - Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. - Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime.
Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como "aviãozinho" do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.
Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.
- O Brasil é um pais democrático. Mentira.
Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.
Num país onde todos têm direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.
Democracia isso? Pense !- O famoso jeitinho brasileiro.Na minha opinião um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um "gato" puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.
No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto...malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né? Grande coisa...- O Brasil é o país do futuro.
Caramba , meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram.. Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.- Deus é brasileiro. Puxa, essa eu não vou nem comentar...
O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.
- Para finalizar tiro minha conclusão:
O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão.Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?
FAÇA A SUA PARTE
REPASSE !!
-Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão.
Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.
-Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.Brasileiro é vagabundo por excelência.
O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
- Brasileiro é um povo honesto. Mentira. - Já foi.
Hoje é uma qualidade em baixa. - Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. - Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime.
Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como "aviãozinho" do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.
Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.
- O Brasil é um pais democrático. Mentira.
Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.
Num país onde todos têm direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.
Democracia isso? Pense !- O famoso jeitinho brasileiro.Na minha opinião um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um "gato" puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.
No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto...malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né? Grande coisa...- O Brasil é o país do futuro.
Caramba , meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram.. Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.- Deus é brasileiro. Puxa, essa eu não vou nem comentar...
O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.
- Para finalizar tiro minha conclusão:
O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão.Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?
FAÇA A SUA PARTE
REPASSE !!
juridico.............
Direito de Família.
Vejam só o que diz o ilustre Jurista Washington de Barros Monteiro, em seu Curso de Direito Civil (Volume 2, Direito de Família, página 117):
Esse Jurista é demais, vejam só...
"Entretanto, do ponto de vista puramente psicológico, torna-se sem dúvida mais grave o adultério da mulher. Quase sempre, a infidelidade no homem é fruto de capricho passageiro ou de um desejo momentâneo. Seu deslize não afeta de modo algum o amor pela mulher. O adultério desta, ao réves, vemdemonstrar que se acham definitivamente rotos os laços afetivos que a prendiam ao marido e irremediavelmente comprometida a estabelecida estabilidade do lar.
Para o homem, escreve Somersen Maugham, uma ligação passageira não tem significação sentimental ao passo que para mulher tem. Além disso, os filhos adulterinos que a mulher venha a ter, ficarão necessaria-mente ao cargo do marido, o que agrava IMORALIDADE, enquanto os filhos do marido com a amante jamais estarão sob os cuidados da esposa. Por outras palavras, o adultério da mulher transfere para o marido o encargo e alimentar prole alheia, ao passo que não terá essa conseqüência o adultério do marido. Por isso, a sociedade encara de modo mais severo o adultério da primeira."
CONCLUSÃO:
O homem não é infiel, ele apenas tem "Caprichos Passageiros".
P.S.: O cara é um gênio!!! Agora os homens já têm embasamento jurídico para as noitadas!!!
Vejam só o que diz o ilustre Jurista Washington de Barros Monteiro, em seu Curso de Direito Civil (Volume 2, Direito de Família, página 117):
Esse Jurista é demais, vejam só...
"Entretanto, do ponto de vista puramente psicológico, torna-se sem dúvida mais grave o adultério da mulher. Quase sempre, a infidelidade no homem é fruto de capricho passageiro ou de um desejo momentâneo. Seu deslize não afeta de modo algum o amor pela mulher. O adultério desta, ao réves, vemdemonstrar que se acham definitivamente rotos os laços afetivos que a prendiam ao marido e irremediavelmente comprometida a estabelecida estabilidade do lar.
Para o homem, escreve Somersen Maugham, uma ligação passageira não tem significação sentimental ao passo que para mulher tem. Além disso, os filhos adulterinos que a mulher venha a ter, ficarão necessaria-mente ao cargo do marido, o que agrava IMORALIDADE, enquanto os filhos do marido com a amante jamais estarão sob os cuidados da esposa. Por outras palavras, o adultério da mulher transfere para o marido o encargo e alimentar prole alheia, ao passo que não terá essa conseqüência o adultério do marido. Por isso, a sociedade encara de modo mais severo o adultério da primeira."
CONCLUSÃO:
O homem não é infiel, ele apenas tem "Caprichos Passageiros".
P.S.: O cara é um gênio!!! Agora os homens já têm embasamento jurídico para as noitadas!!!
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Não se pode ter razão contra o partido”
(Trotsky, XIII Congresso do PCUS, 1924)
(Trotsky, XIII Congresso do PCUS, 1924)
Após mais de uma década de separação, a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) e o Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo (CITO) decidiram se reunificar no próximo Congresso Mundial da LIT-QI, a ser realizado em março de 2008. Essa decisão é o resultado de mais de três anos de discussões, reuniões conjuntas, políticas comuns sobre os principais fatos da luta de classes e ação unificada nos países onde existem partidos das duas organizações.
Ambos defendem a Revolução Socialista Mundial, mas consideram que não há revolução socialista se as fábricas não forem expropriadas, se os bancos e o comércio dos capitalistas nacionais e estrangeiros não passarem para as mãos dos trabalhadores, e se não for estabelecido um Governo Operário, Camponês e Popular, isto é, uma Ditadura Revolucionária do Proletariado que funcione com democracia operária, tal como o regime estabelecido pelo Partido Bolchevique de Lenin e Trotsky de 1917 a 1924, considerados pelos trotskistas “os anos épicos da grande Revolução Russa, o regime mais democrático que a humanidade conheceu”.
Vejam um trecho de um documento de autoria do Secretariado da Liga Internacional dos Trabalhadores/Quarta Internacional, cuja sede é na Argentina, datado de 12 de março de 2007, cujo representante no Brasil é o grupo trotskista Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), tornado legal pela Justiça Eleitoral, muito embora seus objetivos sejam a derrubada do regime político representativo tal como definido pela Constituição brasileira e muito embora seja também uma extensão de um grupo político internacional:
“A luta pela democracia operária implica uma batalha sem tréguas contra as burocracias sindicais e políticas que governam os organismos de massas da classe operária com métodos de gangsters, que impedem os operários de discutir abertamente em assembléias as tarefas e as políticas contra o jugo da exploração capitalista. A luta pela democracia operária significa, em última análise, a batalha para que seja novamente a classe operária, com seus métodos, que se coloque à frente de todos o explorados na luta contra o imperialismo e seus aliados, diretos ou indiretos, que se opõem à substituição do capitalismo pelo socialismo tal como Marx o concebeu e tal como foi implementado pelo Partido Bolchevique nos primeiros anos da Revolução Russa. A luta pela democracia operária significa, ao mesmo tempo, o mais intransigente combate ideológico e político contra todas as expressões da democracia burguesa que, com seu parlamentarismo formal, desvia os trabalhadores da luta contra o capitalismo imperialista, mantendo-o sob a dominação política de seus inimigos de classe”.
“Somos contra todos os governos de Frente Popular como os de Lula, Evo Morales e Tabaré Vásquez. Todos esses são governos da burguesia, que estão aplicando os planos do imperialismo e das burguesias nacionais. Estamos igualmente contra governos nacionalistas burgueses como o de Chávez, na Venezuela, Correa no Equador e Ortega na Nicarágua, que sob o falso disfarce de enfrentamento com o imperialismo e do ‘socialismo do século XXI’, não têm outro objetivo a não ser preservar a exploração capitalista e desviar a mobilização da classe operária e das massas trabalhadoras. Combatemos igualmente as correntes que, como o lambertismo e o mandelismo do Secretariado Unificado da Quarta Internacional, que renunciaram à tradição leninista e trotskista ao se integrarem ao governo burguês de Lula”. Para nós, as velhas consignas dos fundadores da Primeira Internacional mantêm toda sua vigência: ‘A libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores e Proletários de todo o mundo, uni-vos!’”
“Para cumprir essas tarefas é necessária a construção de um Partido Mundial da Revolução, que funcione com centralismo democrático; que faça da classe operária o centro de sua ação; que tenha como razão de ser a luta pelo poder em cada país e no mundo, para que seja a classe operária a detentora do poder de Estado; e que faça da teoria revolucionária uma de suas principais ferramentas para definir o programa e as palavras de ordem. Ou seja, um partido leninista de combate para destruir o capitalismo imperialista, que se oponha a ele e dispute a consciência e a direção dos trabalhadores com os chamados ‘partidos anticapitalistas’, que sob seu palavrório ‘socialista’, ocultam sua verdadeira intenção de renunciar à luta aberta de classes contra os governos burgueses e contra o imperialismo”.
“Defendemos a derrota militar dos exércitos de ocupação no Iraque e o triunfo da resistência do povo iraquiano. Colocamos-nos ao lado daqueles que defendem a derrota militar dos exércitos das Nações Unidas e pelo triunfo da resistência popular no Afeganistão. Exigimos a retirada imediata das tropas das Nações Unidas e da OTAN, que são tropas imperialistas, de Kosovo, do Haiti e de todos os países que estão sob intervenção com desculpas ‘humanitárias’. Chamamos os trabalhadores e os povos da Venezuela, Brasil, Bolívia, Uruguai, Equador, Nicarágua e Argentina a abandonar toda ilusão nos governos de seus países e a enfrentar seus planos com a mobilização. Todos esses governos são burgueses” (http://www.pstu.org.br/internacional_materia.asp?id=6590&ida=0).
