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quarta-feira, 16 de maio de 2007

A nação brasileira que os politicos de Brasilia não vêem.


Atualmente a mídia vem dando ênfase a vários temas que envolvem a sociedade, mas na realidade o que mais preocupa é a segurança publica e a educação, claro, que a saúde também vai mal, o emprego nem se fala, a habitação ainda é uma utopia para o cidadão das grandes cidades, mas refletindo sobre estes dois temas da nossa atualidade (segurança publica e educação) veremos que existem elos para solucionar todos os problemas partindo de um só paradigma.
Bem vindo a esta leitura, esperando que traga elementos que subsidiem a opinião publica.
A violência é construída pelas relações sociais, como no Brasil a nossa sociedade sempre foi desigual é lógico que a violência seria a conseqüência natural de uma desigualdade de mais de 200 anos. Não é um fenômeno global, é cria de um sistema que sempre privilegiou os abastados, e o operariado, sempre figuraram como massa de manobra.
Meu texto aparenta ser de um comunista ou petista enrustido, mas dentro da social democracia a justiça social é elemento fundamental, e independente de partidos e ideologias o ser humano tem direito a oportunidades, as melhores coisas da vida, por exemplo, segurança, educação de qualidade, emprego com salário digno, moradia, saúde.
Levando em consideração a historia brasileira com sua miscigenação, discriminação e preconceitos mil e aquela educação de base francesa, era previsível há muito tempo que enfrentaríamos o que estamos passando. Atualmente vem morrendo mais pessoas de forma trágica que na guerra do Iraque, que carro bomba é coisa comum.
As cidades degradadas, o aumento da miséria traz ao natural à violência. Mas o que degrada as nossas cidades? A perda dos valores sociais, respeito, dilaceração da estrutura familiar, podemos elencar que seja os fatores principais. A família hoje é um grupo de pessoas buscando a subsistência a todo custo sem ter nenhum tipo de contato ou relacionamento que até a década de 40/50 existia. A mídia e a TV vêm educando nossas crianças e quando não tem TV, à rua e a malandragem incluída, sem duvida, o trafico de drogas educam nossos adolescentes e até crianças, é o que está à vista delas, pois os pais estão na luta pela sobrevivência da família.
A policia seja ela federal estadual ou municipal, pois as guardas municipais de algumas cidades já trabalham como militares, não irão coibir essa violência que vem de cunho social e histórico.
Uma das alternativas e aí teríamos que combater a mídia de frente, o capitalismo selvagem, os americanos, a globalização, seria coibir o consumo ou sua valorização sobre os valores sociais. Estamos vivendo a cultura do “ter” e não do “ser”.
Esta cultura só pode trazer a violência e o imediatismo dos jovens e até adultos em conquistar o que vêem através da mídia e a educação vem recebendo responsabilidades com relação a este quesito que não compete, pois como a educação com seu conhecimento podem convencer alguém a não prevaricar para atingir seus objetivos?
A escola é o banco do conhecimento e as pessoas principalmente as menos abastadas não querem conhecimento, querem o que vêem a qualquer preço e a violência é o caminho mais curto, através de assaltos ou do trafico.
O discurso social é simplesmente de coibir a violência com força policial, mas é lógico, que na nossa sociedade sem educação, estrutura mínima para viver este capitalismo selvagem, força policial não resolverá o problema. A violência é causada não pelo mal-caratismo, mas por uma causa sócio econômica que contamina até as classes mais abastadas, pois a ganância e o consumismo selvagem regem nossa sociedade.
Para termos idéia de como anda os índices da violência urbana brasileira, cito alguns dados estatísticos que assombrará qualquer leitor:
Na Europa Ocidental a taxa de homicídios é de dois homicídios para cada 100.000 habitantes. Na Europa Oriental incluindo a Rússia a taxa cresce para cinco homicídios para cada 100.000 habitantes.
No nosso Brasil a taxa de homicídios é de 50 (se não for mais) homicídios para cada 100.000 habitantes. Morre-se mais pela violência do que de HIV no Brasil.
E a policia? Ela virou alvo e não mais ferramenta de segurança publica e da ordem social.
Bandido não é mais aquele miserável do subúrbio, mas todo aquele que de alguma forma tem sua ganância consumista incontrolada, mas o pior de tudo, é que bandido hoje é visto como Robin Hood, a vitima da sociedade capitalista que não teve chance ou que não atingiu seus objetivos de vida, culpando a sociedade toda pela sua marginalização. Chamo este tipo de discurso de “Podrismo”, apologia ou mera desculpa para alguém sem caráter ou estrutura educacional que resolve dentro do sistema que não é dos melhores atingir suas metas.
A vitima do sistema (bandido), como o discurso podrista coloca, hoje é visto como o herói da sociedade urbana que sobrevive a todas as intempéries pela força das armas, e acreditem, são muito bem visto até por jovens de classes mais elevadas, onde já constatamos jovens de classe media alta se unindo e formando famílias com os bandidos por status social e segurança.
Mas o que fazer para mudar essa realidade que hoje é dominada nos grandes centros, mas que aos poucos vai se alastrando como uma doença para o interior do Brasil?
