Dedicado a informar sobre politica, educação, historia, filosofia e religião
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Bolsa Familia, Vale camisinha, vale gás, agora Bolsa Cultura!!!!!!!!!!!!!!
O lulo-petismo-bolivariano acaba de anunciar a criação do bolsa-cultura, mais um engodo eleitoreiro neste país que tem um verdadeiro fetiche por vales. Para quem ainda não sabe do que se trata, o benefício atenderá trabalhadores que ganhem de um a cinco salários mínimos e que talvez seja estendido, em menor proporção, aos assalariados que ultrapassem este limite, por meio da entrega de um cartão eletrônico, carregado com um valor que deverá ser fixado em cerca de R$ 50,00, para realizar despesas tais como o ingresso em cinemas, teatros, e aquisição de livros ou CD's. De acordo com o projeto de lei, o trabalhador deverá contribuir com alguma parcela, que será progressiva, entre 10% e 90%, e o empresariado deverá ser compensado com deduções fiscais. Mais uma vez, o estado (sim, escrevo - e corretamente - "estado" com inicial minúscula!) vem com a sua pena de chumbo ditar o que o povo deve fazer com o seu dinheiro.Analisando os artigos e comentários extraídos da internet, percebe-se a confusão mental dos que pretendem dar o seu pitaco: uns julgam que é bom, mas deve haver uma severa fiscalização (não dizem sobre o quê fiscalizar), outros reclamam que os eventos culturais a serem escolhidos pelas pessoas não terão conteúdo educativo, e assim por diante.Tais palpites já evidenciam em si próprios os perigos que eles mesmos propõem: mais futura intervenção estatal! Se hoje a meta é instituir o vale-circo, amanhã medidas "corretivas" haverão de ser tomadas, e isto pode incluir orientar a validade do cartão apenas para programas nacionais ou de conteúdo educativo (leia-se "ideologicamente doutrinatório"), bem como o de criar um órgão, repleto de conselheiros e fiscais barbudos com os bolsos regiamente engordados à base de muito DAS para lidarem com um problema que foi deliberadamente criado pelo próprio governo.Há algum tempo atrás, eu fazia pequenas contribuições ao IBH - Instituto Brasileiro de Humanidades, e sobre as quais eu podia obter deduções do IRPF, por efetuar doações a uma entidade cultural sem fins lucrativos. No ano seguinte, porém, talvez por ter percebido que a instituição possuía vínculos com o filósofo Olavo de Carvalho, bem como por possivelmente haver outros casos semelhantes e que não lhe fosse do agrado, o governo passou a vincular as deduções apenas a entidades que obtivessem a sua prévia aprovação. Não é de estranhar, pois, que o mesmo se suceda futuramente com o indigitado cartão.A classe artística, é claro, só aplaude. Se antes, mesmo com os fartos recursos públicos sobre os quais nem sempre, ou melhor, freqüentemente - está bem, quase nunca(!) - são prestadas as devidas contas, os filmes e espetáculos caboclos se apresentavam às pulgas, agora o governo enfim encontrou a solução final: vai pagar-lhes também a platéia. Deveria também se preocupar em pagar os macacos de auditório que com suas placas instruíssem o povão a aplaudir, a rir ou a chorar. Assim o pacote ficaria completo.Agora, entremos no xis da questão, até então olvidada por quase toda a gente: em um país em que a poupança é uma lenda e em que faltam recursos para toda sorte de investimentos - refiro-me tanto aos públicos quanto aos privados - não trata mais esta benesse uma nova fonte de desperdícios para os já escassos recursos nacionais? Vejamos, senão, o que nos ensina o filósofo e economista Hans Hermann Hoppe em "Uma Teoria sobre o Socialismo e o Capitalismo"[i]:Por uma razão, ao analisarmos diferentes tipos de socialismo para os quais existem exemplos reais e históricos, (exemplos os quais, certa e freqüentemente, não são chamados de socialismo, mas que aos quais se dá um nome mais apelativo), é importante explicar por que, e de que