O que é a Liga Internacional dos Trabalhadores/Quarta Internacional (LIT/QI)
A LIT/QI foi constituída em de 1981, pelo argentino Hugo Miguel Bressano (“Nahuel Moreno”). É herdeira da Tendência Bolchevique, posteriormente ex-Fração Bolchevique, constituídas e dirigidas por Ernesto Gonzalez e “Nahuel Moreno”, já falecidos. Em 1992/1994, a partir de uma crise no Movimiento Al Socialismo (MAS), grupo trotskista argentino, quando do V Congresso Mundial da IV Internacional, ocorreram cinco cisões e formações de correntes em nível internacional, dando surgimento ao Centro Internacional de Reconstrução (CIR); à Tendência Bolchevique Internacionalista (TBI), logo transformada no Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo (CITO), que é dirigido pelo Partido Socialista dos Trabalhadores colombiano e onde está agrupada a maioria dos grupos e partidos da América Central; à Tendência Morenista, logo transformada na União Internacional dos Trabalhadores (UIT), vinculada ao Movimento Socialista dos Trabalhadores argentino; à Fração de Esquerda, vinculada ao grupo Socialismo Revolucionário italiano, que abandonou o trotskismo; à Tendência Reconstrução, atual Liga Internacional dos Trabalhadores, dirigida pelo PSTU brasileiro, à qual o MAS argentino e o PRT da Costa Rica estão vinculados; à tendência Corrente Proletária da LIT.
Atualmente, o Morenismo, como corrente internacional, se encontra em um processo de “re-reorganização”, que combina alguns dos reagrupamentos acima mencionados, como um setor do CITO e da LIT e novas divisões, dentro das quais se destacam a expulsão do MAS argentino da LIT, o que ocasionou a formação da corrente internacional Socialismo e Barbárie e a ruptura do MST em duas organizações: o MST Alternativa e o MST Esquerda Socialista e a construção da Liga Socialista Internacional. Era essa a situação em fevereiro de 2007. Na França e Espanha as seções da LIT fundiram-se com os grupos lambertistas e, na Inglaterra, com os grupos The Militant e Socialist Worker Party (SWP).
Organizações que integram a LIT/QI:
ARGENTINA • Frente Obrero Socialista - FOS, AUSTRÁLIA • International Socialist League, BOLÍVIA • Movimiento Socialista de los Trabajadores. COSTA RICA • Partido Obrero Socialista e • Movimiento de Trabajadores y Campesinos – MTC, CHILE • Movimiento por el Socialismo, EQUADOR • Movimiento al Socialismo (MAS), FRANÇA • Groupe Socialiste Internacionaliste, ESPANHA • Partido Revolucionário de los Trabajadores, • Lucha Internacionalista, HAITI • Ligue Comunista Internacionaliste des Travailleurs, PARAGUAI • Partido de los Trabajadores, PERU • Partido Socialista de los Trabajadores, PORTUGAL • Frente de Esquerda Revolucionária, REPUBLICA DOMINICANA • Partido Revolucionario Socialista, TURQUIA • Enternasyonal Bülten, INGLATERRA • International Socialist League.
Em 1999, a LIT, através do KORKOOM (Comitê Coordenador para a Construção de um Partido Operário Internacional) passou a editar a revista Marxismo Vivo, dedicada ao debate teórico, programático e político. Também o tablóide Correo Internacional, porta-voz da LIT, a partir de março de 2000 passou a ser difundido no Brasil como encarte ao jornal do PSTU.
“Jonas Potiguar” (possivelmente codinome utilizado pelo brasileiro Eduardo de Almeida Neto), membro do Comitê Central do PSTU e da Comissão Executiva Internacional da LIT, é o editor da revista Correo Internacional; escreveu um artigo sobre o tema Narcotráfico, publicado no Opinião Socialista de 10 de dezembro de 1999/25 de janeiro de 2000, sendo apresentado pelo jornal como “dirigente da LIT”.
Martin Hernandez é um dos membros do Comitê Central e da Comissão Executiva Internacional (CEI) da LIT, autor do trabalho intitulado Dez Anos de Entrismo no PT, que resume a experiência dos trotskistas brasileiros na década de 80 dentro do Partido dos Trabalhadores.
O que é o Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo (CITO) (http://www.geocities.com/CapitolHill/Lobby/6106/declarar.htm).
O Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo (CITO) surgiu em julho de 1994 a partir da ruptura de seus componentes com a Liga Internacional dos Trabalhadores. O CITO reivindica a tradição do marxismo revolucionário (expressão que significa trotskismo) como sua herança teórica. Entre os principais documentos dessa herança estão o Manifesto Comunista, os quatro primeiros congressos da Internacional Comunista, o Programa de Transição da Quarta Internacional e a atualização do Programa de Transição, efetuada por “Nahuel Moreno”.
O CITO rompeu com a direção da LIT alegando que esta abandonou o método do Programa de Transição e cedeu às pressões da reação democrática, como demonstram suas políticas concretas em múltiplas latitudes. Para o CITO, a LIT também “abandonou o Programa de Transição e adotou um programa etapista”; apoiou: uma campanha de ajuda operária internacional à Bósnia, com apoio político, militar e financeiro do imperialismo; a ala esquerda da política do imperialismo e da burocracia na ex-URSS; a colaboração com o imperialismo espanhol e a política de Felipe Gonzalez; a capitulação da Somália à invasão imperialista; a Europa Ocidental e a resistência ao Acordo de Maastricht; as eleições gerais no Brasil e a democracia radical; o PT nas eleições de 1996; a política democrática burguesa do Exército Zapatista, no México; a propaganda abstrata e o chamado a votar e votar, na Argentina.
O CITO combate em favor do reagrupamento dos revolucionários do mundo inteiro e promove o intercâmbio de opiniões e experiências nessa perspectiva. “Estamos conscientes de nossas limitações, escassos recursos e marginalidade, e cremos que para avançar em direção à construção do Partido Mundial da Revolução Socialista, pelo qual lutaram Marx, Engels, Lênin e Trotsky, é imprescindível promover o mais amplo debate, a fim de interpretar da forma mais acertada a situação internacional e procurar as vias mais adequadas para a construção dos partidos revolucionários nacionais da Quarta Internacional”.
O que é o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Em maio/junho de 1992, o grupo trotskista Convergência Socialista foi expulso do PT, sob a acusação de “radicalismo extremado”. Um mês depois, em julho de 1992, a Convergência e outros sete grupos minoritários constituíram a Frente Revolucionária, com o objetivo de construir o “partido da Revolução”.
Em abril de 1993, a Convergência e alguns grupos que integravam a Frente Revolucionária constituíram o Movimento Pró-PSTU.
Em junho de 1994 foi realizado em São Paulo o Congresso de Fundação do PSTU, sendo eleita uma Coordenação Nacional composta por 37 membros, 18 dos quais (maioria absoluta) eram militantes da Convergência Socialista. O PSTU atribuiu a sua formação “à claudicação de setores de esquerda e da direção majoritária do PT diante da institucionalidade burguesa, a adaptação do programa a uma estratégia de colaboração de classes e da aceitação da ‘vitória’ do capitalismo”.
A Frente Revolucionária, composta pelos grupos que não aceitaram o PSTU, continuou a existir, por um certo tempo, em vários Estados.
O PSTU atuou no Movimento Sindical, dentro da CUT, através da tendência “MTS- Movimento por uma Tendência Socialista”. Seu órgão de formação política é o “IES-Instituto de Estudos Socialistas”. Atualmente seu braço sindical é a Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas (uma coordenação composta por entidades sindicais, organizações populares, movimentos sociais etc., fundado em janeiro de 2005, em Porto Alegre, por ocasião do V Fórum Social Mundial. Tem como objetivo organizar a luta contra as “reformas neoliberais do governo Lula - Sindical/Trabalhista, Universitária, Tributária e Judiciária - e também contra o modelo econômico que o governo aplica no país, seguindo as diretrizes do FMI”), e o órgão para intervenção no movimento estudantil é o Conlute – Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes; a Conlute foi criada no Encontro Nacional contra a Reforma Universitária no Rio de Janeiro em maio de 2004, em um Encontro realizado na UFRJ, que teve a presença de 1.500 estudantes - antes da Conlutas, portanto. Seu objetivo é inserir os estudantes na luta contra as políticas educacionais e econômicas do governo Lula e construir uma alternativa de direção para o movimento estudantil, “tendo em vista a falência e o governismo da UNE”, há mais de 30 anos um feudo do Partido Comunista do Brasil através da UJS-União da Juventude Socialista.