Enfrentamento policial seletivo e qualificado em todos os sentidos, humano/logístico e material, políticas de segurança publica avaliadas e planejadas, não como acontece atualmente que tudo é em regime de urgência, sistema único de segurança publica, novas legislações civis e criminais, ouvidoria para saber da sociedade onde se encontra a violência para combatê-la na raiz do problema.
A violência não se encontra no meio da sexta escala das classes sociais (miseráveis), mas no reduto dos pobres e da classe média baixa que de alguma forma tem acesso à mídia avassaladora que instiga o consumo e afeta a psique consumista através do bombardeio publicitário. Instigados e não conseguindo o que vêem o crime é a forma mais rápida para alçar o consumo capitalista.
A mídia vem bombardeando diariamente os lares com noticias de todos os tipos de violência que se possa imaginar, a ponto da população não se importar mais com este tipo de manchete. Este fenômeno é chamado de banalização, ou seja, é comum e a população opta simplesmente por conviver com estes acontecimentos de forma passiva.
Atualmente, vários segmentos da sociedade, religiosos, empresariais, governamentais, ONGS, educacionais, vem promovendo uma reflexão sobre os valores sociais (moral, respeito, ética...), o que me parece extremamente desproporcional em relação ao trabalho que a mídia executa na sociedade. É obvio que se ao invés de propagandas bombásticas consumistas na TV e no radio, tivéssemos exemplos de como praticar os valores (que são básicos para uma sociedade viver em harmonia a partir da família) a violência claramente seria extremamente menor e reduzida a casos isolados.
A própria classe política passa um péssimo exemplo com a impunidade de seus integrantes em Brasília e outros recantos nacionais, o que demonstra que valores e viva correta não levam a nada, pelo menos pelo que a população tem como objetivo, o luxo, a comodidade apresentada diariamente em novelas e filmes que não educam e muito menos exemplificam uma vida regrada e digna. A nossa falta de conhecimento e cultura da população coloca as classes menos abastadas no patamar de vulnerabilidade psíquica, e a forma econômica que vivemos não querem saber se irá prejudicar a sociedade ou não, quer vender seus produtos mesmo que a sua influencia seja nociva, ou seja, uma das grandes causadoras da violência urbana, que hoje já atinge as áreas rurais.
A convivência entre as classes sociais (AB com DE), já se encontra quase como uma guerra urbana onde quem não tem ou não consegue simplesmente tira de quem tem, pois a marginalidade acredita que estes cidadãos irão novamente adquirir o que lhe foi roubado, mas esquecem que estes cidadãos trabalharam e trabalham muito para conseguir aquilo que em poucos segundos lhe é retirado, as vezes, levando o objeto de seu desejo e a vida do proprietário do objeto também (latrocínio).
Esta turbulência que o tema violência instaurou na sociedade brasileira, é benéfica sim, para os políticos que estando no poder, tentam criar políticas de combate deixando uma população inteira esperançosa, mas que na verdade, vai servir de propaganda para sua próxima campanha a reeleição. A situação é que, município que não tem poder jurídico para criar política de segurança publica, já estão criando secretarias municipais de segurança publica com a seguinte finalidade: reclamar para o governo estadual o que lhe é um dever, e inchar a maquina publica municipal com vários cargos e estagiários que na verdade foram cabos eleitorais de quem ganhou a eleição e está no governo.
O maior exemplo deste inchaço na maquina publica com a esperança de resolver os problemas da população é os trinta e sete ministério e as quarenta e quatro secretarias criadas no governo LULA. Para que tantos ministérios e secretarias? Temos que empregar a cumpanherada, mesmo que for temporariamente, e esta pratica não se limita a Brasília, no âmbito estadual e municipal também acontece e a explicação é que todos que ingressam são pessoas de confiança e competente para a administração publica, mas às vezes tem muitos competentes no governo poderiam ser um numero um pouco menor. Este conjunto de situações traz para a nação a sensação de estagnação e impotência de justiça e combate ao “mal”, outra situação que colabora e muito é o exercito de reserva (desempregados) que resolvem esta situação criando o mercado informal de trabalho e o dado mais significativo desta reflexão é que em 2010 a previsão é que teremos no Brasil 21% das áreas urbanas compostas de favelas.
Todo este conjunto de acontecimentos só poderá nos levar para o caminho do terror e da guerra urbana que por sinal já está acontecendo e a tendência é de que piore, pois o exercito não é treinado para lutas nas cidades e sim em campo de batalha. O exemplo da ineficiência do exercito na guerra urbana é o exercito americano no Iraque que vive uma guerra urbana a quatro anos e não consegue atingir os objetivos traçados inicialmente.
Alem do terror diário que a população vive temos o desgaste institucional, gastos financeiros que não trazem resultados, a sensação de medo e perda e o patrimônio seja ele publico ou privado danificado ou roubado.
É muito triste escrever sobre um problema que vivenciamos diariamente e que aparenta ser uma utopia a sua solução.

Prof. Marlon Adami
Historiador e Cientista Político
www.marlon2008.blogspot.com

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