modo, qualquer intervenção, pequena ou grande, em qualquer lugar, aqui ou ali, produz um efeito particularmente disruptivo na estrutura social que um observador teoricamente não capacitado, superficial, cegado por uma conseqüência imediatamente positiva de uma intervenção particular, pode não perceber. Ainda assim, este efeito negativo, todavia, existe, e com certo atraso irá causar problemas em um lugar diferente na estrutura social, mais numerosos ou severos que os primeiros resolvidos pelo ato de intervenção inicial. Conseqüentemente temos, por exemplo, efeitos positivos altamente visíveis das políticas socialistas tais como "alimentos baratos", "aluguéis baixos", isto ou aquilo "grátis", que não são apenas coisas positivas flutuando no ar, desconectadas de qualquer coisa, mas antes, são fenômenos que têm de ser pagos de alguma forma: pela escassez ou queda na qualidade dos alimentos, pelo déficit habitacional, decadência e favelas, filas e corrupção, e adiante, pela queda dos padrões de vida, reduzida formação de capital e/ou aumento de consumo de capital.O ensinamento do sábio alemão é simples: o dinheiro não é chicle de bola. Aliás, mesmo o chicle, a qualquer momento, estoura! Onde aqui é aplicado, ali vai faltar. Sobretudo, temos de mais uma vez dizer: substituirá o juízo de milhões de pessoas, pelo juízo de um só. Estimando que tal benefício venha a contemplar cerca de 116 milhões de pessoas, ou 34 milhões de assalariados, assim como divulgado por O Globo[ii], um mero cálculo aritmético nos leva ao cirrus de 20,4 bilhões de reais por ano!Da parte das despesas públicas, enquanto o brasileiro terá dinheiro para comprar ingressos para shows e cinemas (não vou entrar no erro de criticar o que as pessoas desejam assistir ou ouvir), ainda permanecerá dormindo em hospitais à espera de uma senha; ainda terá seus filhos a saírem da escola sem nem sequer lerem corretamente; ainda sentirá aquele baque na coluna pelo ônibus coletivo que bate em seco no buraco, e pior de tudo, ainda terá a sua vida e a dos seus em perigo pela criminalidade que só se expande.Da parte privada, um universo de possibilidades de produção de bens que possam vir a ser mais urgentemente necessários - segundo o critério de quem entenda os necessitar - será deprimido, com a conseqüente escassez de empregos e o encarecimento dos bens atualmente produzidos.Digo tudo isto com complacente decepção, pois os entusiastas excedem em muito a mim e os que entendem o que aqui escrevo. Não há dúvidas de que o vale-cultura há de se tornar um reforço a mais na nova versão do voto-de-cabresto.
Isto é o fim!!!!!!!!!!!!!! É o Apocalipse!!!!!!!!!!!!!!!
Yeda Crusius, Arthur Virgilio, Demóstenes Torres, Agripino Maia, que se cuidem. Se prevalecer a ação ou reação fascista-bolchevique do governo Lula e seus comparsas, eles estão ferrados.
No Rio Grande do Sul a República de Santa Maria, a central fascista da KGB de Tarso Genro, está a pleno vapor. Deu para ver a saliva escorrendo dos lábios daquela gurizada medonha do Ministério Público da República de Santa Maria. A arrogância fanática, a pose de seriedade digna dos juízes algozes dos Julgamentos de Moscou mostra o pavor reservado à governadora Yeda Crusius, apanhada por 20 mil telefonemas grampeados pelos diligentes promotores a mando de Solidários Chefes. Quem poderá escapar a tamanho cerco? É muito provável que Yeda ainda confesse em prol do socialismo tal como um Kamenev ou Bukarin!
Em Brasília já são ameaçados os falsos opositores do petralhismo lulista. A hora soou para Arthur Virgílio. Da minha parte nenhuma lágrima, nenhuma indignação - ele mereceu isso ao proteger Lula da cassação inevitável. O tucanismo é mais do que mera covardia: é um movimento cúmplice da corrupção socialista que destruiu o Brasil. Pouparam o camarada Lula do pior porque faturavam com isso na época; agora colhem o que merecem. Bem feito!