"Queremos ajudar a construir uma democracia. Essa que está aí não é a nossa democracia. Acreditamos no socialismo e na revolução, mas Cuba, por exemplo, não é uma referência para nós. Estamos indignados com tudo o que está acontecendo. Daí o `Fora todos´" - diz Júlia Eberhardt, de 25 anos, uma das "organizadoras" do Conlute. Julia Eberhardt é militante do PSTU e integrante do grupo Ruptura, da Juventude do PSTU. No 49º Congresso da UNE, realizado em Goiânia/GO de 29 de junho a 03 de julho de 2005, foi eleita para integrar a diretoria da União Nacional de Estudantes. Júlia ficou na diretoria executiva da UNE até janeiro de 2006, quando ela e outros integrantes do PSTU decidiram romper com a UNE e com a UBES-União Brasileira de Estudantes Secundaristas, “feudos do PC do B”.
Cursos de formação política socialista são ministrados, desde 1996, a trabalhadores, estudantes, membros de organizações de esquerda e de movimentos populares, pelo Instituto de Estudos Socialistas (IES). A constituição do IES deveu-se, segundo a visão de seus fundadores, ao “mar de confusão surgido junto à classe trabalhadora e à juventude de todo o mundo face ao pretexto que ideólogos do capitalismo passaram a difundir sobre o fim do socialismo e vitória da economia de mercado”. Como consequência disso, muitos socialistas – segundo os fundadores do IES – sucumbiram à propaganda imperialista.
“Todavia”, prosseguem os fundadores do IES, “a História não se conta em anos, mas em décadas e séculos, e é caprichosa em desmentir as farsas. Assim como mostrou que as ditaduras stalinistas eram o oposto do verdadeiro socialismo, não demorará a desmascarar o paraíso capitalista. A política de colaboração de classes, praticada por lideranças dos trabalhadores, só ajuda ao capital a manter a atual situação e miséria para milhões de despossuídos. Em todo esse contexto, o Instituto de Formação e Estudos Socialistas nasce reivindicando o método do socialismo científico, não como um dogma, mas como o que de melhor produziu a mente humana como instrumento de investigação, análise e para a ação. Nasce a serviço dos trabalhadores e de um projeto transformador e revolucionário, mas, ao mesmo tempo, autônomo, independente e plural. Reivindica a autonomia do conhecimento em relação às estruturas políticas e critica o pensamento único. Nasce para fomentar e transformar-se em um canal nacional de discussão e estudo de temas candentes em todo um mundo em constante transformação, e acreditando, como os mestres do socialismo, que não existe política verdadeiramente transformadora sem que seja guiada pela teoria, pelo estudo e pela compreensão profunda da realidade. Considera que o socialismo vive mais do que nunca na luta dos trabalhadores, em cada greve, em cada ocupação de terra e em cada mínima luta dos oprimidos, lutas que são a garantia da necessidade, do sucesso, do crescimento e da afirmação do IES”.
A sede do IES é na rua Domingos de Morais 348, sala 46, Vila Mariana, São Paulo.
Finalmente, o PSTU e a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) promoveram uma homenagem a Nahuel Moreno, dirigente revolucionário argentino e fundador da LIT. “20 anos sem Moreno – Uma vida construindo uma Internacional operária e marxista para a revolução socialista” no dia 3 de março de 2007 no auditório Simon Bolívar, do Memorial da América Latina, em SãoPaulo.
Durante o evento, dirigentes de vários partidos que hoje fazem parte da LIT, falaram sobre sua trajetória e elaborações políticas. Dentre eles Eduardo Almeida Neto (PSTU – Brasil), Angel Luís Parras (Partido Revolucionário dos Trabalhadores da Espanha), Alicia Sagra (Frente Operária Socialista – Argentina) e Valério Torres (Partido de Alternativa Comunista, da Itália, que recentemente aderiu à LIT), Oscar Angel, dirigente do Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo(Cito) e do Partido Socialista dos Trabalhadores (Colômbia). Além disso, representantes de organizações que reivindicam a tradição morenista, como Miguel Sorans (da União Internacional dos Trabalhadores e da Esquerda Socialista – Argentina) e João Batista de Araujo, o Babá (Corrente Socialista dos Trabalhadores/PSOL). Independente de saber se até 8 de março de 2008 estarão superadas as divergências irreconciliáveis que separaram o CITO da LIT: o abandono, por parte da LIT, do método do Programa de Transição; o apoio a: uma campanha de ajuda operária internacional à Bósnia, a colaboração com o imperialismo espanhol e a política de Felipe González; à capitulação da Somália à invasão imperialista; à Europa Ocidental e à resistência ao Acordo de Maastricht; às eleições gerais no Brasil; ao PT nas eleições de 1996; à política democrática burguesa do Exército Zapatista, no México; à propaganda abstrata e o chamado a votar e votar, na Argentina, torna-se interessante recordar o que estatui o artigo 5º da Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei 9096 de 19 de setembro de 1995):
–“A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros”.
A Constituição, por sua vez, define que:
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes”.
É lamentável que o Tribunal Superior Eleitoral ignorando esses preceitos tenha registrado, tornando legal, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado e, mais recentemente, o Partido do Socialismo e Liberdade, que se autodefinem como “partidos leninistas de combate para destruir o capitalismo imperialista”.
Ambos defendem a Revolução Socialista Mundial, mas consideram que não há revolução socialista se as fábricas não forem expropriadas, se os bancos e o comércio dos capitalistas nacionais e estrangeiros não passarem para as mãos dos trabalhadores, e se não for estabelecido um Governo Operário, Camponês e Popular, isto é, uma Ditadura Revolucionária do Proletariado que funcione com democracia operária, tal como o regime estabelecido pelo Partido Bolchevique de Lenin e Trotsky de 1917 a 1924, considerados pelos trotskistas “os anos épicos da grande Revolução Russa, o regime mais democrático que a humanidade conheceu”.
Vejam um trecho de um documento de autoria do Secretariado da Liga Internacional dos Trabalhadores/Quarta Internacional, cuja sede é na Argentina, datado de 12 de março de 2007, cujo representante no Brasil é o grupo trotskista Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), tornado legal pela Justiça Eleitoral, muito embora seus objetivos sejam a derrubada do regime político representativo tal como definido pela Constituição brasileira e muito embora seja também uma extensão de um grupo político internacional:
“A luta pela democracia operária implica uma batalha sem tréguas contra as burocracias sindicais e políticas que governam os organismos de massas da classe operária com métodos de gangsters, que impedem os operários de discutir abertamente em assembléias as tarefas e as políticas contra o jugo da exploração capitalista. A luta pela democracia operária significa, em última análise, a batalha para que seja novamente a classe operária, com seus métodos, que se coloque à frente de todos o explorados na luta contra o imperialismo e seus aliados, diretos ou indiretos, que se opõem à substituição do capitalismo pelo socialismo tal como Marx o concebeu e tal como foi implementado pelo Partido Bolchevique nos primeiros anos da Revolução Russa. A luta pela democracia operária significa, ao mesmo tempo, o mais intransigente combate ideológico e político contra todas as expressões da democracia burguesa que, com seu parlamentarismo formal, desvia os trabalhadores da luta contra o capitalismo imperialista, mantendo-o sob a dominação política de seus inimigos de classe”.
“Somos contra todos os governos de Frente Popular como os de Lula, Evo Morales e Tabaré Vásquez. Todos esses são governos da burguesia, que estão aplicando os planos do imperialismo e das burguesias nacionais. Estamos igualmente contra governos nacionalistas burgueses como o de Chávez, na Venezuela, Correa no Equador e Ortega na Nicarágua, que sob o falso disfarce de enfrentamento com o imperialismo e do ‘socialismo do século XXI’, não têm outro objetivo a não ser preservar a exploração capitalista e desviar a mobilização da classe operária e das massas trabalhadoras. Combatemos igualmente as correntes que, como o lambertismo e o mandelismo do Secretariado Unificado da Quarta Internacional, que renunciaram à tradição leninista e trotskista ao se integrarem ao governo burguês de Lula”. Para nós, as velhas consignas dos fundadores da Primeira Internacional mantêm toda sua vigência: ‘A libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores e Proletários de todo o mundo, uni-vos!’”
“Para cumprir essas tarefas é necessária a construção de um Partido Mundial da Revolução, que funcione com centralismo democrático; que faça da classe operária o centro de sua ação; que tenha como razão de ser a luta pelo poder em cada país e no mundo, para que seja a classe operária a detentora do poder de Estado; e que faça da teoria revolucionária uma de suas principais ferramentas para definir o programa e as palavras de ordem. Ou seja, um partido leninista de combate para destruir o capitalismo imperialista, que se oponha a ele e dispute a consciência e a direção dos trabalhadores com os chamados ‘partidos anticapitalistas’, que sob seu palavrório ‘socialista’, ocultam sua verdadeira intenção de renunciar à luta aberta de classes contra os governos burgueses e contra o imperialismo”.
