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sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Asneiras comunistas do Super - Improviso

DINHEIRO - Como o sr. avalia os resultados do leilão de estradas que está acontecendo neste momento?
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA - É fantástico. Isso mostra que o Brasil mudou. Os investidores olham para o Brasil e enxergam um horizonte positivo no longo prazo, com crescimento da economia, risco baixo e estabilidade de preços. O sucesso desse leilão é uma prova inequívoca da confiança que o mundo deposita no futuro do Brasil.
Quando a ministra Dilma Rousseff adiou o leilão e reduziu a margem de lucro das futuras concessionárias, muita gente dizia que não haveria interessados. O que mudou?
No Brasil, existe muito o que eu chamo de plantonistas da derrota. É aquela gente que vive dizendo que nada nunca pode dar certo. Quando nós decidimos reduzir o preço dos pedágios, disseram que não haveria interessados e agora apareceram 30 empresas. O fato é que nós fizemos um processo de concessão muito bem planejado e criterioso. Melhor do que o governo anterior.
O sr. imaginava que as empresas ofereceriam deságios?
Agora, eu vou ter que ligar até para o Requião. Ele criou uma empresa ligada à Copel para entrar no nosso leilão de estradas e não conseguiu dar um preço menor que os espanhóis.
"O papel do empresário é investir. Ficar esperando a reunião do Copom para depois criticar a taxa Selic é ultrapassado"
O sr. pretende privatizar mais?
O que houve foi uma concessão. E, se outras estradas vierem a ser leilodas, isso será feito sempre com critério. nenhum lugar está escrito que o Brasil tem de mandar o minério de ferro bruto para a China em vez de exportar o produto acabado.
"O PAC está deslanchando. Hoje mesmo inaugurei uma obra em Goiás"
O sr. tem sentido dos empresários a disposição de investir mais?
Finalmente, isso está acontecendo. Algum tempo atrás, eu disse que oempresário brasileiro tinha de ter coragem e ousadia para investir. Sabe o que colocaram na primeira página dos jornais? A manchete: "Lula critica empresários." Mas isso mudou. Amanhã, o José Ermírio, da Votorantim, vem aqui. Acho que vai anunciar quatro ou cinco fábricas novas. Até porque está faltando cimento no País. É de investimentos queo Brasil precisa agora. Os empresários não podem esperar bater em 100% de capacidade para fazer uma nova fábrica. Eles têm que fazer isso quando a capacidade está em 80% ou 90%. E o papel do governo é agir com seriedade, com responsabilidade, mas também vender otimismo.
A tendência de ampliação de investimentos ocorre em todos setores?
Ainda não. No Brasil, ainda tem empresário, à frente de grandes entidades, que fica esperando os resultados da reunião do Comitê de Política Monetária para depois criticar a Selic. Essa postura está ultrapassada.
"O Brasil pode crescer mais e eu quero ouvir os empresários. Vou chamar todos no Planalto para saber quais são as sugestões"
O sr. está se referindo ao Paulo Skaf, presidente da Fiesp?
Isso. Mas também é preciso ver quem essas entidades de fato representam. Porque muitos dos grandes empresários brasileiros não estão lá. Estão tratando de ganhar dinheiro nas suas empresas. As entidades empresariais deveriam estar rodando o mundo e fazendo missões comerciais para vender produtos brasileiros.
O sr. mencionou a taxa Selic. Ela continuará caindo com esse pequeno recrudescimento da inflação?
Ela caiu muito no nosso governo, pode cair um pouco menos agora, mas o que importa é que o Brasil tem hoje um novo ambiente de estabilidade. E nós já deixamos claro que jamais vamos ceder no combate à inflação.
Juros menores poderiam ampliar ainda mais a oferta de crédito. Mas isso já está acontecendo. É só olhar para os resultados da indústria automobilística. O que está ocorrendo hoje é uma coisa que eu já imaginava desde os tempos de São Bernardo do Campo. Eu, como sindicalista, dizia aos representantes das montadoras: "No dia em que vocês colocarem uma prestação que caiba no bolso do trabalhador, vão vender como nunca." E agora isso está acontecendo, com prestações que vão até 80 meses.
Pode melhorar mais?
Pode, por exemplo, na indústria de caminhões. Nesse caso, é importante aumentar o prazo de financiamento para os caminhoneiros. Estou fazendo gestões nessa direção. Mas há um problema: o caminhão não pode ser dado em garantia porque é o bem de sustento do trabalhador. Temos de pensar numa alternativa. Com prazo maior, a venda de caminhões também vai bater recordes.
Mas muita gente ainda defende que o Brasil pode crescer mais. Talvez 7% ao ano, aproximando- se de países como Índia e China. O sr. concorda?
O Brasil não tem que ficar se comparando com a China e com a Índia, porque cada país tem suas peculiaridades e seu estágio de desenvolvimento. O importante é não querer dar um passo maior do que a perna. O que está acontecendo hoje no Brasil é um processo seguro de crescimento, que é fruto de muito esforço. Superamos décadas de estagnação.
Não é possível crescer mais?
É o que todos nós queremos. Eu estou convencido de que o Brasil vive hoje um momento muito singular, o que nos oferece uma oportunidade histórica. Por isso, eu quero ouvir os maiores empresários deste país. Já convoquei uma reunião com os 100 maiores marcada para o dia 24 de outubro. Depois, quero me reunir com os 50 maiores médios empresários. Em seguida, com os 50 maiores microempresários. E depois vou fazer reuniões por setores: os maiores da indústria, do agronegócio e assim por diante. Todos podem contribuir com as suas idéias.
No ABC eu já dizia que a prestação do carro tinha de caber no nosso bolso
Algum setor específico está na sua lista de prioridades?
Eu quero conversar com os empresários da área de papel e celulose. O Brasil tem que ser líder mundial nesse mercado por uma razão simples. Nós temos todas vantagens comparativas. Enquanto o nosso pínus e o nosso eucalipto podem ser cortados em 13 anos, na Europa isso acontece em 50 anos.

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