Que também se registre que deputados do PP do Rio Grande do Sul colhem a messe da traição aos seus eleitores. Eles trabalharam pelo socialismo vendendo a alma ao mefistofelismo petista ou aliado - é hora de pagar a conta.
O próprio estado do Rio Grande do Sul está muito próximo de sua vindima maldita. Em 2010 não saberá resistir ao fascismo eleitoral de Tarso Genro, porque ainda se engana com o socialismo franciscano de Pedro Simon, aquele que jejuou pelo MST. Há ainda quem se engane com esse homem!
Enquanto isso rejuvenescem os sarneys, os renans, e os mensaleiros, todos a um passo da absolvição final. Vamos de mal a pior. Da minha parte nenhuma lágrima, porque meus olhos secaram faz tempo. A vitória final dos profissionais do crime é inevitável.
O que mais falta? A destruição dos crucifixos, do Cristo Redentor? Em breve nem isso faltará.
No Rio Grande do Sul a República de Santa Maria, a central fascista da KGB de Tarso Genro, está a pleno vapor. Deu para ver a saliva escorrendo dos lábios daquela gurizada medonha do Ministério Público da República de Santa Maria. A arrogância fanática, a pose de seriedade digna dos juízes algozes dos Julgamentos de Moscou mostra o pavor reservado à governadora Yeda Crusius, apanhada por 20 mil telefonemas grampeados pelos diligentes promotores a mando de Solidários Chefes. Quem poderá escapar a tamanho cerco? É muito provável que Yeda ainda confesse em prol do socialismo tal como um Kamenev ou Bukarin!
Em Brasília já são ameaçados os falsos opositores do petralhismo lulista. A hora soou para Arthur Virgílio. Da minha parte nenhuma lágrima, nenhuma indignação - ele mereceu isso ao proteger Lula da cassação inevitável. O tucanismo é mais do que mera covardia: é um movimento cúmplice da corrupção socialista que destruiu o Brasil. Pouparam o camarada Lula do pior porque faturavam com isso na época; agora colhem o que merecem. Bem feito!
Que também se registre que deputados do PP do Rio Grande do Sul colhem a messe da traição aos seus eleitores. Eles trabalharam pelo socialismo vendendo a alma ao mefistofelismo petista ou aliado - é hora de pagar a conta.
O próprio estado do Rio Grande do Sul está muito próximo de sua vindima maldita. Em 2010 não saberá resistir ao fascismo eleitoral de Tarso Genro, porque ainda se engana com o socialismo franciscano de Pedro Simon, aquele que jejuou pelo MST. Há ainda quem se engane com esse homem!
Enquanto isso rejuvenescem os sarneys, os renans, e os mensaleiros, todos a um passo da absolvição final. Vamos de mal a pior. Da minha parte nenhuma lágrima, porque meus olhos secaram faz tempo. A vitória final dos profissionais do crime é inevitável.
O que mais falta? A destruição dos crucifixos, do Cristo Redentor? Em breve nem isso faltará.
Futuro da Cultura Brasileira. Ou presente??
Conforme determina cláusula pétrea, um dos primeiros passos de Lenin na rota da “construção do socialismo” dentro da URSS foi estabelecer o controle dos “meios sociais de produção”, nele incluído, óbvio, completo domínio sobre os veículos de comunicação, estabelecimentos de ensino e da produção cultural. Mas, antes de adotar qualquer medida, demonstrando grande senso de objetividade, logo depois de desfechar seguro golpe sobre o Governo Provisório de Kerensky, o mentor da “ditadura do proletariado” tomou a iniciativa de mandar um bando armado se apossar das chaves do cofre do Banco do Estado russo. Ele queria, desde logo, o controle da grana.