“Defendemos a derrota militar dos exércitos de ocupação no Iraque e o triunfo da resistência do povo iraquiano. Colocamos-nos ao lado daqueles que defendem a derrota militar dos exércitos das Nações Unidas e pelo triunfo da resistência popular no Afeganistão. Exigimos a retirada imediata das tropas das Nações Unidas e da OTAN, que são tropas imperialistas, de Kosovo, do Haiti e de todos os países que estão sob intervenção com desculpas ‘humanitárias’. Chamamos os trabalhadores e os povos da Venezuela, Brasil, Bolívia, Uruguai, Equador, Nicarágua e Argentina a abandonar toda ilusão nos governos de seus países e a enfrentar seus planos com a mobilização. Todos esses governos são burgueses” (http://www.pstu.org.br/internacional_materia.asp?id=6590&ida=0).
O que é a Liga Internacional dos Trabalhadores/Quarta Internacional (LIT/QI)
A LIT/QI foi constituída em de 1981, pelo argentino Hugo Miguel Bressano (“Nahuel Moreno”). É herdeira da Tendência Bolchevique, posteriormente ex-Fração Bolchevique, constituídas e dirigidas por Ernesto Gonzalez e “Nahuel Moreno”, já falecidos. Em 1992/1994, a partir de uma crise no Movimiento Al Socialismo (MAS), grupo trotskista argentino, quando do V Congresso Mundial da IV Internacional, ocorreram cinco cisões e formações de correntes em nível internacional, dando surgimento ao Centro Internacional de Reconstrução (CIR); à Tendência Bolchevique Internacionalista (TBI), logo transformada no Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo (CITO), que é dirigido pelo Partido Socialista dos Trabalhadores colombiano e onde está agrupada a maioria dos grupos e partidos da América Central; à Tendência Morenista, logo transformada na União Internacional dos Trabalhadores (UIT), vinculada ao Movimento Socialista dos Trabalhadores argentino; à Fração de Esquerda, vinculada ao grupo Socialismo Revolucionário italiano, que abandonou o trotskismo; à Tendência Reconstrução, atual Liga Internacional dos Trabalhadores, dirigida pelo PSTU brasileiro, à qual o MAS argentino e o PRT da Costa Rica estão vinculados; à tendência Corrente Proletária da LIT.
Atualmente, o Morenismo, como corrente internacional, se encontra em um processo de “re-reorganização”, que combina alguns dos reagrupamentos acima mencionados, como um setor do CITO e da LIT e novas divisões, dentro das quais se destacam a expulsão do MAS argentino da LIT, o que ocasionou a formação da corrente internacional Socialismo e Barbárie e a ruptura do MST em duas organizações: o MST Alternativa e o MST Esquerda Socialista e a construção da Liga Socialista Internacional. Era essa a situação em fevereiro de 2007. Na França e Espanha as seções da LIT fundiram-se com os grupos lambertistas e, na Inglaterra, com os grupos The Militant e Socialist Worker Party (SWP).
Organizações que integram a LIT/QI:
ARGENTINA • Frente Obrero Socialista - FOS, AUSTRÁLIA • International Socialist League, BOLÍVIA • Movimiento Socialista de los Trabajadores. COSTA RICA • Partido Obrero Socialista e • Movimiento de Trabajadores y Campesinos – MTC, CHILE • Movimiento por el Socialismo, EQUADOR • Movimiento al Socialismo (MAS), FRANÇA • Groupe Socialiste Internacionaliste, ESPANHA • Partido Revolucionário de los Trabajadores, • Lucha Internacionalista, HAITI • Ligue Comunista Internacionaliste des Travailleurs, PARAGUAI • Partido de los Trabajadores, PERU • Partido Socialista de los Trabajadores, PORTUGAL • Frente de Esquerda Revolucionária, REPUBLICA DOMINICANA • Partido Revolucionario Socialista, TURQUIA • Enternasyonal Bülten, INGLATERRA • International Socialist League.
Em 1999, a LIT, através do KORKOOM (Comitê Coordenador para a Construção de um Partido Operário Internacional) passou a editar a revista Marxismo Vivo, dedicada ao debate teórico, programático e político. Também o tablóide Correo Internacional, porta-voz da LIT, a partir de março de 2000 passou a ser difundido no Brasil como encarte ao jornal do PSTU.
“Jonas Potiguar” (possivelmente codinome utilizado pelo brasileiro Eduardo de Almeida Neto), membro do Comitê Central do PSTU e da Comissão Executiva Internacional da LIT, é o editor da revista Correo Internacional; escreveu um artigo sobre o tema Narcotráfico, publicado no Opinião Socialista de 10 de dezembro de 1999/25 de janeiro de 2000, sendo apresentado pelo jornal como “dirigente da LIT”.
Martin Hernandez é um dos membros do Comitê Central e da Comissão Executiva Internacional (CEI) da LIT, autor do trabalho intitulado Dez Anos de Entrismo no PT, que resume a experiência dos trotskistas brasileiros na década de 80 dentro do Partido dos Trabalhadores.
O que é o Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo (CITO) (http://www.geocities.com/CapitolHill/Lobby/6106/declarar.htm).
O Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo (CITO) surgiu em julho de 1994 a partir da ruptura de seus componentes com a Liga Internacional dos Trabalhadores. O CITO reivindica a tradição do marxismo revolucionário (expressão que significa trotskismo) como sua herança teórica. Entre os principais documentos dessa herança estão o Manifesto Comunista, os quatro primeiros congressos da Internacional Comunista, o Programa de Transição da Quarta Internacional e a atualização do Programa de Transição, efetuada por “Nahuel Moreno”.
O CITO rompeu com a direção da LIT alegando que esta abandonou o método do Programa de Transição e cedeu às pressões da reação democrática, como demonstram suas políticas concretas em múltiplas latitudes. Para o CITO, a LIT também “abandonou o Programa de Transição e adotou um programa etapista”; apoiou: uma campanha de ajuda operária internacional à Bósnia, com apoio político, militar e financeiro do imperialismo; a ala esquerda da política do imperialismo e da burocracia na ex-URSS; a colaboração com o imperialismo espanhol e a política de Felipe Gonzalez; a capitulação da Somália à invasão imperialista; a Europa Ocidental e a resistência ao Acordo de Maastricht; as eleições gerais no Brasil e a democracia radical; o PT nas eleições de 1996; a política democrática burguesa do Exército Zapatista, no México; a propaganda abstrata e o chamado a votar e votar, na Argentina.
O CITO combate em favor do reagrupamento dos revolucionários do mundo inteiro e promove o intercâmbio de opiniões e experiências nessa perspectiva. “Estamos conscientes de nossas limitações, escassos recursos e marginalidade, e cremos que para avançar em direção à construção do Partido Mundial da Revolução Socialista, pelo qual lutaram Marx, Engels, Lênin e Trotsky, é imprescindível promover o mais amplo debate, a fim de interpretar da forma mais acertada a situação internacional e procurar as vias mais adequadas para a construção dos partidos revolucionários nacionais da Quarta Internacional”.
O que é o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Em maio/junho de 1992, o grupo trotskista Convergência Socialista foi expulso do PT, sob a acusação de “radicalismo extremado”. Um mês depois, em julho de 1992, a Convergência e outros sete grupos minoritários constituíram a Frente Revolucionária, com o objetivo de construir o “partido da Revolução”.
Em abril de 1993, a Convergência e alguns grupos que integravam a Frente Revolucionária constituíram o Movimento Pró-PSTU.
Em junho de 1994 foi realizado em São Paulo o Congresso de Fundação do PSTU, sendo eleita uma Coordenação Nacional composta por 37 membros, 18 dos quais (maioria absoluta) eram militantes da Convergência Socialista. O PSTU atribuiu a sua formação “à claudicação de setores de esquerda e da direção majoritária do PT diante da institucionalidade burguesa, a adaptação do programa a uma estratégia de colaboração de classes e da aceitação da ‘vitória’ do capitalismo”.
A Frente Revolucionária, composta pelos grupos que não aceitaram o PSTU, continuou a existir, por um certo tempo, em vários Estados.
O PSTU atuou no Movimento Sindical, dentro da CUT, através da tendência “MTS- Movimento por uma Tendência Socialista”. Seu órgão de formação política é o “IES-Instituto de Estudos Socialistas”. Atualmente seu braço sindical é a Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas (uma coordenação composta por entidades sindicais, organizações populares, movimentos sociais etc., fundado em janeiro de 2005, em Porto Alegre, por ocasião do V Fórum Social Mundial. Tem como objetivo organizar a luta contra as “reformas neoliberais do governo Lula - Sindical/Trabalhista, Universitária, Tributária e Judiciária - e também contra o modelo econômico que o governo aplica no país, seguindo as diretrizes do FMI”), e o órgão para intervenção no movimento estudantil é o Conlute – Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes; a Conlute foi criada no Encontro Nacional contra a Reforma Universitária no Rio de Janeiro em maio de 2004, em um Encontro realizado na UFRJ, que teve a presença de 1.500 estudantes - antes da Conlutas, portanto. Seu objetivo é inserir os estudantes na luta contra as políticas educacionais e econômicas do governo Lula e construir uma alternativa de direção para o movimento estudantil, “tendo em vista a falência e o governismo da UNE”, há mais de 30 anos um feudo do Partido Comunista do Brasil através da UJS-União da Juventude Socialista.
"Queremos ajudar a construir uma democracia. Essa que está aí não é a nossa democracia. Acreditamos no socialismo e na revolução, mas Cuba, por exemplo, não é uma referência para nós. Estamos indignados com tudo o que está acontecendo. Daí o `Fora todos´" - diz Júlia Eberhardt, de 25 anos, uma das "organizadoras" do Conlute. Julia Eberhardt é militante do PSTU e integrante do grupo Ruptura, da Juventude do PSTU. No 49º Congresso da UNE, realizado em Goiânia/GO de 29 de junho a 03 de julho de 2005, foi eleita para integrar a diretoria da União Nacional de Estudantes. Júlia ficou na diretoria executiva da UNE até janeiro de 2006, quando ela e outros integrantes do PSTU decidiram romper com a UNE e com a UBES-União Brasileira de Estudantes Secundaristas, “feudos do PC do B”.
Cursos de formação política socialista são ministrados, desde 1996, a trabalhadores, estudantes, membros de organizações de esquerda e de movimentos populares, pelo Instituto de Estudos Socialistas (IES). A constituição do IES deveu-se, segundo a visão de seus fundadores, ao “mar de confusão surgido junto à classe trabalhadora e à juventude de todo o mundo face ao pretexto que ideólogos do capitalismo passaram a difundir sobre o fim do socialismo e vitória da economia de mercado”. Como consequência disso, muitos socialistas – segundo os fundadores do IES – sucumbiram à propaganda imperialista.
“Todavia”, prosseguem os fundadores do IES, “a História não se conta em anos, mas em décadas e séculos, e é caprichosa em desmentir as farsas. Assim como mostrou que as ditaduras stalinistas eram o oposto do verdadeiro socialismo, não demorará a desmascarar o paraíso capitalista. A política de colaboração de classes, praticada por lideranças dos trabalhadores, só ajuda ao capital a manter a atual situação e miséria para milhões de despossuídos. Em todo esse contexto, o Instituto de Formação e Estudos Socialistas nasce reivindicando o método do socialismo científico, não como um dogma, mas como o que de melhor produziu a mente humana como instrumento de investigação, análise e para a ação. Nasce a serviço dos trabalhadores e de um projeto transformador e revolucionário, mas, ao mesmo tempo, autônomo, independente e plural. Reivindica a autonomia do conhecimento em relação às estruturas políticas e critica o pensamento único. Nasce para fomentar e transformar-se em um canal nacional de discussão e estudo de temas candentes em todo um mundo em constante transformação, e acreditando, como os mestres do socialismo, que não existe política verdadeiramente transformadora sem que seja guiada pela teoria, pelo estudo e pela compreensão profunda da realidade. Considera que o socialismo vive mais do que nunca na luta dos trabalhadores, em cada greve, em cada ocupação de terra e em cada mínima luta dos oprimidos, lutas que são a garantia da necessidade, do sucesso, do crescimento e da afirmação do IES”.
A sede do IES é na rua Domingos de Morais 348, sala 46, Vila Mariana, São Paulo.
Finalmente, o PSTU e a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) promoveram uma homenagem a Nahuel Moreno, dirigente revolucionário argentino e fundador da LIT. “20 anos sem Moreno – Uma vida construindo uma Internacional operária e marxista para a revolução socialista” no dia 3 de março de 2007 no auditório Simon Bolívar, do Memorial da América Latina, em SãoPaulo.
Durante o evento, dirigentes de vários partidos que hoje fazem parte da LIT, falaram sobre sua trajetória e elaborações políticas. Dentre eles Eduardo Almeida Neto (PSTU – Brasil), Angel Luís Parras (Partido Revolucionário dos Trabalhadores da Espanha), Alicia Sagra (Frente Operária Socialista – Argentina) e Valério Torres (Partido de Alternativa Comunista, da Itália, que recentemente aderiu à LIT), Oscar Angel, dirigente do Centro Internacional do Trotskismo Ortodoxo(Cito) e do Partido Socialista dos Trabalhadores (Colômbia). Além disso, representantes de organizações que reivindicam a tradição morenista, como Miguel Sorans (da União Internacional dos Trabalhadores e da Esquerda Socialista – Argentina) e João Batista de Araujo, o Babá (Corrente Socialista dos Trabalhadores/PSOL). Independente de saber se até 8 de março de 2008 estarão superadas as divergências irreconciliáveis que separaram o CITO da LIT: o abandono, por parte da LIT, do método do Programa de Transição; o apoio a: uma campanha de ajuda operária internacional à Bósnia, a colaboração com o imperialismo espanhol e a política de Felipe González; à capitulação da Somália à invasão imperialista; à Europa Ocidental e à resistência ao Acordo de Maastricht; às eleições gerais no Brasil; ao PT nas eleições de 1996; à política democrática burguesa do Exército Zapatista, no México; à propaganda abstrata e o chamado a votar e votar, na Argentina, torna-se interessante recordar o que estatui o artigo 5º da Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei 9096 de 19 de setembro de 1995):
–“A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros”.
A Constituição, por sua vez, define que:
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes”.
É lamentável que o Tribunal Superior Eleitoral ignorando esses preceitos tenha registrado, tornando legal, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado e, mais recentemente, o Partido do Socialismo e Liberdade, que se autodefinem como “partidos leninistas de combate para destruir o capitalismo imperialista”.
Carlos Azambuja
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Brasil Cubano
Sei que a atmosfera política está carregada mas, parafraseando Trotsky, se você não está interessado na guerra política, a guerra política está interessada em você. Mesmo que o amigo fuja dela como o diabo da cruz, dificilmente escapará. Fingir ignorar o que se passa à sua volta ou tentar não compreender o que se esfrega na sua cara pode ter o mesmo resultado, num futuro próximo, do caso dos atletas cubanos que ganharam a visa para um sonho mas não levaram, impedidos pela ingerência perversa do regime propagado pelo Dr. Fidel Castro – que a tudo cerceia, inclusive o direito mínimo de ir e vir.
Sim, o amigo pode se imaginar distante de tal realidade sórdida, infenso a uma coisa que se processa numa ilha remota, com outra tessitura histórica, num outro mundo envolto pelo isolamento que, ademais, mais dia menos dia, ruirá. Bom, a coisa não é bem assim. Para começo de conversa, se passa no Brasil, hoje, a mesma coisa que ocorreu em Cuba nos primeiros anos de “la revolución”. Havia na ilha, de início, uma atmosfera transbordante de esperança e promessas de liberdade, diante da nova “experiência revolucionária” que se prometia restauradora de uma Cuba naufragada na degradação. O próprio Fidel se colocou, então, como uma figura apenas emergente, não mais que peça transitória até a consolidação de uma democracia em que o povo fosse, pelo voto, soberano.
O que se viu depois, com o passar dos anos, foi tão somente a consolidação da mais brutal ditadura manipulada por uma bem instalada quadrilha ideológica, a escravizar milhões de pessoas no círculo fechado do medo, suor e lágrimas. Depois da triste experiência das ditaduras de Machado e Batista, Fidel Castro só fez aprofundar a carência geral sob a vigilância de um Estado policial sanguinário. Nele, enquanto a burocracia do Partido Comunista se refestela, a patuléia ignara come o pão que o diabo amassou sem direito a mugido. É fato incontestável: quase 50 anos depois de tascar o poder, o Vampiro do Caribe ainda pretende enganar a população por meio de justificativas mentirosas e eternas promessas de “um futuro melhor”, infenso aos gritos de clamor do mundo civilizado.
E no Brasil? No Brasil o panorama sombrio se articula como um fato irreversível. Nele, a máquina de um partido “hegemônico”, o PT usa o poder oficial (e oficioso) para transformar o Estado democrático e de direito, por meio dos mais diversos artifícios, numa “democracia direta” - para a compreensão mais abrangente, sinônimo da deslavada prática totalitária.
Com efeito, conforme planejado nos desvãos do Planalto, diariamente são criadas no país inúmeras leis, normas, decretos, instituições, conselhos, comissões, departamentos e ministérios que visam restringir a ação da sociedade e da iniciativa privada e, o pior, controlar as liberdades individuais. Na generalidade dos casos são leis absurdas, que jamais serão cumpridas, mas que servem para o governo, no momento oportuno, acioná-las contra o adverso – exatamente como Fidel Castro tramou em Cuba para inibir e eliminar os “inimigos de revolução”.