(Só a título de ilustração, o historiador inglês Orlando Figes, no seu bem documentado livro sobre a revolução russa, “A Tragédia de um Povo” - Record, Rio, 1999 -, relata episódio, considerado a um só tempo grotesco e brutal, do infeliz diretor do banco oficial que, ao negar a entrega das chaves da caixa-forte ao bando revolucionário, levou um tiro na nuca depois de perder parte da mão arrancada por uma dentada).Ao impor o seu sistema de governo, de caráter totalitário, Lenin, amparado no poder dissuasório da coerção e da violência, tinha por objetivo a tomada (e a destruição) dos “meios de produção e expressão do pensamento burguês” (em russo, “burzhooi”), tidos historicamente como ultrapassados. Caberia a ordem emergente estabelecer os padrões de supremacia dos valores do pensamento proletário e fazer dos meios de comunicação e da produção cultural instrumentos ideológicos a serviço da propaganda e das metas revolucionárias sob o controle burocrático do Partido Bolchevique (leia-se comunista). O modelo de “organização da cultura” imposto por Lenin nos primeiros anos do regime, embasados na censura e no patrocínio estatal, só atingiu o patamar da excelência na Era Stalin, univocamente voltada para a expansão da ideologia comunista no seio da sociedade. Para consolidar tal projeto, e manter o ativo controle do aparato burocrático sobre a difusão das idéias e da criação artística, Joseph Stalin, então considerado “Guia Genial dos Povos”, não precisou chafurdar muito: ele tinha ao seu dispor, alojado no Comitê Central do Partido Comunista, a figura de Andrei Aleksandrovich Jdanov, o estrategista da política cultural do regime e mentor do “realismo socialista”, o preceito estético, de “valor universal”, que tinha como princípio comprometer a criação artística – notadamente no cinema, teatro, literatura, música e pintura – com “a transformação ideológica e a educação do proletariado para a formação do novo homem socialista”. Desde logo, com as chaves do cofre nas mãos, Jdanov disse a que veio: fiel interprete do espírito revolucionário, deixou a entender que dali em diante a atividade cultural seria uma empresa voltada para implantação do socialismo. Dentro deste escopo, Jdanov selecionou artistas e burocratas afiliados ao PC e estabeleceu as novas regras para obtenção dos financiamentos oficiais no terreno das artes. Para avalizar os projetos culturais (ou censurá-los), e distribuir as benesses, ele fixou critérios, organizou comissões e conselhos e, no controle seletivo da produção cultural, em vez de arte, criou a mais formidável máquina de propaganda jamais imaginada, capaz de fazer o mundo acreditar que Stalin era Deus e que o povo russo, submetido a eternas cotas de racionamento, vivia no Paraíso Terrestre.Pensadores e artistas genuínos pagaram caro pelo processo cultural acionado pelo stalinismo, decerto mantido até hoje em várias partes do mundo (vide Cuba, China e adjacências). A partir da “seletividade” imposta por Djanov no campo da produção cultural, centenas de criadores foram marginalizados da atividade artística. Outros foram presos ou ficaram loucos. Outros tantos foram cortados da lista de distribuição de benesses oficiais e segregados como “formalistas”, “reacionários”, “cosmopolitas” e “inimigos do povo”.No reino discricionário da cultura oficial soviética, por exemplo, a notável poetisa Ana Akhmatova (para Jdanov, “meia-freira, meia-meretriz”) foi levada à miséria, Maiakoviski ao suicídio, Solzhenitsyn e Boris Pasternak aos campos de concentração. Dostoievski, por sua vez, foi banido das bibliotecas públicas. O próprio Serguei Eisenstein, o inventivo cineasta da propaganda stalinista, amargou o diabo depois que exibiu para o crivo crítico de Stalin a sua versão de “Ivan, O