No momento, em meio ao caos geral e propositado, o governo petista avança solerte e forte. Na ordem prática das coisas, ele assegura (com a conivência de um congresso aliciado) a permanência da famigerada CPMF, imposto que se eterniza embora seja considerado “transitório”; lança mais um plano mirabolante, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), cujo objetivo é requentar novos e inúteis aparatos ditos de segurança e fomentar propinas eleitoreiras (com a invenção das “Promotoras Legais Populares”, modelo cubano de espionagem, para atuar nas favelas e periferias com salário mensal de R$ 190); e articula a permanência do denunciado Renan Calheiros na presidência do Senado, um perfeito vassalo da vontade palaciana.
Na estratégia adotada, em pleno andamento, dois lances estão na pauta para o avanço do esquema totalitário: primeiro, a realização do III Congresso Nacional do PT, que dará margem a alteração dos estatutos e programas do partido; segundo, a mobilização partidária para a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte “exclusiva”, cuja finalidade seria engendrar uma reforma política que, por maioria simples, aprove emenda constitucional permitindo o terceiro mandato de Lula da Silva. (Neste sentido, a máquina partidária já promove de forma subliminar, nas mais diversas publicações oficiais, o número “3” – relativo ao terceiro mandato do operário-relâmpago).
Dinheiro não é problema. Os cofres públicos, com a alta permanente da carga tributária, nunca estiveram tão abarrotados. Mais ainda a partir de aprovação líquida e certa da CPMF pelo Congresso, no próximo mês de setembro. Contando com tais e abundantes recursos o governo não encontrará dificuldades em refazer pactos, cooptar adversários, anunciar projetos, criar novas despesas, ampliar a máquina burocrática, obter votos da base aliada e até dos supostos parlamentares da oposição.
Por trás de tudo corre Zé Dirceu, o ex-guerrilheiro amigo do credenciado Fidel Castro, que deseja, a todo custo, chegar à presidência da República em 2014. Como se sabe, o ex-Chefe da Casa Civil foi cassado pelos pares após o escândalo do mensalão, fato que levou o Procurador-geral da República, Antonio Fernandes de Souza, a denunciá-lo no Supremo Tribunal Federal (STF) como o comandante da “organização criminosa” operante no Planalto. Claro, o ex-guerrilheiro transformado em lobista milionário, agora se diz inocente. E como homem de força dentro do PT, para limpar terreno, investe com firmeza na criação de mais uma lei, a da Comunicação Eletrônica de Massa, cujo objetivo inicial é o de “regulamentar” os meios de comunicação que considera livre da intervenção punitiva do Estado.
Para o desavisado que acredita ainda em democracia representativa, é ou não um panorama sombrio?
Sim, o amigo pode se imaginar distante de tal realidade sórdida, infenso a uma coisa que se processa numa ilha remota, com outra tessitura histórica, num outro mundo envolto pelo isolamento que, ademais, mais dia menos dia, ruirá. Bom, a coisa não é bem assim. Para começo de conversa, se passa no Brasil, hoje, a mesma coisa que ocorreu em Cuba nos primeiros anos de “la revolución”. Havia na ilha, de início, uma atmosfera transbordante de esperança e promessas de liberdade, diante da nova “experiência revolucionária” que se prometia restauradora de uma Cuba naufragada na degradação. O próprio Fidel se colocou, então, como uma figura apenas emergente, não mais que peça transitória até a consolidação de uma democracia em que o povo fosse, pelo voto, soberano.
O que se viu depois, com o passar dos anos, foi tão somente a consolidação da mais brutal ditadura manipulada por uma bem instalada quadrilha ideológica, a escravizar milhões de pessoas no círculo fechado do medo, suor e lágrimas. Depois da triste experiência das ditaduras de Machado e Batista, Fidel Castro só fez aprofundar a carência geral sob a vigilância de um Estado policial sanguinário. Nele, enquanto a burocracia do Partido Comunista se refestela, a patuléia ignara come o pão que o diabo amassou sem direito a mugido. É fato incontestável: quase 50 anos depois de tascar o poder, o Vampiro do Caribe ainda pretende enganar a população por meio de justificativas mentirosas e eternas promessas de “um futuro melhor”, infenso aos gritos de clamor do mundo civilizado.
E no Brasil? No Brasil o panorama sombrio se articula como um fato irreversível. Nele, a máquina de um partido “hegemônico”, o PT usa o poder oficial (e oficioso) para transformar o Estado democrático e de direito, por meio dos mais diversos artifícios, numa “democracia direta” - para a compreensão mais abrangente, sinônimo da deslavada prática totalitária.
Com efeito, conforme planejado nos desvãos do Planalto, diariamente são criadas no país inúmeras leis, normas, decretos, instituições, conselhos, comissões, departamentos e ministérios que visam restringir a ação da sociedade e da iniciativa privada e, o pior, controlar as liberdades individuais. Na generalidade dos casos são leis absurdas, que jamais serão cumpridas, mas que servem para o governo, no momento oportuno, acioná-las contra o adverso – exatamente como Fidel Castro tramou em Cuba para inibir e eliminar os “inimigos de revolução”.
No momento, em meio ao caos geral e propositado, o governo petista avança solerte e forte. Na ordem prática das coisas, ele assegura (com a conivência de um congresso aliciado) a permanência da famigerada CPMF, imposto que se eterniza embora seja considerado “transitório”; lança mais um plano mirabolante, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), cujo objetivo é requentar novos e inúteis aparatos ditos de segurança e fomentar propinas eleitoreiras (com a invenção das “Promotoras Legais Populares”, modelo cubano de espionagem, para atuar nas favelas e periferias com salário mensal de R$ 190); e articula a permanência do denunciado Renan Calheiros na presidência do Senado, um perfeito vassalo da vontade palaciana.
Na estratégia adotada, em pleno andamento, dois lances estão na pauta para o avanço do esquema totalitário: primeiro, a realização do III Congresso Nacional do PT, que dará margem a alteração dos estatutos e programas do partido; segundo, a mobilização partidária para a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte “exclusiva”, cuja finalidade seria engendrar uma reforma política que, por maioria simples, aprove emenda constitucional permitindo o terceiro mandato de Lula da Silva. (Neste sentido, a máquina partidária já promove de forma subliminar, nas mais diversas publicações oficiais, o número “3” – relativo ao terceiro mandato do operário-relâmpago).
Dinheiro não é problema. Os cofres públicos, com a alta permanente da carga tributária, nunca estiveram tão abarrotados. Mais ainda a partir de aprovação líquida e certa da CPMF pelo Congresso, no próximo mês de setembro. Contando com tais e abundantes recursos o governo não encontrará dificuldades em refazer pactos, cooptar adversários, anunciar projetos, criar novas despesas, ampliar a máquina burocrática, obter votos da base aliada e até dos supostos parlamentares da oposição.
Por trás de tudo corre Zé Dirceu, o ex-guerrilheiro amigo do credenciado Fidel Castro, que deseja, a todo custo, chegar à presidência da República em 2014. Como se sabe, o ex-Chefe da Casa Civil foi cassado pelos pares após o escândalo do mensalão, fato que levou o Procurador-geral da República, Antonio Fernandes de Souza, a denunciá-lo no Supremo Tribunal Federal (STF) como o comandante da “organização criminosa” operante no Planalto. Claro, o ex-guerrilheiro transformado em lobista milionário, agora se diz inocente. E como homem de força dentro do PT, para limpar terreno, investe com firmeza na criação de mais uma lei, a da Comunicação Eletrônica de Massa, cujo objetivo inicial é o de “regulamentar” os meios de comunicação que considera livre da intervenção punitiva do Estado.
Para o desavisado que acredita ainda em democracia representativa, é ou não um panorama sombrio?
Ipojuca Pontes
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
SOCIALISMO DO SEC.XXI
É com muita indignação que li hoje (15/08) as manchetes dos jornais dando conta de que tramita no congresso mais um “trem da alegria”, um projeto de lei que transforma em funcionários estatutários mais algumas dezenas de milhares de funcionários públicos que ocupam cargos comissionados. As (más) notícias dão conta de que outras medidas mais absurdas estariam sendo gestadas dentro desse projeto, em prejuízo do Erário. É na calada da noite que nossos representantes conspiram contra o povo.
Na semana passada vimos mais um movimento da estatização que está em marcha, com a compra de uma empresa petroquímica privada pela Petrobrás, a um preço irrecusável para os acionistas. Aqui o contribuinte brasileiro perdeu duplamente, por pagar caro por algo que valia menos e pela estatização em si, pois ela sempre se transforma em desastre econômico, seja por perda de produtividade, seja pelo preço de monopólio que permitirá praticar, seja pela má qualidade dos produtos que em regra o Estado é capaz de produzir.
Como se vê, o “socialismo do século XXI” está sendo implantado entre nós, utilizando a via legal no limite de sua possibilidade. O pano de fundo desse processo, o contexto que permite o descalabro administrativo sem protestos e sem oposição, é o rolo compressor do Executivo que quer aprovar a prorrogação da CPMF. É muito dinheiro que está em jogo e a chantagem corre solta, o “toma lá, dá cá” típico de um sistema político que perdeu qualquer relance de moralidade e de respeito ao povo que trabalha. Vivemos o paroxismo da sem-vergonhice política.
Não devemos ter ilusão quanto ao fato de que um desastre econômico de grandes proporções está sendo plantado com esse descontrole dos gastos governamentais. Os que ora controlam o Estado vão esticar a corda até o limite do enforcamento daqueles que trabalham e pagam impostos. Por esses dias se revelou que o tal Supersimples, que deveria ser uma redução tributária, foi o seu contrário, encarecendo e complicando a vida dos pequenos empresários. A falta de vergonha é irmã gêmea da falta de escrúpulos.
Até que se vote o projeto da prorrogação da CPMF assistiremos a esse desfilar de maldades de projetos esdrúxulos propostos em prejuízos dos brasileiros que trabalham. Pior que não há nenhuma maneira de parar esse processo, pois toda a classe política torna-se sócia na arrecadação prevista, então ninguém no Congresso quer ser advogado daqueles que lhes deram voto, os eleitores. É uma traição aos cidadãos e à democracia. Nenhum eleitor deu mandato para essa matilha tomar a renda nacional como butim a ser repartido pelos grupos políticos. Dá nojo.
A imprensa, por seu turno, amordaçada ou comprada, não faz o que deveria fazer, levar a toda gente a inteira dimensão do assalto a mão armada (afinal o Estado declara ter o monopólio do uso da força) contra o contribuinte. Ela própria é sócia do butim, recebendo verbas publicitárias, empréstimos subsidiados e reserva de mercado à prova de concorrência.
É a marcha para o abismo a que nos conduzem os petistas governantes, apoiados até mesmo por aqueles que são oposição de boca. Oposição de araque é o que são. Vivemos o regime de partido único, que cada vez mais se confunde com o Estado. Só em um ambiente totalitário medidas assim são aprovadas sem uma rebelião popular.
Na semana passada vimos mais um movimento da estatização que está em marcha, com a compra de uma empresa petroquímica privada pela Petrobrás, a um preço irrecusável para os acionistas. Aqui o contribuinte brasileiro perdeu duplamente, por pagar caro por algo que valia menos e pela estatização em si, pois ela sempre se transforma em desastre econômico, seja por perda de produtividade, seja pelo preço de monopólio que permitirá praticar, seja pela má qualidade dos produtos que em regra o Estado é capaz de produzir.
Como se vê, o “socialismo do século XXI” está sendo implantado entre nós, utilizando a via legal no limite de sua possibilidade. O pano de fundo desse processo, o contexto que permite o descalabro administrativo sem protestos e sem oposição, é o rolo compressor do Executivo que quer aprovar a prorrogação da CPMF. É muito dinheiro que está em jogo e a chantagem corre solta, o “toma lá, dá cá” típico de um sistema político que perdeu qualquer relance de moralidade e de respeito ao povo que trabalha. Vivemos o paroxismo da sem-vergonhice política.
Não devemos ter ilusão quanto ao fato de que um desastre econômico de grandes proporções está sendo plantado com esse descontrole dos gastos governamentais. Os que ora controlam o Estado vão esticar a corda até o limite do enforcamento daqueles que trabalham e pagam impostos. Por esses dias se revelou que o tal Supersimples, que deveria ser uma redução tributária, foi o seu contrário, encarecendo e complicando a vida dos pequenos empresários. A falta de vergonha é irmã gêmea da falta de escrúpulos.
Até que se vote o projeto da prorrogação da CPMF assistiremos a esse desfilar de maldades de projetos esdrúxulos propostos em prejuízos dos brasileiros que trabalham. Pior que não há nenhuma maneira de parar esse processo, pois toda a classe política torna-se sócia na arrecadação prevista, então ninguém no Congresso quer ser advogado daqueles que lhes deram voto, os eleitores. É uma traição aos cidadãos e à democracia. Nenhum eleitor deu mandato para essa matilha tomar a renda nacional como butim a ser repartido pelos grupos políticos. Dá nojo.
A imprensa, por seu turno, amordaçada ou comprada, não faz o que deveria fazer, levar a toda gente a inteira dimensão do assalto a mão armada (afinal o Estado declara ter o monopólio do uso da força) contra o contribuinte. Ela própria é sócia do butim, recebendo verbas publicitárias, empréstimos subsidiados e reserva de mercado à prova de concorrência.
É a marcha para o abismo a que nos conduzem os petistas governantes, apoiados até mesmo por aqueles que são oposição de boca. Oposição de araque é o que são. Vivemos o regime de partido único, que cada vez mais se confunde com o Estado. Só em um ambiente totalitário medidas assim são aprovadas sem uma rebelião popular.
Jose Nivaldo Codeiro
1) O que significa IPPF?
Federação Internacional de Planejamento Familiar (International Planned Parenthood Federation).
2) O que é "planejamento familiar"?
Planejamento familiar ("family planning") é um eufemismo para controle de natalidade ("birth control"). Em 1942 a "Birth Control Federation of América" (Federação de Controle de Natalidade da América) mudou seu nome para "Planned Parenthood Federation of America" (Federação de Planejamento Familiar da América). " A razão da mudança de nome é simples: a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e o conhecimento maciço de sua loucura eugenésica e racista, faz perder adeptos a seus seguidores norte-americanos. Por isso substituem o termo controle de natalidade pelo de planejamento familiar e se afastam exteriormente das teorias racistas e eugenésicas. " (p. 20-21).
3) Por que Jorge Scala chama a IPPF de "a multinacional da morte"?
Porque ela, com sede em Londres e filiais em 180 países, converteu-se " na maior instituição antivida, melhor financiada e com maior força em nível internacional, existente na atualidade " (p. 21). Suas filiais "aglutinam e dirigem toda a atividade privada em torno do planejamento familiar. Para isso abrem clínicas onde se realiza todo tipo de atividade contraceptiva (incluindo abortos e esterilizações, se a legislação local o permite; caso contrário, lutam pela despenalização de ambos) " (p. 16). Jorge Scala cita um documento do Pontifício Conselho para a Família chamado "A serviço da vida", de 22/04/1991: "O movimento pró-aborto, em nível internacional, baseia-se, sobretudo, na atividade da IPPF [...] e sobre outros organismos que atuam na perspectiva neomalthusiana do controle demográfico obtido também através da promoção do aborto " (p. 17).
4) Quem fundou a IPPF?
Margaret Sanger (1883-1966), norte-americana, filha de pais irlandeses. De ideologia eugenista, "Sanger abre em 1916 sua primeira clínica para o controle de natalidade, com slogans como 'Os seres sãos devem procurar procriar abundantemente e os ineptos devem abster-se... este é o principal objetivo do controle da natalidade' e 'o controle dos nascimentos facilitará a criação de uma raça superior'. Também dizia: 'mais crianças dos capacitados, menos dos incapacitados'" (p. 19).
"Em 1921 funda a Liga Norte-americana para o Controle da Natalidade (mais conhecida como Birth Control). Em 1922 publica seu livro 'Pivô da civilização', onde suas idéias racistas se destacam plenamente, ao queixar-se que 'os filantropos que proporcionam cuidados gratuitos de maternidade estimulam os segmentos mais sadios e normais do mundo a suportar a carga da fecundidade irreflexiva e indiscriminada dos demais: o que traz consigo um peso morto de desperdício humano; em lugar de diminuir e dedicar-se a eliminar as estirpes que mais prejudicam o futuro da raça e do mundo, tendem a torná-las dominantes em um grau ameaçador' " (p. 19-20).
"Em 1939 a Liga Norte-americana para o Controle de Natalidade se transformou na Federação para o Controle da Natalidade" (p. 20). Como já vimos, em 1942, esse nome mudaria para "Federação de Planejamento Familiar da América". " Em 1952, com o auspício do multimilionário norte-americano John D. Rockefeller III, fundem-se 8 associações de vários países e constituem em Londres a Federação Internacional de Paternidade Planificada (IPPF), da qual a Paternidade Planificada norte-americana é uma de suas [...] filiais nacionais " (p. 21).
A criação dos termos "planned parenthood" (paternidade planificada) e "family planning" (planejamento familiar) em substituição a "birth control" (controle de natalidade) foi apenas uma mudança de fachada. O único "apoio" que a IPPF dá aos pobres é impedir que eles tenham descendência. E para isso, vale tudo, principalmente o aborto.
"Em 1921 funda a Liga Norte-americana para o Controle da Natalidade (mais conhecida como Birth Control). Em 1922 publica seu livro 'Pivô da civilização', onde suas idéias racistas se destacam plenamente, ao queixar-se que 'os filantropos que proporcionam cuidados gratuitos de maternidade estimulam os segmentos mais sadios e normais do mundo a suportar a carga da fecundidade irreflexiva e indiscriminada dos demais: o que traz consigo um peso morto de desperdício humano; em lugar de diminuir e dedicar-se a eliminar as estirpes que mais prejudicam o futuro da raça e do mundo, tendem a torná-las dominantes em um grau ameaçador' " (p. 19-20).