Terrível” (parte dois), morrendo em seguida.Em tempos recentes, depois da morte de Stalin, aos preceitos do Jdanovismo foram adicionados, no campo da “organização da cultura” socialista, os ensinamentos de Antonio Gramsci (“Il Gobbo”), teórico comunista italiano, criador da estratégica “revolução passiva”. O modelo traçado por Gramsci para a construção do socialismo, em vez do apelo ao mito da força proletária, privilegia o papel da cultura e o poder multiplicador dos meios de comunicação, fundamental para a difusão de um novo “senso comum” no seio da sociedade. Sem a “revolução do espírito”, diz Gramsci, “a ser disseminada pelo intelectual orgânico, não se pode destruir o Estado burguês” (leia-se democrata).No Brasil, ao assenhorear-se do poder, Lula e seus agentes, passaram a laborar, dia e noite, aberta ou veladamente, na “construção do socialismo”. Para consolidar tal projeto, se faz necessária, como o presidente-sindicalista já deixou claro, a expansão do “Estado Forte”, onde ao indivíduo cabe pouco mais do que o papel de burro de carga, a alimentar uma colossal e dispendiosa estrutura burocrática.Na esfera da cultura, desde a proposta de criação da Ancine, em 2004, o governo, sempre tentando o controle total sobre os recursos tomados à sociedade, busca a ingerência direta no processo da criação artística. Nada leva a crer que a atual investida na revisão da Lei Rouanet tenha outro objetivo.(Como a parafrasear Fidel, o Nosso Guia, com a grana no bolso, por enquanto esconde o definitivo recado: “Dentro do socialismo, tudo; fora do socialismo, nada”).
(Só a título de ilustração, o historiador inglês Orlando Figes, no seu bem documentado livro sobre a revolução russa, “A Tragédia de um Povo” - Record, Rio, 1999 -, relata episódio, considerado a um só tempo grotesco e brutal, do infeliz diretor do banco oficial que, ao negar a entrega das chaves da caixa-forte ao bando revolucionário, levou um tiro na nuca depois de perder parte da mão arrancada por uma dentada).Ao impor o seu sistema de governo, de caráter totalitário, Lenin, amparado no poder dissuasório da coerção e da violência, tinha por objetivo a tomada (e a destruição) dos “meios de produção e expressão do pensamento burguês” (em russo, “burzhooi”), tidos historicamente como ultrapassados. Caberia a ordem emergente estabelecer os padrões de supremacia dos valores do pensamento proletário e fazer dos meios de comunicação e da produção cultural instrumentos ideológicos a serviço da propaganda e das metas revolucionárias sob o controle burocrático do Partido Bolchevique (leia-se comunista). O modelo de “organização da cultura” imposto por Lenin nos primeiros anos do regime, embasados na censura e no patrocínio estatal, só atingiu o patamar da excelência na Era Stalin, univocamente voltada para a expansão da ideologia comunista no seio da sociedade. Para consolidar tal projeto, e manter o ativo controle do aparato burocrático sobre a difusão das idéias e da criação artística, Joseph Stalin, então considerado “Guia Genial dos Povos”, não precisou chafurdar muito: ele tinha ao seu dispor, alojado no Comitê Central do Partido Comunista, a figura de Andrei Aleksandrovich Jdanov, o estrategista da política cultural do regime e mentor do “realismo socialista”, o preceito estético, de “valor universal”, que tinha como princípio comprometer a criação artística – notadamente no cinema, teatro, literatura, música e pintura – com “a transformação ideológica e a educação do proletariado para a formação do novo homem socialista”. Desde logo, com as chaves do cofre nas mãos, Jdanov disse a que veio: fiel interprete do espírito revolucionário, deixou a entender que dali em diante a atividade cultural seria uma empresa voltada para implantação do socialismo. Dentro deste escopo, Jdanov selecionou artistas e burocratas afiliados ao PC e estabeleceu as novas regras para obtenção dos financiamentos oficiais no terreno das artes. Para avalizar os projetos culturais (ou censurá-los), e distribuir as benesses, ele fixou critérios, organizou comissões e conselhos e, no controle seletivo da produção cultural, em vez de arte, criou a mais formidável máquina de propaganda jamais imaginada, capaz de fazer o mundo acreditar que Stalin era Deus e que o povo russo, submetido a eternas cotas de racionamento, vivia no Paraíso Terrestre.Pensadores e artistas genuínos pagaram caro pelo processo cultural acionado pelo stalinismo, decerto mantido até hoje em várias partes do mundo (vide Cuba, China e adjacências). A partir da “seletividade” imposta por Djanov no campo da produção cultural, centenas de criadores foram marginalizados da atividade artística. Outros foram presos ou ficaram loucos. Outros tantos foram cortados da lista de distribuição de benesses oficiais e segregados como “formalistas”, “reacionários”, “cosmopolitas” e “inimigos do povo”.No reino discricionário da cultura oficial soviética, por exemplo, a notável poetisa Ana Akhmatova (para Jdanov, “meia-freira, meia-meretriz”) foi levada à miséria, Maiakoviski ao suicídio, Solzhenitsyn e Boris Pasternak aos campos de concentração. Dostoievski, por sua vez, foi banido das bibliotecas públicas. O próprio Serguei Eisenstein, o inventivo cineasta da propaganda stalinista, amargou o diabo depois que exibiu para o crivo crítico de Stalin a sua versão de “Ivan, O Terrível” (parte dois), morrendo em seguida.Em tempos recentes, depois da morte de Stalin, aos preceitos do Jdanovismo foram adicionados, no campo da “organização da cultura” socialista, os ensinamentos de Antonio Gramsci (“Il Gobbo”), teórico comunista italiano, criador da estratégica “revolução passiva”. O modelo traçado por Gramsci para a construção do socialismo, em vez do apelo ao mito da força proletária, privilegia o papel da cultura e o poder multiplicador dos meios de comunicação, fundamental para a difusão de um novo “senso comum” no seio da sociedade. Sem a “revolução do espírito”, diz Gramsci, “a ser disseminada pelo intelectual orgânico, não se pode destruir o Estado burguês” (leia-se democrata).No Brasil, ao assenhorear-se do poder, Lula e seus agentes, passaram a laborar, dia e noite, aberta ou veladamente, na “construção do socialismo”. Para consolidar tal projeto, se faz necessária, como o presidente-sindicalista já deixou claro, a expansão do “Estado Forte”, onde ao indivíduo cabe pouco mais do que o papel de burro de carga, a alimentar uma colossal e dispendiosa estrutura burocrática.Na esfera da cultura, desde a proposta de criação da Ancine, em 2004, o governo, sempre tentando o controle total sobre os recursos tomados à sociedade, busca a ingerência direta no processo da criação artística. Nada leva a crer que a atual investida na revisão da Lei Rouanet tenha outro objetivo.(Como a parafrasear Fidel, o Nosso Guia, com a grana no bolso, por enquanto esconde o definitivo recado: “Dentro do socialismo, tudo; fora do socialismo, nada”).
Formadores de Opinião - Olavo de Carvalho
Um dos elementos básicos da educação é o aprendizado de comportamentos verbais que nos identifiquem com os grupos sociais cuja aprovação necessitamos. É todo um processo complexo e trabalhoso de mimetização de sentimentos, hábitos, cacoetes, preconceitos e manias que nos libertam do angustiante isolamento corporal a que nos condenou a natureza das coisas e nos dão a impressão de que somos "alguém", pelo menos aos olhos dos outros, dos quais assim obtemos uma reconfortante confirmação da nossa existência e até, nos casos mais felizes, da nossa importância.