"Em 1939 a Liga Norte-americana para o Controle de Natalidade se transformou na Federação para o Controle da Natalidade" (p. 20). Como já vimos, em 1942, esse nome mudaria para "Federação de Planejamento Familiar da América". " Em 1952, com o auspício do multimilionário norte-americano John D. Rockefeller III, fundem-se 8 associações de vários países e constituem em Londres a Federação Internacional de Paternidade Planificada (IPPF), da qual a Paternidade Planificada norte-americana é uma de suas [...] filiais nacionais " (p. 21).
A criação dos termos "planned parenthood" (paternidade planificada) e "family planning" (planejamento familiar) em substituição a "birth control" (controle de natalidade) foi apenas uma mudança de fachada. O único "apoio" que a IPPF dá aos pobres é impedir que eles tenham descendência. E para isso, vale tudo, principalmente o aborto.
5) Qual é o objetivo da IPPF?
"Fazer diminuir as taxas de natalidade dos países pobres, até alcançar a dos países ricos, com o objetivo de manter o atual equilíbrio econômico e político e, por conseguinte, a continuidade da submissão do Terceiro Mundo aos países desenvolvidos " (p. 16).
6) Mas o alto crescimento demográfico dos países pobres não é um empecilho ao seu desenvolvimento?
Essa é uma das grandes mentiras demográficas, que Jorge Scala desmente no capítulo 12 de seu livro (p. 277-296). As verdades demográficas estão listadas no capítulo 5 (p. 61-82): 1. É antinatural separar a sexualidade da procriação. 2. A humanidade sempre cresceu. 3. A diminuição da população é prejudicial para a sociedade . 4. A população dos países em desenvolvimento cresceu exponencialmente durante o século XX. 5. Os países desenvolvidos dirigem-se rapidamente ao "suicídio demográfico" e pretendem que o resto das nações os acompanhe . Segundo o autor, "os grandes avanços na história européia e em sua cultura coincidem com épocas de forte incremento populacional. Por exemplo: a Itália passa de 7.500.000 habitantes no ano 1450 para 10.500.000 no ano 1500, coincidindo com o esplendor cultural e econômico do Renascimento Italiano. Outro caso: a Revolução Industrial começa na Inglaterra, que passa de 10.900.000 habitantes no ano 1800 para 36.900.000 no ano 1900 " (p. 70-71).
Para que a população fique estagnada, ou seja, não cresça nem diminua, é necessário que uma geração pelo menos reponha a outra. "Para isso, nos países com melhor atenção sanitária e alimentação, requer-se uma taxa de 2,1 filhos por mulher [em idade fértil]" (p. 73). Ora, há muito tempo os países europeus têm uma taxa bem menor que essa. Como conseqüência, a população sofre um envelhecimento, com cada vez mais cidadãos inativos por um ativo, o que acarreta uma crise no sistema de seguridade social (cf. p. 14). Isso leva a um colapso da economia, como ocorreu com o Império Romano, que caiu depois que sua população começou a decrescer vertiginosamente (cf. p. 69).
Para que a população fique estagnada, ou seja, não cresça nem diminua, é necessário que uma geração pelo menos reponha a outra. "Para isso, nos países com melhor atenção sanitária e alimentação, requer-se uma taxa de 2,1 filhos por mulher [em idade fértil]" (p. 73). Ora, há muito tempo os países europeus têm uma taxa bem menor que essa. Como conseqüência, a população sofre um envelhecimento, com cada vez mais cidadãos inativos por um ativo, o que acarreta uma crise no sistema de seguridade social (cf. p. 14). Isso leva a um colapso da economia, como ocorreu com o Império Romano, que caiu depois que sua população começou a decrescer vertiginosamente (cf. p. 69).
7) A IPPF é a única organização internacional de controle de natalidade?
Não. Ela conta com numerosos e fortes aliados: 1. Os organismos multilaterais de crédito, como a USAID (Agência Internacional para o Desenvolvimento), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, que " condicionam toda ajuda econômica ao cumprimento de metas demográficas pautadas em cada empréstimo " (p. 16). 2. Alguns organismos das Nações Unidas, como a OMS, o PNUMA, o FNUAP, a UNESCO, a FAO e a UNICEF. " Exercem coação em nível de governo, a fim de que adotem políticas de controle de natalidade. Supervisionam os programas financiados nacional ou internacionalmente, destinados a saúde 'reprodutiva' – ou seja, a implantação do planejamento familiar nos hospitais públicos – e a educação em matérias de saúde, população e sexo. 'Capacitam' funcionários, agentes sanitários e sociais e educadores, para que executem os programas ditos acima " (p. 16). 3. Por fim, o Grupo Parlamentar Internacional (GPI), que é o braço legislativo da IPPF, de que o autor trata no capítulo 9 (p. 175-184). "A I Conferência de Parlamentares sobre População e Desenvolvimento se efetuou em Brasília em dezembro de 1982. No ano seguinte se fundou o GPI, como fruto de tal reunião " (p. 176). O GPI se divide em grupos nacionais, que são "verdadeiros lobbies integrados por legisladores e ex-legisladores dos países, cuja função é coagir seus pares e os funcionários dos poderes executivo e judiciário, a fim de que adotem em seus respectivos âmbitos, as políticas de controle populacional " (p. 16).
8) No Brasil existe alguma filial da IPPF ou algum grupo de parlamentares membro do GPI?
No Brasil, a filial da IPPF chama-se BEMFAM (Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil), fundada em 1965 (p. 194-195), grande fomentadora da anticoncepção, da esterilização e, atualmente, do aborto. Há também em nosso país o Grupo Parlamentar de Estudos em População e Desenvolvimento (GPEPD), que durante a Assembléia Nacional Constituinte, que iria elaborar a Constituição de 1988, " recebeu a generosa quantia de US$ 112.755 para inserir o tema 'planejamento familiar' em nossa Carta Magna " (p. 334). O resultado foi o parágrafo 7° do artigo 226 da Constituição Federal, que trata do "planejamento familiar".
9) Qual foi a conseqüência da introdução do "planejamento familiar" na Constituição Federal Brasileira?
"Bem depressa um deputado do Partido dos Trabalhadores (PT), Eduardo Jorge (PT/SP), entrou com um Projeto de Lei (PL 209/91) para 'regulamentar' esse dispositivo constitucional. E, como não podia deixar de ser, tal regulamentação incluía a legalização da esterilização, como meio legítimo de 'planejamento familiar'. Aprovado, o projeto transformou-se na lei 9263/96, que 'regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências' " (p. 335). Foi assim legalizada a esterilização no Brasil.
10) A IPPF costuma respeitar as leis dos países onde ela tem filiais?
De maneira alguma. A IPPF assim instrui suas filiais espalhadas por todo o mundo: "As Associações de Planejamento Familiar e outras organizações não-governamentais não deveriam usar a ausência de leis ou a existência de uma lei desfavorável como uma escusa para a inação; a ação fora da lei e até a violação da mesma é parte do processo de mudança" (p. 185). Uma outra estratégia importante é a re-interpretação da lei de modo a favorecer o aborto. Leiamos o trecho seguinte, extraído de uma declaração de março de 1991, feita por dois comitês especializados da IPPF: o Grupo Internacional para Assessoramento Médico ( International Medical Advisory Panel — IMAP) e o Grupo Internacional para Assessoramento de Programas. As recomendações se dirigem especificamente às associações "em países onde há restrições legais ao aborto e/ou ao planejamento familiar": " Estabelecer laços com advogados que estejam dispostos a defender nos tribunais o pessoal de saúde ou usuários acusados de haver levado a cabo ou tentado um aborto seguro. Eles poderiam também aceitar defender casos polêmicos para exercer pressão em prol de uma interpretação mais liberal de certas leis." (p. 188).
11) O que Jorge Scala propõe para fazer frente à IPPF e a seus aliados?
a) "Associar-se em organismo com peso local, nacional e internacional. Para opor-se à "multinacional da morte" é preciso desenvolver a "multinacional da vida" [...] Há vinte anos as famílias tinham o direito de associar-se; hoje têm o dever de fazê-lo; sua sobrevivência o requer " (p. 313). b) "Multiplicar grupos e instituições de estudo, em nível científico e acadêmico" (p. 314). c) Investir nos meios de comunicação social. d) Fazer lobby com as autoridades. " Este é um ponto fundamental, que se não se trabalha responsavelmente, pode malograr uma enorme quantidade de esforços. As associações, instituições educativas e meios de comunicação devem ter um objetivo principalmente Político – com maiúscula e isento de toda bandeira ou partidarismo: influir nos governos, parlamentares, magistrados, membros de organismos internacionais e organismos não governamentais, para integrá-los à 'cultura da vida' " (p. 314).
[*] SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional de morte. Tradução de Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz. Anápolis: Múltipla Gráfica, 2004.
Assinar:
Postagens (Atom)