Completado esse treinamento, alguns indivíduos passam à etapa seguinte, que é a aquisição da alta cultura. Aí já não se trata mais de obter a aprovação dos nossos contemporâneos, mas de dialogar com os grandes homens de outros tempos e lugares, que não nos julgam pela nossa subserviência a um meio social determinado, e sim pela nossa fidelidade a valores e critérios que não são de nenhuma época, constituindo antes a condição da possibilidade de um salto entre as épocas. Esse aprendizado vai, fatalmente, na direção oposta à do anterior. Quando você já não busca a aprovação de qualquer meio social presente, mas de Aristóteles, de Dante, de Sto. Tomás, de Shakespeare e de Leibniz, você sabe que dela não resultará provavelmente nenhum benefício exterior, mas apenas a aquisição daquela consistência íntima, daquela sinceridade profunda que lhe permitirá ser de fato "alguém", não aos olhos dos outros, mas da comunidade supratemporal do conhecimento, ainda que ao preço de tornar-se relativamente incompreensível aos contemporâneos. A partir desse momento você está habilitado a dizer como Dom Quijote: "Yo sé quien soy" - e a opinião dos circunstantes não pode afetar em nada aquilo que você apreendeu mediante vivência espiritual direta, solitária, sem mais testemunha ou interlocutor além da comunidade dos sábios mortos. Quando Sto. Tomás de Aquino recomendava "Tem sempre diante de ti o olhar dos mestres", ele sabia o quanto a integração da alma no diálogo supratemporal pode custar em solidão de espírito, mas também sabia que essa solidão é o único terreno onde germina o desejo de conhecer a Deus (a não ser, é claro, que o próprio Deus decida falar com você por outros meios).
A sanidade de qualquer grupamento humano - um país, por exemplo - depende de que nele exista um número suficiente de pessoas dedicadas a este segundo aprendizado. É só por meio delas que a conversação contemporânea adquire um lugar e um sentido no quadro do universalmente humano, em vez de esfarelar-se numa infinidade de picuinhas que só parecem importantes na razão inversa da escala de tempo histórico em que são medidas.
Como a alta cultura desapareceu do Brasil, o uso da linguagem nos debates públicos limita-se hoje aos fins do primeiro aprendizado: as pessoas não falam ou escrevem para exprimir em palavras alguma experiência interior autêntica, mas para sentir que acertaram no tom e no estilo da platéia cuja aprovação anseiam para reforçar sua vacilante identidade pessoal com a chancela de um grupo de referência. Daí a necessidade constante, obsessiva, de ostentar bons sentimentos, entendidos como tais os sentimentos aprovados pelo grupo (e que podem, decerto, parecer desprezíveis ou abomináveis a outros grupos).
Como o grupo dominante na mídia e nas universidades, hoje em dia, é esquerdista e politicamente correto, o chamado "debate nacional" é apenas um torneio para decidir quem personifica melhor o amor sem fim às "minorias" oficialmente aprovadas como tais e o total desprezo pelas demais minorias, por exemplo os evangélicos ou os católicos tradicionalistas (os judeus são um caso espinhosamente ambíguo, obrigando as inteligências iluminadas aos contorcionismos verbais mais engenhosos para conciliar o respeito sacrossanto aos judeus mortos com o ódio visceral aos judeus vivos).
Quando, num desvario de independência pessoal, o sujeito se horroriza ante algum excesso do politicamente correto e escreve duas ou três palavras para criticá-lo, toma as mais extremas precauções para mostrar que só o faz no puro interesse dos próprios grupos visados, reintegrando portanto dialeticamente o momento de infidelidade aparente no fundo imutável da fidelidade essencial. Essas demonstrações de "divergência", as mais extremas que o padrão nacional comporta hoje em dia, chegam até a ser aplaudidas como provas de originalidade, excelência intelectual e coragem quase suicida. O indivíduo capaz desses controladíssimos rompantes torna-se, no padrão geral vigente, a personificação mais próxima do que seria, em condições normais, o representante da alta cultura.
É isso o que, no Brasil de hoje, se chama de "formador de opinião": um adolescente em busca de integração social, esforçando-se para imitar a linguagem e os modos de um grupo de referência, no máximo fingindo às vezes um pouco de discordância para poder ser aprovado, não como um membro qualquer entre outros, mas como um "intelectual", talvez até como um "pensador".
Completado esse treinamento, alguns indivíduos passam à etapa seguinte, que é a aquisição da alta cultura. Aí já não se trata mais de obter a aprovação dos nossos contemporâneos, mas de dialogar com os grandes homens de outros tempos e lugares, que não nos julgam pela nossa subserviência a um meio social determinado, e sim pela nossa fidelidade a valores e critérios que não são de nenhuma época, constituindo antes a condição da possibilidade de um salto entre as épocas. Esse aprendizado vai, fatalmente, na direção oposta à do anterior. Quando você já não busca a aprovação de qualquer meio social presente, mas de Aristóteles, de Dante, de Sto. Tomás, de Shakespeare e de Leibniz, você sabe que dela não resultará provavelmente nenhum benefício exterior, mas apenas a aquisição daquela consistência íntima, daquela sinceridade profunda que lhe permitirá ser de fato "alguém", não aos olhos dos outros, mas da comunidade supratemporal do conhecimento, ainda que ao preço de tornar-se relativamente incompreensível aos contemporâneos. A partir desse momento você está habilitado a dizer como Dom Quijote: "Yo sé quien soy" - e a opinião dos circunstantes não pode afetar em nada aquilo que você apreendeu mediante vivência espiritual direta, solitária, sem mais testemunha ou interlocutor além da comunidade dos sábios mortos. Quando Sto. Tomás de Aquino recomendava "Tem sempre diante de ti o olhar dos mestres", ele sabia o quanto a integração da alma no diálogo supratemporal pode custar em solidão de espírito, mas também sabia que essa solidão é o único terreno onde germina o desejo de conhecer a Deus (a não ser, é claro, que o próprio Deus decida falar com você por outros meios).
A sanidade de qualquer grupamento humano - um país, por exemplo - depende de que nele exista um número suficiente de pessoas dedicadas a este segundo aprendizado. É só por meio delas que a conversação contemporânea adquire um lugar e um sentido no quadro do universalmente humano, em vez de esfarelar-se numa infinidade de picuinhas que só parecem importantes na razão inversa da escala de tempo histórico em que são medidas.
Como a alta cultura desapareceu do Brasil, o uso da linguagem nos debates públicos limita-se hoje aos fins do primeiro aprendizado: as pessoas não falam ou escrevem para exprimir em palavras alguma experiência interior autêntica, mas para sentir que acertaram no tom e no estilo da platéia cuja aprovação anseiam para reforçar sua vacilante identidade pessoal com a chancela de um grupo de referência. Daí a necessidade constante, obsessiva, de ostentar bons sentimentos, entendidos como tais os sentimentos aprovados pelo grupo (e que podem, decerto, parecer desprezíveis ou abomináveis a outros grupos).
Como o grupo dominante na mídia e nas universidades, hoje em dia, é esquerdista e politicamente correto, o chamado "debate nacional" é apenas um torneio para decidir quem personifica melhor o amor sem fim às "minorias" oficialmente aprovadas como tais e o total desprezo pelas demais minorias, por exemplo os evangélicos ou os católicos tradicionalistas (os judeus são um caso espinhosamente ambíguo, obrigando as inteligências iluminadas aos contorcionismos verbais mais engenhosos para conciliar o respeito sacrossanto aos judeus mortos com o ódio visceral aos judeus vivos).
Quando, num desvario de independência pessoal, o sujeito se horroriza ante algum excesso do politicamente correto e escreve duas ou três palavras para criticá-lo, toma as mais extremas precauções para mostrar que só o faz no puro interesse dos próprios grupos visados, reintegrando portanto dialeticamente o momento de infidelidade aparente no fundo imutável da fidelidade essencial. Essas demonstrações de "divergência", as mais extremas que o padrão nacional comporta hoje em dia, chegam até a ser aplaudidas como provas de originalidade, excelência intelectual e coragem quase suicida. O indivíduo capaz desses controladíssimos rompantes torna-se, no padrão geral vigente, a personificação mais próxima do que seria, em condições normais, o representante da alta cultura.
É isso o que, no Brasil de hoje, se chama de "formador de opinião": um adolescente em busca de integração social, esforçando-se para imitar a linguagem e os modos de um grupo de referência, no máximo fingindo às vezes um pouco de discordância para poder ser aprovado, não como um membro qualquer entre outros, mas como um "intelectual", talvez até como um "pensador".
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